Inflação de Campo Grande se mantém acima da média nacional e chega a 5,06%

Conforme o economista, o índice representa uma perda de renda real para a população - Foto: Nilson Figueiredo
Conforme o economista, o índice representa uma perda de renda real para a população - Foto: Nilson Figueiredo

Além da Capital de MS, outras seis cidades tiveram a inflação acima do índice

 

O mais recente levantamento do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) revelou que a inflação em Campo Grande registrou 0,43% em dezembro, e no ano de 2024, o índice finalizou em 5,06%. Os dados foram apresentados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e indicaram que a Capital de Mato Grosso do Sul ficou acima da média nacional. O IPCA mede o custo de vida de famílias que recebem entre um e 40 salários mínimos.

Em nível nacional, a inflação encerrou o ano com um índice de 4,83%, ultrapassando a meta do governo, que era de 4,5%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Conforme a pesquisa, diversos fatores como a valorização do dólar, o aumento dos preços de produtos e os efeitos climáticos contribuem para o avanço da inflação. Nesse contexto, o principal motor de alta dos preços em 2024 foi o grupo de alimentos e bebidas, que subiu 7,69%, resultando em um impacto de 1,63 pontos percentuais (p.p.) no IPCA.

De acordo com o IBGE, este aumento é o mais significativo desde 2022, quando atingiu 11,64%. Naquela ocasião, os fatores apontados incluem os impactos de fenômenos climáticos, como o La Niña (que provoca o resfriamento das águas superficiais em regiões centrais e orientais do Pacífico Equatorial, além de alterações na circulação atmosférica tropical, afetando temperatura e precipitações ao redor do mundo) e os efeitos da pandemia nas cadeias produtivas. Em 2023, os preços de alimentos e bebidas registraram uma elevação de 1,03%.

Análise do Índice na Capital

Em Campo Grande, a inflação acumulada de 2024 apresentou uma diferença de 0,23 pontos percentuais em relação à média nacional. O mestre em Economia, Eugênio Pavão, esclarece que o índice de 5,06% representa uma perda de renda real para a população. “Por exemplo, uma pessoa que recebia R$ 1.000,00 em janeiro de 2024 chega ao final de dezembro com uma renda real de apenas R$ 944,00. Isso significa que a inflação ‘consumiu’ R$ 56,00 ao longo do ano, embora o salário nominal permaneça em R$ 1.000,00”, explicou Pavão.

Em sua perspectiva, Eugênio afirma que o cálculo da inflação pelo IPCA é influenciado pelos índices das capitais pesquisadas, considerando o peso correspondente de cada região na composição do índice nacional. “Cada capital tem uma participação específica no cálculo do IPCA, e esse peso reflete a representatividade de sua população e padrão de consumo no cenário nacional”. No caso de Campo Grande, ele observa que a cidade apresentou aumentos mais expressivos nos preços de produtos incluídos no levantamento do índice. “Isso significa que os reajustes registrados na capital sul-mato-grossense superaram a média nacional, contribuindo para uma inflação local mais elevada em 2024”.

Já o economista, Eduardo Matos, ressalta que parte da inflação no Estado também foi proveniente do aumento dos preços dos alimentos, especialmente a carne bovina. “A carne bovina, por exemplo, foi um dos principais itens que puxaram os reajustes, influenciada por fatores climáticos e pela valorização da arroba do boi. A estiagem afetou as pastagens, aumentando os custos com nutrição animal e reduzindo a oferta de animais para abate, o que pressionou os preços”.

Outro fator que corroborou para este aumento foi a desvalorização cambial, que elevou o custo de insumos importados essenciais para diversos setores, como o agrícola e o industrial, que afetou diretamente o mercado interno. “Produtos hortifrúti, em sua maioria trazidos de outros estados, enfrentaram ainda o impacto da alta nos combustíveis, que elevou os custos logísticos e pressionou os preços finais. Essa combinação de fatores, envolvendo combustíveis, alimentos e custos de produção, contribuiu significativamente para os impactos inflacionários sentidos em Mato Grosso do Sul, afetando diretamente a cesta de consumo local”.

 

Por João Buchara

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