Inflação brasileira menor que outros países ajuda na guerra de preços altos

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Imagem: Reprodução/Valentin Manieri
Brasil teve deflação de 0,68% no mês passado, sendo o menor nível desde 1980

Por Taynara Menezes – Jornal O Estado do MS

A inflação brasileira atingiu o menor patamar dos últimos anos, se tornando mais baixa do que a de Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha. Com isso, o fenômeno conhecido como deflação ajuda a minimizar os impactos dos altos preços.

Conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no Brasil, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) encerrou o mês de julho em deflação de 0,68%, a menor taxa da série histórica, iniciada em 1980. O resultado foi reflexo da queda no preço da gasolina e de alguns alimentos. No acumulado do ano chegou a 4,77% e em 12 meses, a 10,07%.

Em contrapartida, a Alemanha atingiu o nível mais alto em quase 50 anos, registrando 8,5% somente em julho. A Inglaterra teve a maior taxa em 40 anos, atingindo os 10,01% no sétimo mês do ano. Já os Estados Unidos encerraram julho em 8,5%.

Impacto

Em publicação no Telegram, na segunda-feira (29), o presidente Jair Bolsonaro destacou sobre os números. “Pela primeira vez na história, inflação no Brasil será MENOR do que nos Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha. Além disso, nesse ano, Brasil crescerá mais do que os Estados Unidos, a Inglaterra e a Alemanha”, disse.

O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, utilizou as redes sociais para comemorar o resultado da deflação do IPCA em julho. Sachsida ainda garante que o Brasil pode terminar o ano com um índice abaixo de 7%. “A maior deflação da história brasileira. Iremos terminar o ano com uma inflação abaixo de 7%. Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha terão inflação acima de 8%. Brasil, porto seguro do investimento”, completa.

Reflexo

Conforme explica o economista Eugênio Pavão, a limitação do teto do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) em 17% teve efeito de 1,38 ponto percentual no IPCA de julho, o que acabou contribuindo para essa “queda” provocada pela política fiscal.

“Na história, a inflação brasileira sempre foi uma das maiores do mundo, só a partir do plano real ela atingiu níveis ‘civilizados’”, comenta.

O especialista em Economia Enrique Duarte Romero acredita que a deflação também ocorre pela queda de preços nos combustíveis. “A queda de preços verificadas nas últimas semanas exerceu uma sensação que estamos passando da instabilidade ao equilíbrio. Mas, esse sentimento considero um pouco precipitado, já que essa deflação só foi causada pela queda de preços dos combustíveis nesse intervalo de um mês atrás até hoje”, calcula.

Ainda conforme o IBGE, no grupo habitação, a queda foi de 1,05%, o transporte obteve retração expressiva de 4,51%. Na questão dos alimentos, os maiores recuos de preços vieram do tomate (-23,68%), da batata-inglesa (-16,62%) e da cenoura (-15,34%). A alimentação fora do domicílio desacelerou 0,82% em relação a junho (1,26%).

Na Capital, a queda no quilo do tomate chegou a 28%; -25,36% no repolho e -23,24% na batata-inglesa. Além da queda na gasolina (-15,08%), o etanol também teve retração de 10,28%. No grupo de transportes, a queda foi de 5,84%.

Taxa Selic maior para tentar frear inflação

A Taxa Selic é o principal mecanismo do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial. Atualmente o índice que mede os juros da economia brasileira está em 13,75% ao ano, definido no dia 3 de agosto de 2022 pelo Copom (Comitê de Política Econômica). Quanto maior a Taxa Selic, o efeito esperado é que a inflação tenha queda.

Embora a deflação soe positiva, Enrique alerta que o fenômeno pode ser prejudicial para a economia e destaca que o fundamental é manter estabilidade. “Deflação assim como inflação não é boa para nenhuma economia, porque com a queda de preços a margem de lucro dos empresários tem queda e diminuirão investimentos, aumentando o desemprego. O fator-chave na economia chama-se estabilidade, deflação não é sinônimo disso”, dispara.

O economista Eugênio Pavão esclarece que este efeito, inflacionário, também é provocado pelas altas taxas de juros, com queda na atividade econômica e deflação. “Brasil tem taxa de juros de 13,75% contra taxas de juros dos EUA de 2,5% e da Inglaterra em 2,0%. Isso prejudica o Brasil, pois só aumenta ainda mais a alta de juros (Selic), reduzindo o crescimento econômico”, pontua.

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