Gasolina fica 10% mais barata e carne cai 6% na pandemia

Nem todos os preços têm subido em meio à epidemia da covid-19 no Brasil. Diferentemente da cesta básica, alguns produtos têm passado por uma queda nos preços desde meados de março, quando a maioria dos estados começou a adotar regime de quarentena.

Impulsionado pela epidemia, os motivos são os mais variados: o fechamento de restaurantes impacta no valor das carnes nobres; o mercado internacional, no preço da gasolina; a queda na demanda, nos laticínios; e a preocupação com o desemprego, nos bens duráveis.

O preço da gasolina na refinaria já caiu mais de 50% desde o início do ano. Impactada pelo mercado internacional —que, por sua vez, foi impactado pela pandemia— a Petrobras já fez dez cortes no valor só em 2020.

Na bomba, no entanto, a queda foi bem menor. Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo), neste mesmo período, o preço médio de revenda no Brasil caiu pouco mais de 10%.

O segmento de frutas, legumes e verduras foram “os grandes campeões de deflação” em março, com as cinco maiores quedas de preço em relação ao mês anterior, de acordo com a Apas (Associação Paulista dos Supermercados).

Esta estabilização aconteceu também com outros produtos. “[No começo da epidemia,] o consumidor antecipou as compras e abasteceu o estoque. Frutas, proteína animal e outros produtos tiveram pico [no meio de março] e, desde então, vêm reduzindo. O leite, por exemplo, deu um pico de 30%, já recuou 15% e a tendência é reduzir ainda mais. O mercado é muito elástico, funciona pela oferta e demanda”, explica Ronaldo dos Santos, presidente da Apas.

Peças de carne bovina, suína e frango também tiveram queda desde o início da epidemia. Uma das causas foi o fechamento de churrascarias e restaurantes. Outro ponto é a redução de consumo por queda no poder aquisitivo ou por receio de isso acontecer.

O leite e seus derivados também apresentaram queda no mês de abril ao sair da indústria. Segundo o zootecnista Rafael Ribeiro, analista da Scot Consultoria, a redução é reflexo de queda na demanda, gerada pela quarentena, em um momento de entressafra, quando o preço deveria subir.

Sem poder sair de casa e preocupado com a situação econômica do país, o brasileiro coloca bens duráveis, como máquina de lavar, geladeira, fogão e carro novo, em segundo plano, o que fez os preços caírem um pouco: 0,77% em março em relação ao mesmo mês do ano passado.

(Texto: João Fernandes com Uol)

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