De acordo com o Banco Central, a taxa média de juros do crédito rotativo fechou junho em 437,3% ao ano
A possibilidade do fim da rotatividade do cartão de crédito ameaça o poder de compra do consumidor. Conforme informou o presidente do BC (Banco Central), Roberto Campo Neto, essa é uma forma de desincentivar o parcelamento sem juros tão longos.
Segundo o economista Lukas Mikael, a decisão deve trazer obstáculos. “O consumidor terá dificuldade em ter acesso ao crédito e fazer compras e o impacto vai ser imediato”. Por meio das compras parceladas, milhões de brasileiros ativos economicamente ganham poder de compra, já que a aquisição de bens de médio e alto valor é facilitada, como, por exemplo, a aquisição de celulares, eletrodomésticos, roupas, entre outros”, destacou.
Conforme o índice de famílias endividadas, Campo Grande tem 190.211 famílias nesta situação. O cartão de crédito é responsável pelas dívidas de 66,7%.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também pontuou em entrevista que “o parcelado sem juros responde, hoje, por mais de 70% das compras feitas no comércio” e, por isso, é necessário ter cautela, a fim de “não gerar outro problema para resolver o primeiro”, avaliou
A advogada Vivian Gonçalves explica que utiliza com frequência o cartão de crédito e prioriza parcelamentos em contas com valores maiores, mas que tem o cuidado de não gastar mais do que ganha. “Eu faço parcelamento de coisas com valores mais exorbitantes, como celular e notebook. [Com o cartão de crédito] aumenta o meu poder de compra e facilita a aquisição de novos itens, tendo em vista que algumas coisas seriam impossíveis de serem adquiridas à vista ou seria muito mais árduo adquirir coisas essenciais. Se não houvesse a possibilidade de parcelamento, eu provavelmente deixaria de comprar muita coisa por isso”, observa.
Segundo a advogada, até o momento, a maior compra feita com o cartão de crédito foi no valor de R$ 4 mil reais.
Crédito rotativo
O crédito chamado rotativo é aquele em que não é pago o valor integral da fatura do cartão dentro do mês de referência. A diferença entre o valor total e o que foi pago, de fato, se transforma em um empréstimo. A partir disso, começam a ser cobrados juros sobre o valor que se manteve em débito. De acordo com dados do Banco Central, a taxa média de juros do crédito rotativo fechou junho em 437,3% ao ano.
Haddad reiterou que não há uma proposta oficial dos bancos em relação ao rotativo e reforçou que a solução virá do grupo de trabalho. “Nosso foco é o rotativo, não pode continuar como está. Estamos levando ao Congresso Nacional, sobretudo à Câmara, um compromisso feito pelo setor privado, pelos bancos públicos e privados, de que isso tem que ter um prazo para terminar”, declarou.
Segundo o ministro, a previsão é que um grupo de trabalho formado por representantes do Ministério da Fazenda, do Banco Central, da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), do IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo), da Câmara dos Deputados e do Senado, encontre uma solução em até 90 dias.
Por – Julisandy Ferreira
Confira mais notícias na edição impressa do Jornal O Estado do MS.