Sua fatura está fechada! Esta mensagem tem tirado o sono de muitos usuários do cartão de crédito. Meio de pagamento que é usado por 72,4% da população em Campo Grande, e é apontado como o principal causador do endividamento, pela PEIC (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor). O uso do cartão de crédito ‘arrasta’ o consumidor para as dívidas por diversos motivos: taxas de juros, utilização impulsiva, falta de planejamento financeiro, desemprego, gastos não previstos, dentre outros cenários que levam ao descontrole no orçamento.
Ainda segundo a pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, em setembro o endividamento das famílias teve um crescimento de 1,4% em relação ao mês de agosto. O índice de famílias com contas parceladas, como cheques pré-datados, cartões de crédito, carnês de lojas, empréstimo pessoal, prestações de carro e seguros, ficou em 66,9%, sendo que, entre elas, 30,2% indicavam contas em atraso e 10,9% que não tinham condições de pagar, frente a índices de 66,5%, 30,7% e 11,1%, respectivamente, em agosto.
A economista do IPF/MS (Instituto de Pesquisa Fecomércio MS), Regiane Dedé de Oliveira, explica que o endividamento fica mais evidente entre as famílias que recebem menos. “Os índices mostram que, embora a economia tenha apresentado sinais de melhora, com a redução da inflação e do desemprego, o orçamento das famílias segue apertado. Especialmente as de menor renda, uma vez que entre as que recebem até 10 salários mínimos, 17% indicam estar muito endividadas, contra 7,1% das que estão acima dessa faixa de rendimento”, detalha a especialista.
O cartão de crédito lidera como principal meio de endividamento, apontado por 72,4%, seguido dos carnês (17,7%), o financiamento de casa (9,9%) e o crédito pessoal (8,1%). O cartão de crédito é utilizado por 30% dos endividados em compras de alimentação, roupas e calçados. Esses números indicam que, apesar dos altos juros, o cartão de crédito ainda desempenha um papel importante no consumo cotidiano.
Dicas para evitar o endividamento:
1. Estabelecer um limite de gastos realista;
2. Compreender as taxas de juros;
3. Realizar o pagamento integral da fatura;
4. Acompanhar as transações regularmente;
5. Evitar compras por impulso;
6. Evitar e controlar os parcelamentos;
7. Negociar taxas e tarifas.
“A dependência crescente do cartão de crédito, especialmente para despesas cotidianas, como alimentação e vestuário, coloca as famílias em uma posição vulnerável devido aos altos juros. Isso pode aumentar o risco de inadimplência, mesmo com a diminuição do endividamento total”, alerta o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.
“O crédito tem um papel fundamental para impulsionar o varejo, mas o aumento da taxa Selic tem encarecido o acesso, tanto para os consumidores quanto para as empresas. É essencial que o mercado encontre um equilíbrio, pois a restrição de crédito pode impactar negativamente a economia nacional”, pondera Tadros.
Contas pagas no crédito
A pesquisa também mostrou outros detalhes relevantes sobre o comportamento de uso com o cartão de crédito. Sobre serviços de educação, 70% dos consumidores afirmaram que nunca pagam esse tipo de despesa com o cartão de crédito, enquanto apenas 9% disseram usá-lo frequentemente para essa categoria. Entre os endividados, 67% relataram que não utilizam o cartão de crédito para pagar serviços como energia elétrica, telefone, TV e streaming, água e esgoto, enquanto 11% o utilizam frequentemente com esse fim.
Em relação a saúde e higiene pessoal, 52% dos entrevistados disseram que nunca usam o cartão de crédito para pagar planos de saúde, exames e medicamentos, mas 17% indicaram que usam o cartão frequentemente para essas despesas. O cartão de crédito nunca é utilizado por 39% dos entrevistados para compra de móveis e eletrodomésticos, enquanto 26% relataram usar o cartão para essas aquisições.
Já para a compra de roupas e calçados, 30% dos consumidores afirmaram que utilizam essa modalidade frequentemente, enquanto 34% disseram nunca usar o cartão para essa categoria. Além disso, 30% dos entrevistados relataram o uso frequente do crédito para compras de supermercados e refeições fora de casa, contra 36% que nunca usam o cartão com essa finalidade.
Por Suzi Jarde