Estiagem afeta mais de 40% da produção de soja nas regiões sul e sudeste do Estado

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Foto: Divulgação/Aprosoja/arquivo

Para especialista, mesmo com queda a safra não está totalmente comprometida

O período de estiagem continua apresentando sinais de impacto na produção agrícola, afetando especialmente as lavouras de soja e a produção leite em Mato Grosso do Sul. As condições climáticas desfavoráveis, com a falta de chuvas, resultaram em quedas de produtividade e em dificuldades financeiras para os produtores rurais. Somente em relação a produção de soja, dados recentes da Aprosoja apontam que 47% das lavouras sofreram perdas devido as altas temperaturas.

No total, mais de 40% da área semeada na safra 24/25, que corresponde a cerca de 2,091 milhões de hectares, foi impactada pelo estresse hídrico, considerando os 4,5 milhões de hectares projetados. Em entrevista ao jornal O Estado, o engenheiro agrônomo da Aprosoja, Flavio Faedo Aguena explicou que as culturas mais prejudicadas pela seca foram aquelas semeadas entre setembro e meados de outubro. “Pelo fato de alguns agricultores plantarem mais cedo nessa safra, o período reprodutivo dessas lavouras coincidiu justamente com a estiagem que teve ali. E isso acabou sendo determinante para está baixa produtividade”.

O engenheiro agrônomo afirmou que as regiões sul e sudeste foram as mais prejudicadas com a estiagem, devido a uma antecipação do plantio. “Algumas regiões foram bastante prejudicadas porque o plantio foi feito muito cedo. Isso acabou coincidindo com o período reprodutivo das lavouras, que se sobrepôs à estiagem. Acreditamos que a queda será mais significativa nas regiões sul e sudeste, especialmente em municípios como Iguatemi, Douradina e Amambai”. Em relação as regiões produtivas, ele destaca as regiões norte e nordeste. “Algumas regiões do estado vão ter uma produção excelente. Por exemplo, Maracajú, que possui a maior área cultivada, terá uma safra muito boa. Outras áreas também terão bons resultados, como as regiões Norte e Nordeste, que devem registrar uma boa produção”

Sobre as perdas, Flávio destaca que, apesar de algumas delas serem bastante significativas para certos agricultores, não se pode afirmar que houve uma perda total em todas as áreas de cultivo. “Cerca de 47% das lavouras foram afetadas pelo clima, mas isso não significa que elas não produzirão nada. Embora a produção seja inferior à estimada para esta safra, não se trata de uma perda total. Algumas áreas, de fato, tiveram perdas totais, mas esse número é bem menor se comparado ao total afetado”. O engenheiro agrônomo ressalta que no momento é necessário aguardar um novo levantamento de produtividade para ter uma análise mais precisa desses impactos aos produtores.

Produção de Leite

Outro setor que apresentou sinais negativos foi o cenário de produção de leite. O assessor técnico da COPEC (Coordenação de Pecuária da Semadesc) e secretário-executivo da câmara setorial do leite em MS, Orlando Serrou Camy Filho afirmou que houve reduções significativas em algumas regiões devido ao período de seca. “Há regiões que sofreram um período de seca mais prolongado, além de uma incidência de chuvas menor no período das águas. Essa seca foi determinante para a redução da produção das pastagens, que acaba influenciando diretamente na produção de leite na maioria dos estabelecimentos produtores de leite do estado”.

Na perspectiva de Orlando, mesmo os produtores que estavam preparado para este período de dificuldade na produção que assola todos os anos, acabaram tendo perdas consideráveis devido ao período que a seca se estendeu. “Mesmo aqueles produtores que fazem a conservação de forragem para suprir a falta de pasto durante os meses de seca tiveram dificuldades, pois esgotaram a reserva, tendo que comprar feno ou ração. Do lado da ambiência, dias mais quentes afetam a produção de leite, pois as vacas consomem menos forragem, fator determinante para o desempenho produtivo”. Ele ainda aponta que no ano passado, a produção de leite no MS teve uma redução de 2% em relação a 2023, sendo maior para as indústrias com SIE (inspeção estadual).

Safra de soja

Devido aos meses de dezembro a janeiro sofrerem uma redução nas chuvas, a soja continou em queda. Janeiro é um mês fundamental para o desenvolvimento da soja, devido à fase de enchimento dos grãos. De acordo com o Projeto Siga-MS, até o dia 31 de janeiro, 57% das lavouras estavam na fase de enchimento. Até o momento, a colheita da safra de soja já atingiu 38% da área monitorada, totalizando 1,7 milhão de hectares.

Na região sul do estado, 45,4% da área total já foi colhida, seguida pela região central com 33,9% e pela região norte, que colheu 19,5% de sua área total. No norte, nordeste e oeste, as condições das colheitas apresentam sinais positivos, com variações entre 72,3% e 90%. Já as regulares nessas áreas se mantém entre 8,5% e 13,7%, e as condições ruins chegam a 14%. Segundo a pesquisa, todas as regiões do estado estão em desenvolvimento fenológico reprodutivo.

Por João Buchara

 

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