“Mato Grosso do Sul pode se beneficiar com o mercado norte-americano, fortalecendo sua posição como fornecedor”, avalia Famasul
A produção de ovos nos Estados Unidos reduziu drasticamente nos últimos anos, devido a um surto de gripe aviária. Com isso, Mato Grosso do Sul se consolida como um dos estados brasileiros que mais exportam a proteína, tendo como destino o consumo americano. O Estado consultou a técnica da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Fernanda Lopes, para entender como essa crise pode ressaltar o protagonismo da produção da proteína no Estado.
“MS pode se beneficiar com o mercado norte-americano, fortalecendo sua posição como fornecedor estratégico dessa proteína. Com os EUA absorvendo 89,12% das exportações estaduais do produto, a crescente demanda pode contribuir ainda mais para o setor produtivo, estimulando investimentos, ampliando a produção e fortalecendo a cadeia produtiva”, destacou a especialista sobre a evolução do setor.
Em 2024, o Brasil exportou 3.156.253 quilos de ovos, gerando uma receita de 9,5 milhões de dólares. “Mato Grosso do Sul teve papel fundamental nesse desempenho, sendo responsável por 74,52% do volume exportado. Além disso, é o único estado brasileiro que abastece os Estados Unidos nesse segmento de ovos de aves sem casca e secos, consolidando sua relevância no comércio internacional”, frisou Fernanda.
Desde 2022, os EUA lutam contra o surto de gripe aviária, o vírus também já foi detectado em vacas, gatos domésticos e até em alguns trabalhadores das granjas avícolas afetadas. A grande maioria dos casos em seres humanos foi leve e as autoridades afirmam que o risco de contágio humano é baixo. Mas as consequências atingiram o bolso das pessoas. Desde que o surto foi detectado, já morreram mais de 130 milhões de aves, segundo dados da Federação do Escritório da Agricultura dos EUA, uma associação nacional de produtores agrícolas.
Esta perda reflete no atual aumento nos preços da dúzia dos ovos, que chegam a custar US$ 9,99 (cerca de R$ 57 no real). Ainda segundo a técnica da Famasul, esse cenário no país americano, favorece a expansão da capacidade de processamento e a adoção de estratégias para garantir um fornecimento contínuo e de alta qualidade, reforçando a competitividade do estado no mercado global.
Produção e exportação
Segundo IBGE, de janeiro a setembro de 2024, Mato Grosso do Sul registrou uma produção de 71.955 mil dúzias de ovos, um crescimento expressivo de 23,18% em relação ao mesmo período de 2023, superando a média nacional de 7,99%. Esse avanço pode estar relacionado a investimentos no setor, ao aumento da produtividade e à maior demanda pelo produto.
No mercado externo, o Estado também se destacou, exportando 2.352.000 quilos de ovos de aves sem casca e secos, conforme dados do AGROSTAT/MAPA de 2024. O lucro alcançou 3,9 milhões de dólares, impulsionado pela demanda de mercados estratégicos como Estados Unidos, Chile e Filipinas, consolidando Mato Grosso do Sul como um importante player no segmento.
A exportação, aumento o preço aqui?
Não só nos EUA, como também aqui, em Campo Grande, o consumidor tem notado uma alta nos preços dos ovos. Mas segundo a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), o volume de exportação não tem relação com esse reajuste nas prateleiras dos supermercados. “Alta registrada no preço dos ovos é uma situação sazonal, comum ao período pré e durante a quaresma. Após longo período com preços em baixa, a comercialização de ovos aqueceu pela demanda natural da época, quando há substituição de consumo de carnes vermelhas por proteínas brancas e por ovos”, defende em nota.
A previsão é que o preço do ovo se mantenha em alta, até depois da Páscoa. “Mesmo com estes fatores, os produtores esperam que o mercado deverá se normalizar até o final do período da quaresma, com o restabelecimento dos patamares de consumo das diversas proteínas. Vale lembrar que embora em alta, as exportações de ovos têm efeito praticamente nulo sobre a oferta interna, já que representam menos de 1% das 59 bilhões de unidades que deverão ser produzidas este ano”, explica a entidade.
Por Suzi Jarde
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