Dos 80% sul-mato-grossenses que buscaram por crédito no último ano, 57% realizou o empréstimo com o intuito de pagar dívidas. É o que apontou o relatório de “Finanças Regionais: As Diferenças na Relação com o Dinheiro Entre os Estados do Brasil”, realizado pela Serasa em parceria com a Opinion Box.
O levantamento destaca ainda que os principais motivos que levam os consumidores a contrair o empréstimo é o pagamento de dívidas (38%), para limpar o nome (22%) e pagar despesas inesperadas (18%).
Na análise do economista Enrique Duarte Romero, programas de renegociação de dívidas incentivaram os consumidores a buscar meios para quitar as pendências.
“O fator principal que explica isso é o programa Desenrola Brasil, que apresentou possibilidades vantajosas para o devedor. No Brasil, a prática de juros altíssimos impede um pagamento normal das dívidas. Existem fatores que nos impedem de pagar a conta em dia ou de não se conseguir pagar o cartão de crédito na totalidade. Nestes casos, os juros são punitivos e em diversos casos inviabilizam o pagamento para estar em dia com os credores, esse é o caso de diversos consumidores na sociedade sul- -mato-grossense e brasileira”, destaca o especialista.
Fica claro que o comportamento financeiro da população de Mato Grosso do Sul é o de tentar colocar em dia suas finanças, fazendo o controle para não endividar (45%), seguido por melhorar a gestão do dinheiro (38%) e ter uma reserva de segurança (38%).
Os métodos mais procurados e contratados no Estado são empréstimo pessoal (51%) e cartão de crédito (46%). O estudo também indica que o parcelamento está em alta no Brasil, sendo que 7 a cada 10 pessoas parcelam compras no país. Os fatores mais levados em consideração antes de parcelar uma compra são a disponibilidade do dinheiro em conta (27%) e a cobrança de juros (25%).
Pix, crédito e débito
Sobre o comportamento financeiro do sul-mato-grossense, a pesquisa do Serasa revelou que essas três formas de pagamento são as “queridinhas” em MS. 78% prefere efetuar o pagamento pelo Pix (transferência instantânea), 44% ainda prefere o cartão de crédito, enquanto 43% paga no débito. Há quem ainda prefira pagar suas contas utilizando boleto (34%).
Vale a pena fazer empréstimo para pagar dívida?
Na ânsia de se livrar da dívida, algumas pessoas acabam colocando no papel se, de fato, as condições do empréstimo valem a pena. O professor de Economia da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Odirlei Dal Moro, alerta para os juros do financiamento. “Fazer um empréstimo para pagar uma dívida vale a pena quando os juros do novo empréstimo forem menores que os juros da dívida antiga. Além disso, depois de realizado o empréstimo, é necessário um ajuste nas contas, para poder pagar o empréstimo realizado e não precisar fazer outro”, continua. “É sempre recomendável negociar condições melhores, tanto de parcelamento quanto dos juros. Pagamentos à vista são os mais indicados, pelo fato de oferecerem descontos”, lembra o economista. Dal Moro explica ainda que a causa do endividamento no país é justificado pelo valor do salário-mínimo, que é baixo. “Embora saibamos que o nível de renda média no Brasil é baixo e, por vezes, essa é a explicação pelo endividamento das famílias, é importante lembrar que educação financeira é fundamental para não entrar em novos endividamentos”, finaliza.
Por – Suzi Jarde – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul
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