“É preciso transformar a ciência em nota fiscal”, diz professor

A costa oeste norte-americana, onde fica o Vale do Silício, tem a Universidade de Stanford e a Universidade da Califórnia. A costa leste, onde está a cidade de Nova York, tem o MIT e Harvard, entre outras universidades de prestígio. Na Inglaterra, há Cambridge e Oxford. Na China, destacam-se a Tsinghua University e a The Hong Kong University of Science and Technology.

Em ambientes inovadores, a relação é clara: academia e iniciativa privada precisam caminhar juntas — de preferência, na mesma direção. Essa é a principal luta de Moacir de Miranda Oliveira Junior, professor, doutor e chefe da Faculdade de Economia, Contabilidade e Administração da Universidade de São Paulo. “Precisamos transformar a ciência brasileira em nota fiscal”, diz.

Para Oliveira, o Brasil passa por um momento desafiador. “É necessário fazer a ponte entre o mundo dos negócios e a pesquisa científica e acadêmica”, afirma. Na sua visão, a resposta passa por superar preconceitos. Do lado da academia, é necessário ajudar pesquisadores a pensar em como transformar suas descobertas e pesquisas em negócios. “É preciso bater na porta do laboratório e falar para os dez doutorandos que estão lá dentro olharem para o mundo”, diz.

Do lado das empresas, o professor entende que já há uma mudança de comportamento em curso. “Havia muito preconceito também, mas as companhias estão enxergando as oportunidades.” A saída, entende o acadêmico, é unir a experiência das empresas e das universidades.

Moacir tem trabalhado para a FEA-USP se abrir mais ao mercado. Nos últimos anos, fechou parcerias com empresas como IBM, Itaú, Braskem, Shell e Petrobras.

Na sua visão, essa é a saída para o crescimento econômico. “Quando você investe em produtos de maior valor agregado, cria-se demanda de mão de obra qualificada, o que gera salários elevados e um consequente crescimento da classe média. Foi isso que aconteceu nos Estados Unidos e na China”, afirma.

Fortalecer a relação entre empresas e universidades também é uma forma de preparar mais pessoas para o futuro do trabalho. Startups têm encontrado dificuldade para contratar desenvolvedores. O desemprego está alto no Brasil, mas vagas na área de tecnologia sobram no mercado. “Não se acha gente preparada.”
Evento

Para unir o mundo empresarial e acadêmico, a FEA-USP, em parceria com o Instituto Startups, irá realizar a SciBiz Conference. A terceira edição do evento acontece entre os dias 30 de março e 4 de abril, em São Paulo.

Neste ano, a conferência contará com painéis com professores do Brasil e do exterior, hackathons, feira de startups e feira de tecnologia. Durante o evento, empreendedores e pesquisadores terão a oportunidade de apresentar suas soluções para grandes empresas e possíveis investidores.

(Texto: Época Negócios)

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