O dólar operava em alta na manhã desta quarta-feira (19) e chegou a atingir R$ 5,472 na máxima do dia, enquanto o mercado aguarda a divulgação da decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), do BC (Banco Central), que deve anunciar no início da noite a nova Selic (taxa básica de juros). A Bolsa operava em queda.
A previsão do mercado é que os diretores mantenham a taxa no atual nível de 10,50% ao ano, encerrando o ciclo de cortes de juros iniciado em agosto. Além disso, analistas também esperam que a decisão seja unânime, evitando a forte divisão observada na última reunião.
Na ocasião, os quatro diretores indicados pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) votaram a favor de um corte de 0,50 ponto percentual na Selic. Prevaleceu, no entanto, a decisão das outras cinco autoridades, que votaram por uma redução menor, de 0,25 ponto.
O racha causou temores de uma possível interferência política no BC, em especial a partir do ano que vem, quando a maioria do Copom será composta por indicados do governo.
Na terça (18), o presidente Lula fez críticas a Roberto Campos Neto, chefe do BC, aumentando ainda mais a tensão e elevando a expectativa sobre o placar desta quarta.
Em entrevista à rádio CBN, Lula afirmou que Campos Neto tem lado político e trabalha para prejudicar o país. O chefe do Executivo também criticou a taxa de juros.
“O presidente do Banco Central, que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país do que para ajudar o país”, afirmou.
“Antes da decisão, o mercado monitora as declarações de Lula, que estará com Fernando Haddad na posse da CEO da Petrobras, Magda Chambriard, e possíveis propostas de cortes de gastos, que enfrentam resistência”, diz a equipe da Guide Investimentos.
Às 13h28, o dólar subia 0,69%, cotado a R$ 5,470, enquanto o Ibovespa caía 0,17%, aos 119.420 pontos.
A manutenção da Selic no patamar atual encerraria uma sequência de sete cortes consecutivos nos juros.
Uma Selic mais alta torna o real mais atraente para uso em estratégias de “carry trade”, em que investidores tomam empréstimos em países com taxas baixas e aplicam os recursos em mercados mais rentáveis, de forma a lucrar com o diferencial de juros.
Mas a divisa norte-americana tem acumulado ganhos contínuos nas sessões recentes por conta das dúvidas dos investidores em relação ao compromisso do governo com as contas públicas.
“A gente vê um viés cada vez mais forte de corte de juros lá fora. Porém, a gente não vem fazendo nosso trabalho de casa. O governo vem gastando mais do que pode”, disse Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.
“A gente sabe que o dólar acaba influenciando em uma cadeia bem grande e impulsionando a inflação”, acrescentou.
Na terça, o dólar subiu 0,20% e atingiu R$ 5,432, virando no fim da sessão após ter passado a maior parte do dia em queda, enquanto o mercado, sob cautela, se preparava para a decisão do Copom.
Com o fechamento de terça, a moeda americana renovou seu maior valor desde janeiro de 2023. Na Bolsa, o Ibovespa subiu 0,41%, aos 119.630 pontos.
Com informações da Folhapress