O dólar fechou em queda de 0,39%, cotado a R$ 5,453, nesta quarta-feira (3) com os investidores atentos ao segundo dia de julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo envolvimento na trama golpista e a dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos.
Assim como na véspera, o desempenho do dólar acompanhou o exterior. O índice DXY, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente as mais importantes divisas do mundo, retraiu 0,22%, a 98.176 nesta quarta.
A Bolsa caiu 0,33%, a 139.863 pontos, reforçando o câmbio. A baixa foi impulsionada pela queda de 1,06% das ações ordinárias da Petrobras, após notícia de que a Opep considera aumentar produção de petróleo.
A queda, entretanto, foi rebatida pela valorização dos papéis da Cosan e Raízen, que subiram até 8% no fim do pregão.
Nesta quarta, o mercado permaneceu atento ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF (Supremo Tribunal Federal).
A sessão nesta quarta foi aberta com a defesa do general da reserva Augusto Heleno, ex-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), e teve em seguida a manifestação do advogado do ex-presidente Bolsonaro.
As defesas do ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e do ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Braga Netto, também se posicionaram.
A defesa do ex-presidente alegou que não há prova do envolvimento dele no 8/1, atacou delação do ex-ajudante de ordens da Presidência da República Mauro Cid e refutou plano de assassinato.
Uma possível condenação promete intensificar as tensões comerciais entre Brasil e EUA. Quando Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros em julho, ele vinculou a decisão, entre outros pontos, a uma suposta “caça às bruxas” que o ex-presidente brasileiro seria vítima.
Ministros do STF dizem esperar uma escalada de ataques de Donald Trump contra eles por causa do julgamento. Vistos de sete magistrados para os EUA já foram suspensos.
Bancos brasileiros receberam na terça (2) uma carta do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos com questionamentos sobre a aplicação da Lei Magnitsky sobre o ministro Alexandre de Moraes.
As instituições notificadas, segundo pessoas a par do tema, foram: Itaú Unibanco, Santander, Bradesco, Banco do Brasil e BTG Pactual.
“O receio é de que uma eventual condenação sirva de justificativa para novas retaliações de Trump contra o Brasil, incluindo possíveis sanções adicionais ao Banco do Brasil e restrições comerciais, em meio ao já vigente tarifaço de 50%”, disse João Duarte, especialista em câmbio da One Investimentos.
Na cena internacional, os investidores acompanharam dados do mercado de trabalho dos EUA de julho.
As vagas de emprego em aberto caíram mais do que o esperado durante o mês, registrando 7,2 milhões em julho, ante 7,4 milhões em junho. Economistas consultados pela Reuters previam 7,4 milhões de postos não preenchidos.
O número de contratações se manteve em 5,3 milhões em julho, mesmo patamar do mês anterior.
Para Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos, os dados reforçaram as previsões de cortes de juros pelo Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) na economia americana.
“A gente passa a ver um cenário mais saudável para a redução e consegue enxergar o corte nas próximas reuniões”, afirma.
Segundo Rodrigo Moliterno, head de renda varável da Veedha Investimentos, por outro lado, o mercado ainda permanece atento a divulgação de novos dados econômicos dos EUA.
O payroll de agosto, relatório que mede a criação de vagas e a taxa de desemprego e que é utilizado pelo Fed em sua política monetária, será divulgado na próxima sexta (5).
No mês passado, o chair do Fed, Jerome Powell, sinalizou um possível corte na taxa de juros na reunião do banco central dos EUA em 16 e 17 de setembro, reconhecendo os riscos ao mercado de trabalho, mas defendendo o cuidado também com a inflação. Analistas também monitoraram as incertezas da política comercial de Trump e a ofensiva do republicano ao Fed.
Na última sexta-feira (29), um tribunal dos Estados Unidos decidiu que as tarifas recíprocas de Trump são ilegais. O tribunal também determinou que as tarifas podem permanecer em vigor até 14 de outubro para permitir recursos à Suprema Corte americana.
Trump, disse, na noite da última terça, que seu governo solicitará à Suprema Corte uma decisão rápida sobre as tarifas. “É uma decisão muito importante e, francamente, se eles tomarem a decisão errada, será uma devastação para o nosso país”, afirmou.
Enquanto isso, o presidente americano mantém sua pressão a autonomia do Federal Reserve, em busca de um maior controle sobre o banco central. Trump anunciou a demissão da diretora do Fed Lisa Cook na última semana. Após dizer que o republicano não tinha autoridade para demiti-la, a diretora entrou com uma ação judicial contra Trump.
Quase 600 economistas assinaram uma carta aberta em defesa de Cook na terça, afirmando que a remoção de membros do conselho do Fed exige critérios rigorosos. O documento teve assinaturas de ganhadores do Nobel, como Claudia Goldin, Paul Romer e Christina Romer.
Acredita-se que a ação judicial movida por Cook seja o primeiro passo de uma longa batalha que deve ser resolvida pela Suprema Corte americana.
Por Folhapress
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