O dólar perdeu terreno nesta quarta-feira (27), com investidores avaliando que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) sinalizou limites para a continuidade do seu programa de aumento progressivo dos juros, embora tenha aplicado uma nova alta de 0,75 ponto percentual em sua taxa.
A moeda americana fechou a sessão em queda de 1,92%, cotada a R$ 5,2480. O real foi a moeda com maior valorização entre as principais divisas globais, além de liderar ganhos frente ao dólar também na comparação com outras moedas de economias emergentes.
Os juros altos do Brasil explicam esse resultado, principalmente após o esfriamento da expectativa de disparada da taxa americana.
Refúgio de investidores em momentos de turbulência do mercado, o dólar costuma cair quando investidores trocam a segurança da renda fixa dos Estados Unidos por aplicações mais arriscadas, como os mercados de ações. Isso ocorreu nesta quarta.
No Brasil, o índice de referência da Bolsa de Valores subiu 1,67%, a 101.437 pontos. O mercado brasileiro acompanhou o americano.
Na Bolsa de Nova York, o indicador parâmetro S&P 500 avançou 2,62%. Na Nasdaq, que reúne ações do setor de tecnologia e de maior potencial de crescimento, houve salto de 4,06%. O Dow Jones, que acompanha empresas de grande valor, ganhou 1,37%.
“A impressão que eu tenho é que a barra ficou muito alta para um novo aumento de de 0,75 ponto percentual”, disse André Kitahara, gestor de portfólio macro da AZ Quest. “Precisaria de um dado [de inflação] muito forte para isso”, afirmou.
O Federal Reserve aumentou nesta quarta a meta máxima da sua taxa de juros para 2,5% ao ano.
Depois de uma alta também de 0,75 ponto percentual no mês passado e movimentos menores em maio e março, o Fed já elevou sua taxa básica em um total de 2,25 ponto neste ano.
E em coletiva de imprensa o chefe da instituição, Jerome Powell, afirmou que em algum momento a magnitude do aperto nos juros diminuirá, esvaziando apostas de altas mais agressivas.
O foco do aperto ao crédito é combater a inflação nos Estados Unidos, que está na casa dos 9,1%, a maior em quatro décadas. Sinais de que a economia pode desacelerar ao ponto de conduzir o país a uma recessão, porém, levantam discussões sobre a calibragem da política monetária americana.
Mas embora tenha havido pouco progresso ainda na luta contra a inflação, sinais de estresse econômico estão se acumulando e aumentando a pressão sobre os membros do Fed, conforme eles avaliam o quanto a política monetária precisa ser apertada para diminuir os aumentos de preços em meio ao risco de que ir longe demais poderia desencadear uma recessão.
Com informações da Folhapress