Designers criam marca para pessoas sentirem o pertencimento

acervo pessoal
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“Mato Grosso do Sul é o nosso ponto de partida”. Assim, a designer Mary Saldanha descreve o trabalho autoral criado pelo Estúdio de Design Polca, em parceria com a também designer Paula Bueno. No estúdio, são produzidos artigos para casa e também kimonos. Além da Polca, elas criaram a Artigo 5°, uma marca de camisetas com estampas de artigos da Constituição Federal.

A última coleção da Polca foi a “Ave Pantanal”, que surgiu de uma viagem que as designers fizeram, ainda em 2019, para a Serra do Amolar, na região dos guatós. Da beleza do local, novos itens de casa ganharam forma. O objetivo? Colocar um pouco da beleza pantaneira no cotidiano das pessoas, inclusive para despertar a consciência de cada um.

A região, porém, foi uma das atingidas pelos incêndios que devastaram o Pantanal em 2020. Além de falar de beleza, o trabalho também é sobre consciência. Duas instituições – IHP (Instituto Homem Pantaneiro) e Comitiva Esperança – são parceiras e recebem parcela do valor da venda do trabalho das designers, para que os projetos de conservação da região continuem em pé.

“Queríamos algo bem contemporâneo para irmos mesmo para outros lugares e conquistar novos espaços. Não trabalhamos só com o regional. Trabalhamos com o olhar para cá. Nossa coleção Herbária, por exemplo, não é daqui, mas está aqui. É o nosso pertencimento, é nosso dia a dia”, explicou Mary Saldanha.

Paula Bueno conta que, apesar de já terem atuado como consultoras para outras empresas, ela e a sócia queria algo próprio. Foi aí que surgiu a Polca com suas coleções de tirar o fôlego. “A aceitação é muito bacana. A reação das pessoas é diferente. Elas se sensibilizam com este olhar para o que é delas também. Nossa primeira coleção foi ‘Ipê concreto’, justamente sobre este susto de se deparar com um ipê florido e as pessoas descendo do carro para fotografar”, explica.

amizade

Amigas de faculdade, Mary lembra como foi a virada do negócio que deu origem à marca sul-mato-grossense e como é o processo de criação das peças. “Nosso estúdio de design tem 12 anos e atendemos muito no início a parte gráfica do núcleo artístico de Campo Grande, desde cenário a figurinos. Em 2016, mudamos o foco. Passamos a pensar em produto. Sempre buscamos trazer a cultura sul-mato-grossense. Trabalhamos com a serigrafia. A partir da estampa criamos o produto”, aponta a designer.

Uma das coleções da Polca foi a “Cantarolar”, baseada nas músicas de Geraldo Espíndola. Da parceria, foi escolhida uma música para cada ambiente da casa. “Queríamos trazer sonoridade e ativar conhecimentos, histórias e trazer para uma nova geração este nosso imaginário”, relembra Paula.

A coleção “Herbária” foi inspirada no Recando das Ervas, onde as designers foram escrevendo e desenhando como as ervas atuam. Por último, elas criaram a “Ave Pantanal”. “Em 2019, estreamos a Polca para o público e, neste ano, completamos dois anos. Crescemos em 2020 mesmo com a pandemia. As pessoas se voltaram para casa e fizemos estratégias para estar perto do público neste momento. Temos muitas surpresas públicas das pessoas com nosso esforço de fazer sentir mais em casa dentro da própria casa”, conta a sócia da Polca, Paula Bueno.

“Ave Pantanal”

Garça, arara, tuiuiú: ver, celebrar, guardar, viver o pantanal. Este é o objetivo da Coleção “Ave Pantanal”, com a perspectiva de quem vê os pássaros e a perspectiva que os pássaros veem, sobrevoando o Pantanal. As ilustrações e artes foram inspiradas na fotografia de Marcelo Silva de Oliveira, o Marcelo Bugre.

As designers contam que estudaram os livros de fotografia de Marcelo e as mais de 200 espécies de aves pantaneiras para escolher quais entrariam na coleção. No Natal, foi criada uma versão vermelha da coleção, pensada no pôr do sol pantaneiro. As peças têm de um lado as aves e do outro, a visão destes pássaros em sobrevoo.

“A coleção recomeçou no resgate do nosso olhar no Pantanal. Minha lembrança mais antiga que tenho é a viagem do Trem do Pantanal, quando tinha dois anos. Também tem a novela Pantanal que foi tão forte na minha infância e me deu orgulho de morar aqui. O Pantanal sempre foi uma referência. A viagem foi de oito horas em uma voadeira. Já estava no nosso imaginário e, com as queimadas, precisávamos fazer algo. O Pantanal ficou muito mais perto com a tragédia que aconteceu lá”, explica a designer Paula Bueno.

Assim, veio a decisão de agir e o desenvolvimento do conceito da arte utilitária. “A gente decidiu fazer esta coleção pensando nos pássaros para ser esta oração para o Pantanal. Por isso, demos o nome Ave Pantanal, porque o ‘ave’ é tanto o pássaro quanto este salve o Pantanal, ave Maria, ave Pantanal”, revela.

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