Mato Grosso do Sul já gera 93,5% de sua eletricidade a partir de fontes renováveis
Um estudo realizado pelo MME (Ministério de Minas e Energia) e pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética) projeta um aumento de 25% na demanda por energia no Brasil até 2034, abrangendo petróleo, gás natural e outras fontes. No setor elétrico, o salto esperado é ainda maior, com previsão de crescimento de 37,7%. Diante deste cenário de ampliação do consumo energético, o ministro Alexandre Silveira afirmou que a prioridade do governo federal será garantir a segurança energética dos brasileiros, com mais leilões de transmissão e investimentos em armazenamento de baterias para suportar o sistema elétrico nacional.
No total, o plano do MME estima um investimento de R$ 3,2 trilhões na expansão da infraestrutura energética até 2034, com o maior volume destinado à indústria de petróleo e gás (78,1%). A energia elétrica, que responde por 18,7% dos investimentos, receberá R$ 597 bilhões, acompanhando a crescente demanda que impulsiona o setor. Em termos de eficiência energética, o governo projeta uma economia de 7% no consumo de energia em relação a 2023, sendo que, no setor elétrico, essa economia representaria cerca de 40 terawatts-hora – o equivalente à soma da geração anual das hidrelétricas de Itaipu e Furnas.
Com capacidade instalada de geração elétrica de 8.888 MW, Mato Grosso do Sul se destaca nacionalmente por sua matriz energética predominantemente renovável, conforme o relatório da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação). Fontes renováveis representam 93,5% da potência instalada no Estado, com destaque para a energia hídrica, responsável por 60,3% da geração total. Essa alta participação é garantida principalmente pela Usina Hidrelétrica Jupiá e pela Usina Ilha Solteira, ambas localizadas no Rio Paraná e operando próximas a importantes centros urbanos.
A biomassa aparece como a segunda maior fonte de geração elétrica no Estado, contribuindo com 22,1% da capacidade, alimentada pelo setor sucroalcooleiro, que utiliza bagaço de cana-de-açúcar e licor negro proveniente da indústria de celulose como principais combustíveis. A energia solar, que ocupa a terceira posição com 11,1% da capacidade, vem ganhando impulso significativo nos últimos anos. Projetos como o programa “Ilumina Pantanal”, que instalou mais de 2.800 usinas fotovoltaicas em regiões remotas, destacam o esforço estadual para incluir áreas distantes na rede de geração limpa e autossuficiente.
Geração distribuída cresce no Estado
A geração distribuída – em que a energia é produzida próxima ao ponto de consumo, como em residências e empresas – avança rapidamente em Mato Grosso do Sul, acompanhando a tendência nacional de descentralização da matriz elétrica. Atualmente, a geração distribuída representa 11% da capacidade instalada total no Estado, com mais de 86 mil empreendimentos em operação, sendo 99,7% deles de fonte solar. Campo Grande, Dourados e Três Lagoas são os principais municípios que aderiram a esse modelo, respondendo juntos por 37,6% da capacidade instalada de geração distribuída.
O aumento na adesão à geração distribuída reflete o impacto positivo da Lei 14.300/2022, que estabeleceu o marco legal para MMGD (microgeração e minigeração distribuída). Essa legislação forneceu um ambiente regulatório mais claro e seguro para o desenvolvimento de pequenas usinas e sistemas solares, incentivando consumidores residenciais e comerciais a investirem em fontes próprias de geração. O setor residencial é o principal protagonista, representando 43,8% da capacidade distribuída, seguido por empreendimentos comerciais e rurais.
A Semadesc ressalta que o futuro da matriz energética em Mato Grosso do Sul será ainda mais diversificado, com uma forte tendência de expansão da energia solar. Dos empreendimentos em construção ou com construção ainda não iniciada no Estado, cerca de 80,5% são de origem solar, enquanto a biomassa responde por 18,6%. Apenas 0,8% da capacidade em desenvolvimento é hídrica, uma transição para fontes renováveis com menor impacto ambiental.
Ao observar a expansão do setor, o secretário Jaime Verruck afirma que o Estado está alinhado com a transição energética nacional, ampliando as opções renováveis e a diversificação das fontes. “Mato Grosso do Sul se posiciona como um exemplo no uso sustentável da energia, não apenas pela alta participação de renováveis, mas também pela crescente inclusão da geração distribuída. Esse movimento fortalece a segurança energética local e contribui para um desenvolvimento mais sustentável e alinhado às metas de neutralidade de carbono”, comenta Verruck.
O estudo federal destaca ainda a demanda crescente por minerais estratégicos, como cobre, níquel, cobalto e zinco, essenciais para a expansão das tecnologias de geração e armazenamento de energia renovável. Essa demanda deve aumentar 58% até 2034, impulsionada pela ampliação das redes de geração distribuída e pela modernização da infraestrutura elétrica. Além disso, o Brasil pretende manter a média de 50% de participação de energias renováveis na matriz energética, alinhado ao ODS (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável) 7, que visa garantir acesso a energia limpa e acessível.
Por Djeneffer Cordoba