Com novas 15 aberturas de mercado, exportação de sêmen e embriões não é tão fácil e barata como parece

(Foto: Governo de MS)
(Foto: Governo de MS)

Em MS expansões são comemoradas, mas há revolta no agronegócio quanto às decisões do Governo Federal

Nesta semana governo brasileiro divulgou a abertura de 15 mercados dos cinco países integrantes da UEEA (União Econômica Eurasiática), para a exportação brasileira de sêmen e embriões bovinos. A partir disso, o agronegócio sul-mato-grossense reagiu à notícia, que é positiva para o setor, mas carrega consigo uma série de ressalvas quanto a como isso deve funcionar na prática. Os questionamentos se estendem inclusive para a importação do arroz, confirmada na quinta-feira (6) pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

A UEEA é formada por cinco países, sendo eles Rússia, Belarus, Armênia, Cazaquistão e Quirguistão e a expansão comercial acontece como resultado de contatos bilaterais a partir do MRE (Ministério das Relações Exteriores) e Mapa ( Ministério da Agricultura e Pecuária).
No primeiro quadrimestre de 2024, o Brasil exportou pouco mais de US$ 325 milhões em produtos do agronegócio para a UEEA, com destaque para soja em grãos, carne bovina, café verde e açúcar bruto.

Após os 15 novos mercados na UEEA, o agronegócio brasileiro agora soma 61 aberturas de mercado em 27 países neste ano, totalizando 139 aberturas em 51 países. No entanto, embora os números sejam atrativos a primeiro momento, especialistas alertam sobre as dificuldades implicadas nas exportações, que além de burocráticas, possuem um alto custo.

O analista de agronegócio e leiloeiro rural, Gabriel Borges, explica que para o mercado exige uma série de etapas e processos que além de requerer um cuidado técnico, saem caros ao produtor que exporta. “Não basta coletar um touro na central e mandar, não é assim. Existe um princípio de quarentena, embriões têm quarentena de mãe e quarentena de pai, as taxas alfandegárias são caríssimas, precisa ir de avião, o tempo tem que ser correto, porque tudo é conservado em nitrogênio e realmente o custo é muito alto. Agora vamos ver se o governo está tão de boa vontade, em vez de ficar falando só de números, de países, disso ou daquilo. Espero que ele realmente arregace as mangas e venha facilitar a atividade do exportador, se não a gente ficará na mão de um ou dois, o intermediário ganha o dinheiro e o produtor rural fica lambendo o sabão, como sempre foi”, lamentou o analista, ao pontuar que comemora a abertura, mas que o setor está descontente com as facilidades divulgadas de maneira rasa.

O relatório da Asbia (Associação Brasileira de Inseminação Artificial) de 2023 sobre o desempenho do setor, aponta que as exportações de corte atingiram 462.837 doses e a genética leiteira embarcada foi de 410.837 doses do material genético para outros países. Ambos foram responsáveis pela venda externa de 873 mil doses, com um volume 70% maior do que o praticado antes de 2020.

De acordo com o analista de agronegócio, João Pedro Dias Cuthi, atualmente o Brasil é o 2º maior exportador de alimentos do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. No ponto de vista dele, o país precisa diversificar as fontes e abrir novos mercados. “Isso vale para a carne, grãos, combustíveis, então o trabalho do governo neste sentido é positivo, tem que abrir novos mercados. Por exemplo, o México passou a ser o 7º maior comprador de carne bovina brasileira, ou seja, tem que acreditar nos mercados, mostrar o que nós temos”, argumentou.

Arroz importado gera revolta no agronegócio

Borges, argumenta que um fator que está claro para o segmento, é que o governo federal não é pró-agronegócio e isso está claro, na recente importação de arroz feita. “O governo entra na contramão e quando ele pode atrapalhar o agronegócio, ele atrapalha, como é o caso do arroz, que está sendo trazido de fora para suprir uma possível falta daqui a 10 meses”, pontua o analista.

No dia 6 de junho, a Conab divulgou a compra por meio de leilão público de 263,37 mil toneladas de arroz importado, que tem como objetivo mitigar o impacto social e econômico decorrente do desastre climático no Rio Grande do Sul e assegurar o abastecimento para o país. O volume adquirido corresponde a 87,79% do total de 300 mil toneladas ofertadas inicialmente e representa uma destinação de R$ 1,3 bilhão.

Conforme o presidente da Conab, Edegar Pretto, o governo autorizou a aquisição de um milhão de toneladas de arroz, que não serão comprados apenas uma vez, mas que vão escalonar conforme a necessidade.“Estamos comprando essas 300 mil toneladas e vamos avaliar agora o mercado. Se não houver necessidade não faremos mais compras. Mas, enquanto for preciso baratear o preço para os consumidores, nós realizaremos os leilões. Queremos garantir um produto bem acessível aos consumidores”, pontuou.

O arroz adquirido nesta será entregue em três etapas, sendo que o prazo mínimo para o fornecimento do produto é de 90 dias e o máximo de 150 dias. A Conab adquire o grão de empresas brasileiras responsáveis pela importação, logo a origem do produto só será conhecida após a apresentação do Documento de Importação. A expectativa é que essa informação esteja disponível em até 15 dias.

Os lotes destinados para Mato Grosso do Sul, Amazonas, Distrito Federal, Mato Grosso, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e Tocantins não foram comercializados. Mas, os lotes que já foram arrematados já possuíam destinação certa para os estados da Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco e São Paulo.

 

Por Julisandy Ferreira

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