Com 6,8%, MS tem a segunda menor taxa de inadimplência no agronegócio

Foto: Reprodução
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Dívidas de produtores rurais somam mais de R$ 500 milhões

As atividades econômicas relacionadas ao comércio de produtos agrícolas em Mato Grosso do Sul registraram índice de 6,8% de taxa de inadimplência do Centro-Oeste, é a segunda menor taxa entre os Estados da região, conforme apontou o Indicador de Inadimplência do Agronegócio, realizado pela Serasa Experian, no 2º trimestre de 2023. A pesquisa destaca que a categoria “sem registro de cadastro rural” lidera a inadimplência no Estado, atingindo 11,6%, seguida pelos grandes proprietários (6,9%), pequenos (6%) e médios (5,2%). 

Conversamos com o economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Staney Barbosa Melo, que comentou sobre a posição de Mato Grosso do Sul e ainda destacou que o Boletim Agro é uma ferramenta muito importante para a avaliação da situação do crédito, no setor. 

“O Mato Grosso do Sul é o segundo Estado com menor inadimplência, de apenas 6,8%. Esse é um resultado muito positivo, mostra que estamos entre os 10 Estados com menor índice de inadimplência no setor e abaixo da média de 7,3%, no Centro-Oeste. Em outros Estados, como o Amapá, esse índice chega a 18%. Esses dados nos mostram, entre outras coisas, que o nosso agronegócio está no caminho certo, é um agro eficiente, estável e economicamente sustentável”, avalia o especialista. 

Em Mato Grosso do Sul, as dívidas dos produtores rurais somam R$ 5.748,74 milhões, as origens são em instituições financeiras, setor do agro e outros setores. Ao explorar o crédito rural, o relatório revela que, entre outubro de 2022 e setembro de 2023, foram concedidos, aproximadamente, R$ 386 bilhões em crédito rural em todo o Brasil. Mato Grosso do Sul, no último trimestre, registrou cerca de 7 mil novos contratos, totalizando R$ 4,068 bilhões em créditos, com um ticket médio de R$ 874 mil por CPF. 

O economista Staney Barbosa comentou que o indicador serve como ferramenta para analisar os parâmetros de outras regiões.“O boletim descreve, com riqueza de detalhes, o perfil do produtor rural brasileiro nas mais diversas regiões do país, e nos traz muitas informações interessantes. A questão da inadimplência no Centro-Oeste, por exemplo, é um dado muito importante para se medir a eficiência e as dificuldades enfrentadas pelo agronegócio, em nossa região. Em que pese ainda não termos as mesmas médias de inadimplência da região Sul do país, que beira os 4,7%”, comparou o especialista.

Produtores idosos são melhores pagadores

Na análise do indicador de inadimplência do proprietário rural por idade, é possível observar que a inadimplência diminui conforme a faixa etária aumenta. A única exceção é para a faixa de 30 a 39 anos, que registra um percentual de inadimplência ligeiramente maior (11,8%) do que aquele entre 18 e 29 anos (11,4%). Os produtores com 80 anos ou mais são os que detêm o menor indicador de inadimplência, atingindo apenas 3,5% desta faixa etária. 

A análise regional revelou que o maior percentual de inadimplência agro registrado no final do 2º trimestre de 2023 foi encontrado no Norte do país (11%). A região Nordeste ficou em segundo lugar, marcando um indicador de 9,9%. O Sul ficou com o cenário mais positivo, tendo apenas 4,7% dos produtores desta região inadimplentes. 

Ao analisar o comportamento da inadimplência do produtor brasileiro nos últimos 3 anos com este novo índice, o que chamou a atenção foi o fato daqueles produtores puramente arrendatários saírem de um patamar de 9%, em 2020, para 13,7%, no 2º trimestre de 2023. “Produtores proprietários de terras e arrendatários tiveram um comportamento semelhante até o 2º trimestre de 2021, quando os arrendatários tiveram um aumento considerável, se descolando dos demais segmentos”, explica o head de agronegócio da Serasa Experian, Marcelo Pimenta.

Pequenos proprietários 

Quando analisamos a inadimplência por porte, no 2º trimestre de 2023, os pequenos proprietários rurais tiveram o menor percentual de inadimplência (6,3%), muito próximo do índice dos médios proprietários (6,5%). Para ambos, em relação com o 2º trimestre de 2022, o cenário é de estabilidade. Os grandes proprietários marcaram um indicador maior, chegando a 9,9%.

Segundo Marcelo Pimenta, “Quando olhamos para os inadimplentes que possuem débitos diretamente ligados à sua atuação no agronegócio identificamos um percentual pequeno, revelando que a maior parte dos proprietários rurais está honrando seus compromissos financeiros no campo e, sendo assim, garantindo a estabilidade econômica, bem como fomentando a evolução do setor”, finaliza. 

Metodologia

 No Indicador de Inadimplência do Agronegócio da Serasa Experian que, nessa versão mostra dados do 2º trimestre de 2023, foram analisados cerca de 9,5 milhões de donos de propriedades rurais e/ou aqueles que possuam empréstimos e financiamentos da modalidade rural e/ou agroindustrial distribuídos em todas as 27 Unidades Federativas do país.

Foram consideradas apenas dívidas vencidas com mais de 180 dias e até 5 anos e somente aquelas que estão diretamente relacionadas ao agronegócio, como, por exemplo, dívidas com a Agroindústria de transformação e comércio atacadista agro, Serviços de apoio ao agro, Revendedores de insumos, Revendedores de máquinas agrícolas, Indústrias de produção de insumos, Produtores rurais, Indústrias de máquinas agrícolas, Seguradoras não-vida, Transportes e Armazenamentos. 

A classificação por porte segue a metodologia do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), de acordo com os módulos fiscais das propriedades do produtor rural, tendo os pequenos proprietários com até 4 módulos e médios proprietários com até 15 módulos.

Por – Suzi Jarde

 

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