Cenário favorável no preço do combustível vai depender do mercado externo

Foto: Combustível mostra
algumas variações de
preços, entre os postos
de Campo Grande/Marcos Maluf
Foto: Combustível mostra algumas variações de preços, entre os postos de Campo Grande/Marcos Maluf

Em 15 postos visitados, houve variação nos valores de 9,65% da gasolina e 7,16% no diesel

De olho nas bombas e no comportamento dos combustíveis, especialistas analisam possíveis cenários para 2024. Segundo dados da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), os preços da gasolina e do diesel no Brasil entram, neste início de ano, praticamente em paridade com os preços do mercado internacional. O diretor-executivo do Sinpetro-MS (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo e Lubrificantes de MS), Edson Lazaroto, frisou que as mudanças no setor de abastecimento dependem do mercado externo.

“Se o mercado se portar como foi em 2023, entendo que será um ano com poucas alterações. Dependemos muito do mercado externo e dos constantes conflitos onde estão concentradas as grandes produtoras de petróleo! Mas vamos confiar que tudo dará certo”, prevê Lazaroto para este ano.

O diretor da Sinpetro/MS salientou ainda que “é imprevisível falar qualquer número, até porque nosso mercado é extremamente volátil, a qualquer movimento extra no mercado internacional (oscilação do dólar, desavenças geopoliticas etc) pode causar grandes estragos no preço final dos produtos”.

Defendendo a mesma linha de raciocínio em relação ao mercado externo, o professor e economista Odirlei Dal Moro pontuou o comportamento dos combustíveis no ano anterior, destacando que, no atual ano, temos a volta da arrecadação sobre os combustíveis mais consumidos do país. 

“Em 2023, o preço dos combustíveis manteve uma trajetória de elevação, embora, em alguns momentos, o preço tenha caído. A formação dos preços dos combustíveis leva em conta inúmeras variáveis. No momento recente, o cenário internacional parece ser o mais relevante, com a queda da produção o preço, naturalmente, tende a se elevar. Além disso, há também a questão dos tributos [PIS/ Cofins]. Em resumo, ainda que a Petrobras e o governo tenham a capacidade de determinar o preço, o fator ‘Mercado’ também é muito relevante”, ressalta o economista.

Na capital sul-mato-grossense, em Campo Grande, o consumidor paga, em média, R$ 5,80 no litro do diesel. Já a variação é de 7,16%, de acordo com uma pesquisa de preço realizada pela equipe do jornal O Estado, em 15 estabelecimentos de comercialização de combustíveis. A média de preço pago no litro da gasolina fica em torno dos R$ 5,15, levando em consideração que o valor mais baixo encontrado foi de R$ 5,08, no litro. Enquanto o valor máximo é vendido por R$ 5,57, variou 9,65%. 

Ainda conforme a pesquisa, os valores para o etanol foram os que apresentaram maior variação entre as unidades visitadas (13,42%). Entretanto, o preço cobrado pelo combustível segue sendo tentador para os motoristas que gastam, em média, R$ 3,05 no litro. E competitivo para os derivados do petróleo (gasolina), como definiu Edson Lazaroto. 

A volta de impostos federais  

O ano de 2024 começa com diversas mudanças econômicas, uma delas é a retomada dos impostos federais PIS (Programa de Integração Social) e Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) sobre o diesel. A partir da última segunda-feira (1º), o combustível mais consumido do país voltou a ter tributo integral, de R$ 0,35 por litro.

Quando se fala em imposto, já acende um alerta na população e surge a dúvida de muitos motoristas – se essa mudança terá impactos nos preços repassados ao consumidor. O diretor-executivo do Sinpetro-MS (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo e Lubrificantes de Mato Grosso do Sul), Edson Alceu Lazaroto, explicou a retomada do tributo e há quanto tempo estava zerado.

“Os impostos PIS e Cofins, determinados pelo governo federal, estavam suspensos desde setembro de 2021. O PIS e Cofins para cada litro de diesel está, desde o dia 1° de janeiro/24, em R$ 0,3271. Esse valor não é reajuste de preços dos combustíveis é uma reoneração de impostos, que será cobrado em todas as cadeias do setor. Como expliquei, não é um aumento do produto e sim a entrada de um imposto”, tranquiliza o representante, quanto à especulação de aumento de preço. 

Com a mesma linha de pensamento, no último dia 26, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a reoneração não deve encarecer o preço que os consumidores pagam pelo litro nos postos de abastecimento. Segundo ele, o aumento da carga tributária que incide sobre o diesel será amenizado pelas reduções de preço já anunciadas pela Petrobras.

“Esta reoneração do diesel vai ser feita, mas o impacto [esperado] é de pouco mais de R$ 0,30”, disse. Poucas horas antes, a Petrobras já havia anunciado um corte de R$ 0,30 no preço do litro do diesel que vende às distribuidoras de combustível. Segundo a empresa, no ano, a redução do preço de venda de diesel A para as distribuidoras chega 22,5%. 

“[Essa redução] mais que compensa a reoneração, [que entrará em vigor] em 1º de janeiro”, assegurou o ministro, garantindo não haver razões para a alta do preço com a volta da cobrança dos impostos federais. “Pelo contrário: deveria haver uma pequena redução [no preço final].” 

Preços

Confira os preços para o diesel, etanol e gasolina coletados pela reportagem, em postos de Campo Grande. 

No posto Tork Oil, localizado na avenida Rui Barbosa, o litro do diesel é vendido a R$ 5,69, enquanto a gasolina sai por R$ 5,09 e o etanol, R$ 2,99. Ainda na mesma avenida, no cruzamento com a 26 de Agosto, o litro da gasolina custa R$ 5,08 e o etanol, R$ 2,98. Em outro posto do grupo Shiraishi, na rua Barão do Rio Branco, a gasolina é vendida por R$ 5,09 o litro, o etanol custa R$ 2,99 e o diesel, R$ 5,65.

Na unidade localizada na rua Maracaju c/ a 14 de Julho, o motorista paga R$ 5,09 no litro da gasolina, e R$ 2,99 no etanol. No estabelecimento não é comercializado diesel. No Auto Posto, na Av. Maracaju c/ a Calogéras, o litro da gasolina custa R$ 5,08, etanol, R$ 2,98 e diesel, R$ 5,75. 

No posto Faleiros, na Calógeras, o litro da gasolina é vendido a R$ 5,09, o etanol, por R$ 2,99 e diesel por R$ 5,99. No posto Taurus, na mesma avenida, a gasolina custa R$ 5,14/ litro e o etanol, R$ 3,19. Na Av. Calógeras c/ a Av. das Bandeiras, o litro da gasolina é vendido por R$ 5,14 e o etanol por R$ 3,29. No posto Shell V- Power, a gasolina custa R$ 5,57 e o litro do etanol, R$ 3,38. No Posto Kátia, na Av. Salgado Filho, o litro da gasolina custa R$ 5,19, o etanol, R$ 2,99, e o diesel, R$ 5,89. 

Outro posto, na Av. Costa e Silva c/ a rua Aristóteles, o litro da gasolina custa R$ 5,19, o etanol, R$ 2,99 e o diesel é vendido por R$ 5,90. Na mesma avenida, no cruzamento com a rua dos Motoristas, o Posto Bonatto vende o litro da gasolina por R$ 5,19 e o etanol, R$ 2,99. 

Por Suzi Jarde 

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