Brasil deve ter um crescimento econômico abaixo da média, aponta Banco Mundial

Foto: Marcello Casal jr/ Agência Brasil
Foto: Marcello Casal jr/ Agência Brasil

O Brasil deve registrar neste ano um crescimento econômico abaixo da média dos vizinhos da América Latina e Caribe, de acordo com o relatório do Banco Mundial publicado nesta terça-feira (4). As estimativas apresentadas pelo órgão mostram que a média do PIB (Produto Interno Bruto) da região crescerá 3%, enquanto no Brasil essa taxa deve ficar em 2,5.

Os dados de projeção do Banco Central brasileiro são mais otimistas, visto que prevê crescimento de 2,7% ao fim do ano.

Entre as maiores economias da região, o Brasil deve ter crescimento maior que o México (1,8%) e o Chile (1,8%), mas abaixo da Argentina (4,2%), Colômbia (7,1%) e Peru (2,7%).
A previsão do PIB por si não revela outros fatores importantes das economias locais -a Argentina, por exemplo, chegou a setembro com inflação anual de 78,5% -mas mostra a dificuldade em acelerar o crescimento econômico no pós-pandemia.

O relatório também aponta que na maior parte dos países da região o PIB e os índices de emprego estão no mesmo nível pré-pandemia, com sistemas bancários sólidos e encargos da dívida administráveis. O cenário previsto pelo Banco Mundial agora é mais positivo do que a previsão feita em abril, quando a Guerra na Ucrânia estava mais aquecida e a instituição esperava que a América Latina crescesse 2,3%.

Para o ano seguinte, a previsão é menor. O Brasil deve crescer 0,8% em 2023, segundo o estudo, metade da média regional, de 1,6% -o BC aponta crescimento de 2,5% no ano que vem. Já em 2024, a previsão é que o Brasil veja seu PIB subir 1,8%, enquanto na América Latina e Caribe o aumento esperado é de 2,3%.

A previsão para 2023 é menor do que no último relatório, de abril, e o Banco Mundial aponta uma série de motivos para isso. Primeiro, o impacto contínuo da guerra na Europa, que até aqui vinha afetando de maneira mais branda a região em relação a outros países.

Também pesam uma previsão de queda de 10% no preço das commodities no ano que vem, após crescimento em 2022; a desaceleração dos países do G7 e da China (grandes parceiros econômicos da região); e o aumento das taxas de juros mundo afora –  Fed, o banco central americano, deve subir os juros em mais 2,5 pontos percentuais.

Esse crescimento a 1,6% para o ano que vem está próximo do que a região viu ao longo da década de 2010, e por isso é classificado como “medíocre, mas resiliente” pelo Banco Mundial. São taxas “baixas e insuficientes para realmente reduzir a pobreza ou influir na prosperidade”, diz o relatório.

Uma das explicações para a continuidade do crescimento econômico, ainda que baixo, é a menor exposição dos países às flutuações do dólar de empréstimos estrangeiros, com reservas mais fortes.

Também nota-se, segundo o Banco Mundial, que as preocupações quanto à inadimplência de empréstimos a empresas e consumidores não se concretizaram na maioria dos países, mas, diante do risco, “os governos terão que simplificar os mecanismos de resolução de dívidas, que atualmente são difíceis de controlar, e monitorar a solidez econômica”, sugere o relatório.

Inflação

Segundo o Banco Mundial, as taxas de inflação na região, nos patamares de 10% e 8,3%, com exceção de Argentina e Venezuela, estão alinhadas a países membros da OCDE, ainda que tenham excedido as metas dos bancos centrais, o que afeta o orçamento das famílias e agrava a pobreza.

A inflação, contudo, não deve aliviar no futuro, segundo apontam uma série de fatores. Primeiro, continuam altos os agregados monetários -disponibilidade de moeda em poder do público e depósitos bancários à vista. Além disso, o crescimento dos preços dos insumos, pelas interrupções nas cadeias de suprimentos e pela guerra na Europa, superou o aumento dos preços ao consumidor, e essa diferença deve ser repassada em algum momento.

*com informações da Folhapress

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