Bolsa Família: MS tem municípios com mais famílias de baixa renda cadastradas do que o previsto pelo governo

Foto: Marcos Maluf
Foto: Marcos Maluf

Em algumas cidades do Estado, o número de famílias no CadÚnico supera em mais de 50% a meta

Levantamento do Governo Federal aponta que Mato Grosso do Sul tem municípios onde o número de famílias de baixa renda cadastradas no CadÚnico (Cadastro Único) ultrapassa a meta exigida. O mapeamento também mostra a distribuição dos beneficiários do Bolsa Família no Estado, identificando cidades onde há mais famílias recebendo o benefício do que o esperado e outras onde a cobertura pode estar abaixo da necessidade real.

O número de beneficiários do Bolsa Família supera a estimativa de famílias em situação de pobreza em 1.211 municípios brasileiros, de acordo com um levantamento da Folha de São Paulo com base em dados do Governo Federal. Em 22% das cidades do país, há pelo menos 10% a mais de famílias inscritas no programa do que o projetado pelo MDS (Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social).

Os dados revelam que alguns municípios sul-mato-grossenses registram um percentual de cadastros no CadÚnico superior a 50% da meta estipulada pelo governo. Isso significa que essas cidades concentram um número maior de famílias em situação de vulnerabilidade do que o previsto, o que pode indicar tanto uma demanda social maior quanto um esforço mais eficiente das gestões locais para garantir o acesso aos programas de assistência.

O CadÚnico é a principal base de dados do governo para identificar famílias de baixa renda e garantir a inclusão em programas sociais, como o Bolsa Família, a Tarifa Social de Energia Elétrica e o BPC (Benefício de Prestação Continuada). A atualização do cadastro é fundamental para que esses benefícios sejam concedidos de forma adequada.

No caso de Mato Grosso do Sul, o Bolsa Família atende cerca de 200 mil pessoas, com um investimento federal superior a R$ 135 milhões. Campo Grande lidera o número de beneficiários no estado, com 51,4 mil famílias contempladas, seguida por Dourados (13.599), Corumbá (9.927), Ponta Porã (9.483) e Três Lagoas (7.658).

O valor médio do benefício no Estado é de R$ 679,26 por família, mas algumas cidades registram valores superiores. Em Paranhos, por exemplo, o benefício médio é o maior do Estado, chegando a R$ 814,74 por família, enquanto Ladário, Porto Murtinho, Corumbá e Japorã também apresentam médias acima dos R$ 700.

Além do benefício principal, o programa conta com acréscimos destinados a grupos específicos. Em Mato Grosso do Sul, 118 mil crianças de zero a seis anos recebem o Benefício Primeira Infância, que adiciona R$ 150 por criança ao valor pago. Outros 176,6 mil crianças e adolescentes de sete a 18 anos recebem um adicional de R$ 50, assim como 10 mil gestantes e 3,9 mil nutrizes.

A metodologia utilizada pelo governo para estimar o número de famílias em situação de pobreza foi atualizada com base nos dados do Censo de 2022 e da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua. O levantamento permite tanto a identificação de possíveis irregularidades — com municípios onde o número de beneficiários supera de forma significativa as projeções — quanto a necessidade de reforço na busca ativa em locais onde a cobertura está abaixo da estimativa.

A revisão dessas projeções também pode impactar a distribuição dos novos benefícios. O governo pretende priorizar os municípios do Nordeste e do Norte na concessão de novas vagas, já que as estimativas defasadas anteriores colocavam essas regiões atrás do Sul e Sudeste.

O pesquisador Rafael Osório, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), explica que a “nova metodologia busca refletir melhor a realidade econômica dos municípios e garantir que as concessões de benefícios acompanhem as áreas mais vulneráveis”.

Apesar da importância da atualização das projeções, especialistas alertam que os números não devem ser tomados como medidas exatas de qualidade do Cadastro Único. Ainda há um grande contingente de famílias em situação de baixa renda que não estão contempladas pelo Bolsa Família. No País, a estimativa aponta 27,4 milhões de famílias com renda de até meio salário mínimo por pessoa, mas apenas 24,6 milhões estão registradas e com cadastro atualizado nos últimos dois anos.

Por Djeneffer Cordoba

 

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