Em um mês, a diferença nos valores acumulados de uma cesta com esses produtos pode ultrapassar os R$ 100
Se montar um prato com arroz, feijão e carne é a base da alimentação brasileira, em Campo Grande essa combinação tem exigido mais do orçamento familiar. A pesquisa semanal de preços realizada nesta sexta-feira (10) pelo jornal O Estado revelou que, entre os itens da cesta básica, os alimentos essenciais apresentaram variações expressivas nos supermercados da Capital. A dupla tão querida da mesa do brasileiro – arroz e feijão – acompanhada de carne bovina, pode custar até R$ 63,97 para uma refeição que alimente uma família.
O quilo do feijão (Bem Tevi) é encontrado por valores entre R$ 4,70 e R$ 5,99, com uma variação de 27,4%. O arroz de 5 kg (Tio Lautério), por sua vez, apresentou uma variação de 37,6% e uma média de R$ 25,31. Já a carne bovina – representada pelo coxão mole embalado a vácuo – é o item que mais pesa no bolso: o quilo é encontrado de R$ 36,99 a R$ 44,99, com uma variação de 21,6%.
A combinação simples, que poderia ser considerada acessível, acaba mostrando como a variação de preços entre os supermercados pode impactar diretamente na alimentação das famílias. Em um mês, a diferença nos valores acumulados de uma cesta com esses produtos pode ultrapassar os R$ 100, dependendo da escolha do local de compra.
O levantamento também aponta outros itens importantes da cesta básica com diferenças expressivas. O leite integral (Italac) variou entre R$ 4,79 e R$ 6,99, uma diferença de 46%. O óleo de cozinha (Concórdia) custou de R$ 6,49 a R$ 6,99, representando uma variação de 7,7%.
Alimentos puxaram alta da inflação em 2024
Os preços da alimentação no domicílio fecharam o acumulado de 2024 com inflação de 8,23%, segundo dados divulgados nesta sexta (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A alta veio após baixa (deflação) de 0,52% em 2023, o primeiro ano do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Os dados integram o índice oficial de inflação do Brasil, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Na média geral, o IPCA fechou o acumulado de 2024 com avanço de 4,83%. A carestia dos alimentos no ano passado está associada, em parte, a problemas climáticos que reduziram a oferta de mercadorias. Em 2024, o Brasil passou por forte seca em diferentes regiões, além de enchentes de proporções históricas no Rio Grande do Sul.
O dólar alto foi visto como outro elemento de pressão. Além de encarecer parte dos produtos, a moeda americana em patamar elevado contribuiu para estimular as exportações de itens como as carnes. O churrasco também teria ficado mais caro com a demanda interna aquecida pelos ganhos de renda da população e com os impactos da estiagem e das queimadas no campo.
No último mês de 2024, a alimentação no domicílio subiu 1,17%, influenciada pelas altas das carnes (5,26%), além do óleo de soja (5,12%) e do café moído (4,99%). Já as quedas em destaque foram limão (-29,82%), batata-inglesa (-18,69%) e leite longa vida (-2,53%).
Custo da cesta básica na Capital
Segundo a pesquisa nacional do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), divulgada nesta quarta-feira (08), o custo da cesta básica em Campo Grande fechou dezembro de 2024 em R$ 686,97, abaixo de capitais como São Paulo (R$ 792,31) e Porto Alegre (R$ 774,95).
Em termos de variação mensal, Campo Grande apresentou uma alta de 1,9% em dezembro na comparação com novembro, o acumulado no ano foi de 8,4%, seguindo a tendência nacional de elevação nos preços dos alimentos básicos.
Entre os itens da cesta, os produtos que mais pressionaram o orçamento dos consumidores campo-grandenses foram as carnes, que tiveram alta de 4,7% apenas em dezembro, e o óleo de soja, que subiu 5,6%. No comparativo nacional, a cesta básica mais cara foi registrada em São Paulo, enquanto a mais barata foi em Aracaju, onde o custo ficou em R$ 571,43.
Outro dado relevante do levantamento é a relação entre o custo da cesta básica e o salário mínimo. Em Campo Grande, uma família precisaria destinar cerca de 55% do salário mínimo vigente para adquirir os itens essenciais da cesta, proporção que é levemente inferior à média nacional (57%).
Por Djeneffer Cordoba
Confira as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram
Leia mais