Aliado financeiro ou “bola de neve”? Cartão de crédito lidera endividamento das famílias em Campo Grande

Fatura do mês de março da diarista Sandra Marques - Foto: Roberta Martins
Fatura do mês de março da diarista Sandra Marques - Foto: Roberta Martins

Parcelamento é a principal forma de dívida, presente em 75% dos casos

Atualmente, a principal dívida da diarista, Sandra Marques é com o cartão de crédito. Com um limite de quase 14 mil liberado pelo banco, em março ela pagou uma fatura de R$ 5 mil, restando ainda um valor de R$ quase 7 mil que estão comprometido em compras parceladas. “O cartão de crédito é um grande aliado para compras de grande valor, mas tem que ter muito cuidado para não perder o controle”, comentou em entrevista para O Estado.

O caso da dona Sandra, não é um exemplo isolado. Segundo a PEIC (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), o endividamento das famílias em Campo Grande atingiu 64,9% em fevereiro. O levantamento realizado pelo IPF/MS (Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio-MS), aponta que o principal responsável por esse cenário continua sendo o cartão de crédito, presente em 75,4% das dívidas contraídas pelos consumidores.

Apesar do aumento no número de endividados em relação a janeiro (64,0%) e fevereiro de 2024 (63,9%), o levantamento aponta uma leve melhora na inadimplência. O índice de famílias com contas em atraso recuou de 28,2% em janeiro para 27,5% em fevereiro, enquanto o percentual daqueles que não terão condições de pagar suas dívidas subiu de 11,4% para 11,7% no mesmo período.

Segundo a economista do IPF/MS, Regiane Dedé, o endividamento por si só não é um problema, desde que esteja programado dentro do orçamento familiar e não leve à inadimplência. “A compra a prazo é uma modalidade importante e aquece a economia. Um indicador que pode refletir esses gastos foi a redução do índice de famílias com contas em atraso, e pode indicar que as pessoas estão organizando melhor suas finanças”, avalia.

Além do cartão de crédito, outras formas de endividamento incluem carnês (20,1%), crédito pessoal (11,5%) e financiamento de imóveis (8,4%). O tempo médio de atraso nas contas dos inadimplentes chegou a 69 dias, com 53,4% das famílias enfrentando débitos vencidos há mais de 90 dias.

A pesquisa também revelou que 42,4% das famílias entrevistadas possuem dívidas em atraso, sendo que, entre as que ganham até dez salários mínimos, esse percentual sobe para 46,3%. Entre os que ganham mais de dez salários mínimos, o índice cai para 22,4%.

Outro dado relevante é o comprometimento da renda com o pagamento de dívidas: 41% das famílias comprometem entre 11% e 50% de seus rendimentos com obrigações financeiras, enquanto 15,6% destinam mais da metade da renda para o pagamento de dívidas.

Mais cartão que população

Dados do Banco Central, que avaliam o perfil de utilização de cartões de crédito no Brasil, revelaram que em 2022, instituições de pagamento e bancos digitais aumentaram sua base de usuários em 27,6 milhões de clientes. No período haviam 190,8 milhões de cartões de créditos ativos no país, valor que representa quase o dobro da população economicamente ativa no Brasil (107,4 milhões).

O aumento nos números pode ser explicado pela entrada de novos players no mercado nos últimos anos, principalmente no segmento de cartões pós-pago, o que fez com que uma parcela significativa da população brasileira passasse a ter acesso a um ou mais cartões de crédito.

 

Por Djeneffer Cordoba e Suzi Jarde

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