À espera de recessão econômica, 42% dos empresários da Capital não preveem crescimento

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Foto: Nilson Figueiredo/Jornal O Estado MS

Percentual é maior do que o estimado no ano passado 

O cenário econômico e a troca de governo são alguns dos motivos que têm refletido fortemente na confiança dos empresários de Campo Grande. Prova disso é uma pesquisa divulgada pela ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande), mostrando que neste ano 42% não acreditam em um bom desempenho financeiro. O número é maior quando comparado com o levantamento de 2022, no qual apenas 23% não tinham otimismo. 

Durante o questionamento, os empresários destacaram a política tributária do país, a alta dos juros e o aumento de gastos com a máquina pública estadual e federal. 

“Os empresários também pontuaram que a economia pode ser impactada pelo aumento da corrupção, recessão econômica internacional e restrição da liberdade”, revela o presidente da Associação Comercial, Renato Paniago. 

Na visão do economista Eugênio Pavão, além disso, o cenário não tão esperançoso faz com que os empresários tenham ansiedade por novas decisões da equipe econômica. 

“As causas são a desconfiança na política econômica. Essa crise de confiança leva os empresários a realizarem menos investimentos, menos tributos são arrecadados, menos empregos gerados. Como o mercado funciona por expectativas, muitos aguardam as decisões da equipe econômica”, destaca. 

O profissional lembra ainda sobre o rombo financeiro da Americanas. “Para reforçar os pessimistas, a queda do valor das lojas americanas mexe com as expectativas, temendo que novas quedas ocorram em empresas de vários setores. Dessa forma, fatores reais e imaginários levam a este quadro constatado, mas que só o futuro dirá”, ressalta. 

Para o gerente comercial da loja Beco Acessórios, esse tem sido o pior janeiro em seis anos. “Sinceramente, estamos até assustados. A gente cansou de errar. É o sexto janeiro nosso como loja na 14 de Julho, é o pior janeiro em seis anos, mesmo em 2021 que estávamos no meio da pandemia, não foi tão ruim. Essa mudança de governo gera instabilidade no bolso, gera instabilidade econômica, isso até se assentar, demora um pouquinho. Começou bem devagar, nós não esperávamos que fosse ser assim”, lamenta. 

Na mesma perspectiva está o proprietário da loja Yanko, John Vitor Guimarães, 20 anos. “Este mês está fraco, acho que para geral aqui no Centro. Geralmente, em janeiro cai um pouco, não tem como comparar com outros meses, mas este ano caiu bastante, este ano não subiu, só desceu”, pontua. “A gente quer ser esperançoso, acreditar no melhor”, completa.

Expectativa

O índice de empresários que preveem crescimento neste ano é de 58%, ao passo que no ano anterior o cenário otimista abrangia 77% dos empreendedores em Campo Grande, conforme a ACICG. As informações foram extraídas da pesquisa Desempenho 2022 e Perspectivas para 2023, que a entidade realizou com mais de 100 empresas, entre os dias 8 e 20 de janeiro. 

A pesquisa também aponta uma expectativa negativa, com 31% dos empresários acreditando que haverá estagnação, além de outros 11% pessimistas com o cenário e espera baixa no volume de negócios. 

Quanto à ampliação no quadro de colaboradores neste ano, 70% indicaram que não deve haver ampliação nesse quesito. Dentro do grupo, 30% pretendem ampliar o time de funcionários, e pouco mais de 20% disseram que contratarão em média apenas três colaboradores. 

Sobre os negócios em que atuam, em relação à economia brasileira, 45% sinalizaram que esperam que a economia esteja melhor em 2023. Enquanto para 30%, a expectativa é de piora do cenário e 25% acreditam que o panorama será igual a 2022. 

Participaram do levantamento empresas dos setores alimentício, de vestuário, acessórios, serviços, moveleiro, de comércio de eletrônicos, entre outros.

Ano passado

A pesquisa ainda perguntou aos empresários como foi o desempenho de seus negócios no ano passado. A maioria, representada por cerca de 40%, respondeu que se manteve igual a 2021. 

Já 33% sinalizaram que houve crescimento. O maior percentual desse grupo (47%) indicou que o desempenho de sua empresa foi de até 5% maior em 2022. Outros 37% responderam que seus negócios cresceram até 10%; e 16% sinalizaram alta de 20% dos resultados. 

O levantamento também constatou que 27% dos empresários tiveram desempenho menor em 2022, quando comparado a 2021. Quase 40% desse grupo respondeu que a queda foi superior a 20%.

Por Izabela Cavalcanti e Evelyn Thamaris – Jornal O Estado do MS

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