Com marcas deixadas pelo Coronavírus, o bancário João Carlos Alexandre Alves de 49 anos, relembra o desespero que viveu após acordar do coma de 35 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em um hospital de Campo Grande. João Carlos foi infectado em agosto, mas até hoje luta para retomar hábitos do dia a dia que foram paralisados pela doença.
Ao abrir os olhos depois de tanto tempo, contido por bloqueadores de movimentos, intubado e com traqueostomia, o bancário que tinha uma vida ativa, corria, jogava futebol e dedicava tempo para a família, levou um grande susto. “Eu não conseguia nem mesmo mexer os lábios, minha cabeça doía, eu não sentia meus braços e todo o meu corpo formigava, foi a maior angústia da minha vida, eu não entendia o que estava acontecendo” relata.
Em cima da cama, aos poucos o bancário começou a se lembrar que toda sua família tinha sido contaminada, foi aí que o coração apertou. “Comecei a ficar muito preocupado e bem agitado, questionava os enfermeiros, e eles diziam que ninguém podia me ver, então eles deixaram a minha família gravar um vídeo para mostrar que todos estavam bem e torcendo por mim. Depois disso eu ganhei forças e entendi que realmente só precisava focar na minha recuperação”.
Uma chance para recomeçar
Para João Carlos a evolução do seu quadro foi um verdadeiro milagre. Entre uma caminhada e outra nos corredores do hospital, a cada passo que dava em busca de sua recuperação, ele se comovia por ver as vítimas da Covi-19 intubadas e que poderiam não ter a mesa chance que ele, de nascer de novo.
Hoje, cicatrizes no rosto, na traqueia e outras partes do corpo são marcas de uma batalha que João nunca vai se esquecer. Mas o sentimento que fica é de gratidão, de alguém que venceu à Covid-19 e espera dar um novo sentido à vida.” Agora eu faço fisioterapia, vou começar um tratamento com o psicólogo e aos poucos vou retomar a minha rotina, mas a minha vida nunca mais será como antes, tudo tem um significado e um propósito novo agora” finaliza.