Vice-governador representa MS na posse do novo presidente do Paraguai

Foto: João Garrigó
Foto: João Garrigó

O conservador Santiago Peña assumiu a Presidência do Paraguai nesta terça (15) com acenos para todos os lados: ao presidente Lula (PT), ao seu padrinho político, Horacio Cartes, visto como “consideravelmente corrupto pelos Estados Unidos”, e a Taiwan, com quem mantém relações apesar da pressão da China.

“Estamos decididos a deixar de ser uma ilha rodeada de terra”, discursou o economista de 44 anos, citando o premiado escritor paraguaio Augusto Roa Bastos e cercado de apoiadores sentados em frente ao Palácio de los Lopez, no centro de Assunção, em cerimônia fechada a credenciados e de tom morno.

O novo presidente insistiu na ideia de inserir o Paraguai nos mercados globais e na América Latina, reforçando sua localização estratégica, e focou boa parte do discurso de 30 minutos na política externa. “Que o mundo testemunhe o ressurgir de um gigante”, afirmou. Ele também chamou os taiwaneses de “irmãos” e, após condenar a invasão da Ucrânia, disse apoiar ações de paz de Lula e do papa Francisco.

O Paraguai é a única nação na América do Sul entre as 13 no mundo que ainda têm relações formais com a ilha, considerada uma província rebelde pela China, o que implica abrir mão de elos diplomáticos com Pequim. Antes de chegar ao país sul-americano, Lai fez uma parada nos Estados Unidos, principal rival chinês na Guerra Fria 2.0, o que provocou promessas de retaliações “firmes e contundentes” pelo regime.

Peña terá como principais desafios lidar com uma estagnação econômica que atinge o país desde a pandemia da Covid-19, após anos de crescimento, além de índices altíssimos de informalidade no trabalho (no mesmo nível há uma década) e a alta da violência, especialmente na fronteira com o Brasil. Também terá que renegociar com Lula parte do acordo da hidrelétrica de Itaipu, que completou 50 anos neste ano.

Relação com MS

“A posse do presidente Santiago Peña vem exatamente no momento em que Mato Grosso do Sul reforça a mensagem de que queremos cada vez mais nos aproximar dos irmãos do vizinho país. Estamos trazendo uma mensagem de amizade, cordialidade, e que promete unir Mato Grosso do Sul ao Paraguai. São laços econômicos, culturais e turísticos que se fortalecem diante das obras da Rota Bioceânica”.

Essa foi a saudação levada, em nome do governador Eduardo Riedel, pelo vice-governador José Carlos Barbosa (Barbosinha), que representou o Governo de Mato Grosso do Sul na cerimônia realizada na terça-feira (15) .

Para o vice-governador, a presença de Mato Grosso do Sul, representada ainda pelo deputado Paulo Corrêa, da Assembleia Legislativa e o empresário Aurélio Rolim Rocha, em nome do setor industrial do Estado, reforça a certeza de que “queremos reforçar ainda mais os laços de amizade, cordialidade, por um novo perfil de desenvolvimento econômico, turístico e cultural entre nosso Estado e o vizinho país”.

Em julho, o governador Eduardo Riedel esteve em Assunção, acompanhado dos deputados estaduais Gerson Claro e Paulo Correa, para um encontro na embaixada do Brasil, acompanhado de ministros paraguaios.

A integração econômica

O Governo do Estado de Mato Grosso do Sul investiu nos últimos anos mais de R$ 80 milhões em obras estruturantes em Porto Murtinho, município que faz fronteira com o Paraguai, atendendo ao novo corredor e à logística portuária que se instalou na região. Também garantiu incentivos para reativar a Hidrovia do Rio Paraguai, atraindo operadores e empreendimentos portuários à região.

A rota bioceância em implantação, com extensão de 3 mil quilômetros, vai ligar o Estado através de Porto Murtinho, cruzando o território paraguaio por Carmelo Peralta (município de fronteira com o Brasil, onde governo paraguaio constrói a ponte de US$ 85 milhões), Mariscal Estigarribia e Pozo Hondo, atravessará ainda em território argentino as cidades de Misión La Paz, Tartagal, Jujuy e Salta; ingressando no Chile pelo Passo de Jama, até alcançar os portos de Antofagasta, Mejillones e Iquique.

Eleição

Peña foi eleito em 30 de abril, garantindo mais cinco anos de hegemonia ao Partido Colorado, que governa o país há quase 70 anos, desde a ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989). A exceção foi a gestão do ex-bispo de esquerda Fernando Lugo (2008-2012), alvo de impeachment a meses de concluir o mandato.

Ele superou o liberal Efraín Alegre com a vitória mais folgada da legenda contra a oposição em 25 anos -42,7% a 27,5%. Mesmo formando uma coalizão da centro-esquerda à centro-direita, Alegre não conseguiu superar a máquina política rival -a maioria dos funcionários públicos, por exemplo, é filiada ao Colorado.

Cartes, presidente da legenda e investigado interna e externamente por negócios feitos por seus bancos e empresas de cigarros, foi uma das primeiras pessoas a quem Peña agradeceu, arrancando aplausos dos presentes. O poderoso político foi quem o colocou na política, em 2015, como seu ministro da Fazenda.

Com informações da Folhapress, por Júlia Barbon

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