Meses após ter concedido incentivos fiscais para a concessionário de transporte coletivo de Campo Grande, a Câmara dos Vereadores ainda não viu serem implementadas as benfeitorias prometidas pela empresa. Por conta disso, a pressão pela abertura de uma CPI (comissão parlamentar de inquérito) sobre o assunto volta a ganhar força dentro da Casa de Leis.
Na sessão de hoje (17), uma das vozes que mais se ouvia sobre o assunto era a do vereador Tiago Vargas (PSD), que acredita que “já passou da hora” de investigar de quem é a culpa pela qualidade do serviço prestado aos campo-grandenses. Segundo Vargas, os parlamentares cogitaram formar a comissão assim que começou a legislatura deste ano, há mais de um mês, mas decidiram atender a um pedido que veio do Executivo municipal.
A prefeitura enviou à Câmara projetos de lei que concediam incentivos fiscais para o consórcio no início de fevereiro. Após uma reunião com os diretores das empresas, da Agereg (Agência Municipal dos Serviços Públicos) e da Agetran (Agência de Trânsito e Transporte) na Câmara, foram aprovados benefícios equivalentes a R$ 5 milhões, de modo a minimizar os prejuízos que os empresários alegam ter com a prestação do serviço de ônibus na Capital.
Contudo, os vereadores exigiram contrapartidas por parte do consórcio, como a ampliação da frota – com aquisição de novos ônibus –, novas linhas e também a reativação de rotas que foram interrompidas durante a pandemia. “A empresa falou que faria isso, que não veríamos mais ônibus cheios e que poderíamos ficar tranquilos, porque o mais rápido possível eles estariam dando um jeito no transporte público de Campo Grande”, lembra Vargas.
Passado mais de um mês desde a liberação dos incentivos, o que tem sido reportado por usuários pela cidade é que os problemas de sempre continuam, com veículos lotados e em número abaixo do ideal. Por conta disso, o parlamentar do PSD acredita que a solução agora passa por outro caminho.
“A partir do momento que se rompe essa confiança, nós vamos para cima deles [consórcio] com essa CPI do transporte público. Uma empresa que alega que tem prejuízo mensal de mais de R$ 2 milhões, como ela vai gerir o transporte da cidade? Então vocês não são uma empresa privada, vocês são uma instituição de caridade. É matemática isso: se todos os meses você está tomando prejuízo, você vai manter uma empresa em uma capital brasileira? Não vai, não tem como manter. Então nós precisamos urgentemente abrir essa CPI”, afirmou.
Tiago Vargas conta agora com o vereador Professor André Luis (Rede), responsável pela abertura da CPI, e também com o desejo de seus colegas para que se investigue os gastos e ganhos da empresa. O legislador, que tem um histórico de cobranças em cima do consórcio, quer que a responsabilidade sobre os problemas e soluções do serviço recaiam sobre as pessoas certas. “São os vereadores que são incompetentes? É o prefeito? É o Consórcio Guaicurus? Quem é o incompetente? Precisamos achar o verdadeiro culpado, e, para mim, só com a CPI”.
Por fim, o ex-policial civil sugeriu a entrada de um possível novo serviço de transporte para auxiliar a população que precisa dos veículos coletivos para se locomover. “Quando não tem um gato, os ratos fazem a festa; eles [Consórcio Guaicurus] fazem tudo isso porque não têm concorrência. Vamos abrir concorrência para outras empresas em Campo Grande. Por que não disponibilizar transporte alternativo, como as vans?”, exemplifica o parlamentar.
Com informações da repórter Beatriz Feldens.