Soraya cobra posição de Torres ou se ele assumirá o ônus sozinho

Foto:Soraya Thronicke foi
a última a questionar
Anderson Torres antes
do intervalo / Reprodução Youtube
Foto:Soraya Thronicke foi a última a questionar Anderson Torres antes do intervalo / Reprodução Youtube

Ex-ministro e ex-secretário de Segurança do DF depõe à CPMI de 8/1

A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), ao questionar Anderson Torres, durante os trabalhos da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) sobre os atos de 8 de janeiro, foi direta em relação à minuta de golpe encontrada na residência do ex- -ministro da Justiça.

Ela explicou que a perícia verificou que constavam digitais dele, de um de seus advogados e de um delegado da PF. “Somente as digitais suas, do seu então advogado, e de um delegado da Polícia Federal. Por que só tem essas digitais?” 

O ex-ministro respondeu dizendo que ainda existem mais apurações a serem feitas no documento e o diálogo foi assim:

Torres: Na verdade, ainda não li esse laudo, mas tem uma série de fragmentos que não foram identificados. Não são só essas digitais.

Soraya: O senhor colocou as mãos sobre ela.

Torres: Sim, eu abri e li.

Soraya: Quando senhor leu não deveria ter tomado uma atitude em relação ao conteúdo dela?

Torres: Excelência, achei isso tão descabido, fora de realidade, impraticável, que na verdade coloquei imediatamente para descarte. Não sabia que outras autoridades tinham recebido e nem que isso já estava na internet.

Soraya: Por que o senhor achou superestimado o programa PAE de emergência?

Torres: Pela nossa experiência, aqui em Brasília. Fui secretário de segurança por dois anos e três meses, eu vi as imagens daquela manhã do acampamento. Na minha cabeça, essas imagens ficaram e aquelas pessoas que estavam ali, a gente percebia claramente que estavam esperando almoço.

Soraya corta e diz: São coitadinhos vulneráveis que estavam lá. Quem banca, será? Quem ia levar esse almoço? O senhor disse que sua estratégia era desmobilizar os acampamentos a partir do dia 10, correto?

Torres: Ficou marcado e combinado isso.

Soraya: Quem determinou isso, foi decisão do senhor?

Torres: Minha, do general Dutra e da Ana Paula Marra.

Soraya: Por que o senhor não fez isso quando era ministro da Justiça?

Torres: Não cabia ao ministro da Justiça desmobilizar isso em área do Exército, enfim, tínhamos o conhecimento. Enquanto a Polícia Federal investigava, os agentes foram mobilizados, com apoio do Exército, não cabia ao ministro da Justiça, não era minha atribuição fazer isso.

A senadora Soraya Thronicke comentou então, ao final, sobre as lives nas quais o ex-ministro da Justiça participava com ex-presidente Bolsonaro, com ataques às urnas eletrônicas. Torres disse que era convocado pelo então presidente, assim como outros ministros, diretores de agências, e que não disse que as urnas não eram confiáveis. Segundo ele, como não sabia o que dizer após ficar a par do assunto, então pesquisou sobre o tema dentro do Ministério da Justiça e disse que por mais que elas (urnas eletrônicas) sejam confiáveis, “deveria ter um método de um sistema de rechecagem, ou de voto impresso, de alguma coisa de melhoria para a urna eletrônica, que isso não seria desconfiar”.

Antes de encerrar, a senadora Soraya lembrou que sábado e domingo, dias 7 e 8 de janeiro, Torres não estava de férias. O que é diferente de um servidor normal ou trabalhador de empresa. “Nós não ficamos sem ministro, sem autoridade. E, segundo seu subsecretário, nada foi passado a ele, nesse sentido. Ela finalizou, por dizer que espera que ele contribua para que a comissão consiga buscar a verdade ou, então, se ele pretende assumir isso sozinho.

Por –Alberto Gonçalves. 

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