Setores de livros e papelaria lideraram queda do varejo em setembro

Foto: Nilson Figueiredo
Foto: Nilson Figueiredo

Mato Grosso do Sul registrou recuo de 7,6% no mês passado, uma das maiores do país

 

Mato Grosso do Sul apresentou uma das retrações mais acentuadas no varejo brasileiro em setembro, com queda de 7,6%, segundo o Índice de Atividade Econômica Stone Varejo. O resultado reflete a desaceleração no setor, que teve uma retração média nacional de 2,4% no mês, a maior do ano até agora. No comparativo anual, o estado também se destacou negativamente, acompanhando a tendência de baixa observada em várias regiões.

O desempenho de Mato Grosso do Sul ficou atrás apenas do Ceará, que registrou a maior queda do país (-10%). De acordo com o pesquisador econômico da Stone, Matheus Calvelli, o enfraquecimento é reflexo de um cenário de incerteza e volatilidade econômica. “O resultado de setembro é o pior do ano para o varejo, refletindo a incerteza que domina o cenário”, afirmou.

O índice é calculado com base em um modelo econômico inspirado na metodologia do Federal Reserve Board, dos Estados Unidos, e analisa o comportamento de oito segmentos do comércio. Os setores de móveis e eletrodomésticos e de papelaria foram os que mais contribuíram para o recuo, com retrações de 3,5% cada, seguidos por vestuário e calçados (-3,0%).

À reportagem do O Estado, o economista Lucas Mikael explica que a queda de 7,6% no varejo sul-mato-grossense em setembro pode sinalizar uma diminuição temporária no poder de compra das famílias. “Essa retração pode levar os consumidores a reavaliar seus gastos, priorizando compras essenciais e adiando aquisições não necessárias. Essa mudança no comportamento de consumo impacta diretamente as receitas dos varejistas, gerando uma pressão adicional sobre os estoques e a lucratividade do setor”, afirma.

Desafios do setor de livros

Conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em agosto de 2024, o grupo de Livros, jornais, revistas e papelaria apresentou uma queda de 7,6% nas vendas em comparação ao mesmo mês do ano anterior, marcando o quarto resultado negativo consecutivo. Nos últimos 19 meses, somente em abril de 2024 o setor teve um desempenho positivo, com um aumento de 2,4%.

O acumulado do ano até agosto revela uma diminuição de 7,3% nas vendas, representando o segundo mês consecutivo em que esse índice se mantém no mesmo patamar. Em termos anuais, as perdas foram de 7,9% até agosto. Além disso, na comparação com o mês anterior, julho de 2024, o setor teve uma queda de 2,6% nas vendas, refletindo a tendência negativa que vem sendo observada.

Daniel Freire, proprietário da Daniel Livros, aponta que o custo de um livro varia de R$ 80 a R$ 100, o que limita o acesso, especialmente para as classes D e E, que muitas vezes não têm o hábito de leitura devido a outras prioridades. “Livros didáticos, por exemplo, podem ser bem caros: um material para o primeiro ano do ensino fundamental pode custar até R$ 2.600”, destaca.

No entanto, Daniel observa que livros paradidáticos continuam sendo comprados, especialmente por escolas que mantêm a tradição de solicitar diversas obras de apoio para os alunos. “Mesmo na pandemia, a demanda se manteve, pois muitos pais procuraram reforço para os estudos em casa”, comenta. Apesar das mudanças no mercado com o aumento do consumo de PDFs e livros digitais, ele afirma que segmentos como o infantil e paradidático permanecem fortes.

Para minimizar as perdas em um cenário de incerteza econômica, o economista sugere que o comércio local invista em promoções sazonais e descontos atraentes, que estimulem o consumo, especialmente em produtos de alta demanda. “Além disso, é fundamental que os comerciantes adaptem suas ofertas de acordo com as preferências do público e invistam em vendas online e delivery para alcançar mais clientes. Essas medidas ajudam a fortalecer o relacionamento com o consumidor e podem ser decisivas para superar esse momento desafiador”, conclui.

Análise do especialista

O economista Lucas Mikael explica que a queda no varejo sul-mato-grossense pode sinalizar uma diminuição temporária no poder de compra das famílias. “Essa retração pode levar os consumidores a reavaliar seus gastos, priorizando compras essenciais e adiando aquisições não necessárias. Essa mudança no comportamento de consumo impacta diretamente as receitas dos varejistas, gerando uma pressão adicional sobre os estoques e a lucratividade do setor”, afirma.

Para minimizar as perdas em um cenário de incerteza econômica, Mikael sugere que o comércio local invista em promoções sazonais e descontos atraentes, que estimulem o consumo, especialmente em produtos de alta demanda. “Além disso, é fundamental que os comerciantes adaptem suas ofertas de acordo com as preferências do público e invistam em vendas online e delivery para alcançar mais clientes. Essas medidas ajudam a fortalecer o relacionamento com o consumidor e podem ser decisivas para superar esse momento desafiador”, conclui.

 

Por Djeneffer Cordoba

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