Sem reparos durante estiagem, moradores apontam despreparo da prefeitura para chuvas

REPAROS DE ENCHENTE
Nilson Figueiredo

Trabalhos inacabados e chegada de temporais colocam população em alerta para novos riscos

Lançada em 2012, na gestão de Nelsinho Trad (PSD), a revitalização da Avenida Ernesto Geisel recomeçou no início de agosto de 2020. O valor estimado para conclusão da revitalização foi de R$ 52 milhões. Até hoje, após idas e vindas, a obra segue sem conclusão. Com a volta das chuvas, a população teme que a Avenida Ernesto Geisel volte a alagar como em anos anteriores. Para os moradores, a prefeitura deveria ter solucionado não só este problema das enchentes, mas também outros já conhecidos, durante o período de estiagem, para que o problema não voltasse a ocorrer.

Morador da Vila Taquarussu, Jessione Bezerra relata que o sentimento é de abandono e medo, pois, além de ajudar a promover as obras quando o projeto Reviva Centro foi anunciado, se preocupa com os alagamentos que ocorrem na região durante o período de chuvas.

“Eu fico preocupado porque eu fui uma das pessoas que saíram fazendo propaganda. A obra parou, a prefeitura não deu sinal de nada e ficamos preocupados, porque essa área é muito perigosa no sentido de enchentes. A qualquer momento, ainda mais com as chuvas chegando, pode ser que volte a transbordar novamente na parte crítica. Em vez de fazer a parte crítica primeiro, fez a que não havia tanta necessidade e no lado que realmente precisa, onde inunda, eles se esqueceram. Foi muito mal administrado no quesito de conversar com o povo para ver o que é necessário fazer de imediato”, desabafa.

A secretária Fernanda Furtado trabalha em uma borracharia que fica no cruzamento da Ernesto Geisel com a Euler de Azevedo, trecho antigo das proximidades da Rachid Neder que sofre por conta da falta de drenagem. Na parede do local é possível ver até a marca de onde a água alcança quando a região inunda. “Todo ano inunda a borracharia, já chegou a queimar o painel e estragar equipamentos”, disse. 

De acordo com Furtado, as chuvas registradas este ano ainda não foram suficientes para inundar a avenida, mas já causam medo em todos que trabalham no local. “Na semana passada choveu um pouco mais forte, oscilou a luz e em questão de 10 minutos o córrego transbordou. A água não chegou aqui, mas meu chefe já tinha ligado falando para subir os equipamentos e levar os carros para a rua de cima”, relatou.

Conforme a secretária, a situação precisa ser resolvida de forma rápida. “Em cinco meses, por duas vezes funcionários da prefeitura vieram aqui e nos perguntaram se alaga, mas nunca vimos ninguém fazer nada”, lamentou.

BUEIROS 

No bairro Jardim São Lourenço, em Campo Grande, os moradores se revoltam por conta de bueiros sujos na Rua Inácio de Souza. Os locais estão cheios de sujeira, e com as chuvas a situação piora, já que chegam a transbordar. Além do mau cheiro que atinge toda a região.

O contador Francisco Rigonato é morador dessa rua e sofre com a situação. “Esses bueiros estão todos entupidos. Nunca vi ninguém limpar e quando vem a chuva piora. À tarde não há quem aguente o mau cheiro”, desabafou

Ele acredita que a prefeitura precisa tomar uma atitude para resolver o problema dos bueiros entupidos. “A prefeitura deveria manter sempre limpo. A gente paga os nossos impostos, a taxa de lixo e a situação contínua dessa forma”, disse.

Em frente da casa da nutricionista Glaucia Batista está um desses bueiros. Por fora é possível ver a sujeira, mas não é o que se encontra em pior estado, isso porque ela procura manter a limpeza. “Sempre que dá, vou limpando por cima para não voltar a sujeira, mas quando chove não tem jeito. Faz muito tempo que não vejo ninguém do município limpar esses bueiros”, contou. 

Nesse período de chuva, Batista afirma que a situação piora. “Ele fica sempre assim com sujeira e um cheiro forte. Quando chove, por conta da sujeira, alaga tudo. Se tivesse uma limpeza frequente amenizaria esse problema”, assegurou.

Reviva Centro

As reclamações também incluem a região central, segundo Márcio Coimbra, morador da Rui Barbosa há cinco anos, aponta que os moradores estão cansados do ir e vir de obras na região e que tendem a demorar ainda mais com a chegada do período de chuvas.

“A obra em si é uma coisa benéfica. No entanto, esses atrasos geram alguns transtornos. E tem algumas questões de falha humana, no que diz respeito à segurança. A gente compreende que é obra, então até que ponto a gente pode se irritar com esses constrangimentos, a gente não sabe. Teve um estacionamento que o carro afundou e danificou. Se for pra melhorar é benéfico. Agora, se for só mais uma obra para superfaturar dinheiro, porque a gente não sabe qual político é honesto ou não, então já não é tão legal”, lamentou o morador que afirma que as obras em frente da sua casa tiveram atrasos. “Pelo comentário das pessoas ali, atrasou mais do que o previsto. Com certeza gerou alguns transtornos. Tiveram algumas semanas que eu precisei fazer entregas, porque eu faço móveis, e atrasou. Isso gera um atraso também na hora de eu receber”, completou.

Segundo o secretário municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos, Rudi Fiorese, o atraso com a chegada das chuvas já era esperado. Ele ainda destacou que trabalhos de drenagem foram realizados em algumas regiões.

“No período de chuva cai um pouco o ritmo, isso já era esperado. Nós procuramos fazer a drenagem antes. Por exemplo, na Nova Campo Grande, praticamente terminamos de fazer a drenagem, então nos preparamos para o período de chuva. Das drenagens existentes, nós sempre intensificamos os serviços de limpeza de bocas de lobo, os canais onde temos barragens, como no Segredo, temos duas pequenas barragens que sempre fazemos um desassoreamento antes das chuvas, preparando a cidade”, finalizou. (Isabela Assoni e Mariana Ostemberg)

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