‘Saber que a polícia lembra do meu caso, não tem preço’, diz vítima

Créditos: ms.gov.br/
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Operação da PM inspeciona o cumprimento de 150 medidas protetivas

 

“Saber que a polícia lembra do meu caso não tem preço. Era para eu estar morta e, graças à polícia e à Deam, estou aqui, com meus filhos”, relata uma das vítimas de violência doméstica que recebeu a Polícia Militar, durante uma operação que fiscalizou o cumprimento de medidas protetivas que estão ativas, na Capital.

Durante toda a sexta-feira (31), foram inspecionadas mais de 150 medidas protetivas. Segundo o subdiretor de policiamento comunitário e responsável pela operação, tenente-coronel Carlos Magno, a ação foi feita devido aos seis casos de feminicídio registrados no Estado e que, em muitos, a vítima possuía medida protetiva.

“O foco da PM agora é erradicar isso. Essa operação é para prevenir, antes que o pior aconteça, como já aconteceu no Estado, muitas vezes. Então, aproveitamos que estamos no encerramento do mês da Mulher, unindo o Promuse (Programa Mulher Segura), que nos apoiou nesse esforço, aumentando a segurança e a proteção que as mulheres têm direito”, assegurou.

Ainda conforme o tenente-coronel Carlos, atualmente, em Mato Grosso do Sul, são 5.800 medidas protetivas de urgência ativas, número que também motivou a realização da operação. Entretanto, antes de irem para as ruas, em direção às residências das vítimas, os policiais militares receberam instruções no Comando-Geral da PMMS, localizado no Parque dos Poderes.

A sargento Aline foi uma das instrutoras, segundo ela, a primeira coisa a ser feita é

verificar se a vítima tem ciência da medida e se ela é cumprida pelo autor. “Mas, caso a vítima não esteja no local, falamos com um vizinho para que seja testemunha da tentativa de contato, por parte da equipe policial, claro que sem revelar a motivação, para não expor a vítima”, explicou.

E esse foi justamente o cenário encontrado pela equipe policial, acompanhada pelo jornal O Estado, na primeira parada, no bairro São Conrado.

A vítima não estava em casa, mas, segundo o sargento Adelino, mesmo assim, a missão estava cumprida. “Nesse caso, ela está no trabalho, mas além de conversar com ela e saber como ela está, é de suma importância que os vizinhos vejam nossa visita, que ela saiba que passamos por aqui. Isso, com certeza, chega até o agressor, e inibe qualquer nova tentativa.

A ideia é trazer a sensação de proteção, gerando atenção ao caso”, afirmou. Já na segunda parada, encontraram a vítima que citamos acima e que se sentiu aliviada, em saber que a polícia não esqueceu o seu caso. Ela tem 36 anos e a violência ocorreu há dois anos. O relacionamento, segundo a mulher, durou 2 meses e ele tinha envolvimento com droga. “Ele me agrediu na presença do meu filho e da filha dele, duas crianças”, contou.

O agressor está preso por homicídio, mas, por segurança, ela mudou de telefone e endereço. “Esses dias, ele teve direito à saidinha. É um misto de medo e, com essa visita da PM, eu vi que não preciso ter medo, o meu caso não está esquecido.

A filha dele e meu filho estudam na mesma escola, então ainda têm uma ligação”, relatou.

Outro cenário que pode ser encontrado pela equipe policial é do agressor estar presente no local. Segundo o tenente-coronel Carlos Magno, esse é o pior cenário. “Neste caso, deve-se conversar com a vítima em separado e, mesmo se, no caso, houve reconciliação no relacionamento, deve ser feita a condução de ambos até a

Delegacia Especializada, para cumprimento de providências cabíveis, orientando a vítima que ela deve solicitar a revogação da medida protetiva de urgência, na Casa da Mulher Brasileira”, explicou.

Ao todo, na operação, para fiscalizar as medidas nas sete áreas da Capital, foram empregados 40 policiais, em 20 viaturas. 

 

Promuse

O Promuse (Programa Mulher Segura) atende em 18 municípios de Mato Grosso do Sul, incluindo Campo Grande, com monitoramento e proteção das mulheres em situação de violência doméstica e familiar.

Segundo a Polícia Militar, os policiais são capacitados e realizam policiamento orientado, com objetivo de promover o enfrentamento à violência doméstica contra mulheres, por meio de fiscalização de medidas protetivas de urgência, ações de prevenção, visitas técnicas, conversas com vítimas, familiares e até mesmo com os agressores, fazendo os encaminhamentos aos órgãos da rede de enfrentamento à violência contra as mulheres.

Os atendimentos podem ser acionados via 190 ou pelo número (67) 99180-0542 (inclusive pela plataforma WhatsApp), ou nos canais do interior do Estado. O Promuse foi reconhecido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2017, como uma das dez melhores práticas inovadoras, no enfrentamento à violência contra a mulher, no país, e foi um dos finalistas do prêmio Innovare, em 2018.

 

Por Rafaela Alves e Brenda Leitte – Jornal O Estado de MS.

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