É só chover em Campo Grande para faltar a luz. Segundo dia seguido de chuva os problemas da semana passada voltou a tona. Desta vez ao menos 39 bairros ficaram com fornecimento de energia interrompido afetando 19 mil pessoas.
Até às 16 horas de ontem (15) mais da metade destes consumidores, cerca de 11 mil clientes, ainda estavam sem luz em suas residências. O período de reestabelecimento de energia elétrica de até 4 horas totalmente ignorado.
Conforme o engenheiro elétrico e consultor do conselho de consumidores, Jenner Ferreira, explica que a frequente falta de energia após vendavais e temporais na cidade ocorrem pelo formato aéreo da rede elétrica. “Esse tipo de rede é mais sensível à queda de árvores e rompimento de fios por conta de ventos muito fortes”, ressaltou.
Ferreira pontuou que é habitual que a queda de energia ocorre de forma ampla, normalmente em regiões da cidade, por conta do sistema de autopreservação da fiação. O engenheiro reiterou que, em casos de falta de luz, a concessionária responsável precisa reestabelecer os serviços em até quatro horas.
“O limite regulatório é de quatro horas, até esse período a concessionária é obrigada a restabelecer os serviços. O que excede, a empresa precisa pagar multas ao consumidor”, frisou, se referindo à regulamentação da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Ferreira explicou que o consumidor deve ficar atento a sua conta de luz, pois, o valor do que não foi consumido é restituído automaticamente pela concessionária. Em casos como este, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) regulamenta que a energia elétrica deve ser reestabelecida em até 4 horas.
No Oliveira 3, moradores relataram que ficaram sem luz por mais de 12 horas após um curto circuito seguido do rompimento de cabos elétricos. De acordo com o militar aposentado e morador do bairro, Apolônio Aguero, 53 anos, o fornecimento de energia iniciou por volta de 21h30 da noite de quarta-feira.
“Eu liguei para a Energisa e não conseguimos falar com ninguém, nenhum contato e nenhuma solução para o nosso problema. Nós pagamos um absurdo de energia e eles não resolvem quando precisamos”, relata Aguero.
A moradora Celsa Afonso Vila Maior, 74 anos, disse que ficou preocupada com a eventual perda dos alimentos. “Estamos sem energia desde às 21h30, e com a geladeira desligada com tudo dentro, carne, leite. O pior é que o temporal me pegou de surpresa, eu não tinha vela e um vizinho me emprestou o fósforo para eu poder acender meu fogão”, disse.
No bairro Parque dos Girassóis, o proprietário de uma casa de rações, Francisco Antônio Lopes, 60 anos, relatou que começou o dia de trabalho sem energia. Com produtos que dependem de refrigeração como vacinas, Lopes contou que teve receio de perder os produtos.
Existem casos mais complexos, justifica Energisa
Questionada sobre a demora em reestabelecer o fornecimento de energia, a Energisa, concessionária de Mato Grosso do Sul, informa que redobrou o número de equipes para atender as ocorrências, mas “existem casos que são mais complexos e demandam mais tempo”.
Até o fim da tarde de ontem, segundo a concessionária, os bairros com problemas no fornecimento de energia eram: Vila Santo Antônio, Vila Piratininga, Nova Campo Grande, Vila Nasser, Universitário, Tiradentes, Santo Amaro, Portal Caiobá, Pioneiros, Conjunto União, Rita Vieira, Maria Aparecida Pedrossian, Núcleo Industrial, Nova Lima, Moreninhas, Mata do Segredo, Tijuca, Jardim São Lourenço, Jardim São Conrado, Jardim Parati, Jardim Centro Oeste, Jardim Centenário, Jardim Batistão, Aero Rancho, Chácara dos Poderes, Carandá Bosque, Caiçara e Amambai.
Segundo a concessionária responsável pelo fornecimento de energia, 40% das interrupções foram decorrentes de árvores e galhos em contato com a rede elétrica, e 30% de objetos lançados à rede. Leia mais notícias.
Nota de esclarecimento:
Em nota, a Energisa declarou que:
A Energisa esclarece que os indicadores que medem qualidade do fornecimento de energia são o DEC e FEC e desde 2014 estão dentro dos limites definidos e fiscalizados pela ANEEL. Eventos graves e fora do comum, como os ocorridos na última quarta e quinta-feira, são tratados pela legislação da ANEEL como atípicos.
Os ventos de 80 km/h e mais de 200 mil descargas atmosféricas provocaram quedas de árvores e rompimento de cabos. Grande parte das ocorrências são complexas e exigem trabalhos de recuperação que, em algumas situações, são praticamente de reconstrução da rede elétrica.
Por se tratar de uma Capital entre as mais arborizadas do mundo e para evitar interrupções de fornecimento, é importante que o plantio seja feito de forma correta e adequada, e se for abaixo da rede de energia, utilizar espécies de pequeno porte.
Reiteramos que, em virtude da gravidade, quadruplicamos o número de equipes visando reduzir ao máximo o tempo de restabelecimento aos clientes
(Texto: Mariana Moreira)