Reino Unido e Mercosul buscam acordo de livre comércio

Lado a lado, Reino Unido e Mercosul se olham como nunca antes e concordam com a necessidade de firmar um acordo que permita, no horizonte mais curto possível, o livre comércio de bens e serviços entre os dois mercados.

O embaixador britânico no Brasil, Vijay Rangarajan, afirmou que um acordo entre seu país e o bloco sul-americano “é uma das prioridades do governo britânico para o cenário pós-saída da União Europeia”. “Esta intenção faz parte das conversas regulares com o governo brasileiro”, disse.

Fontes do Itamaraty confirmam haver tratativas com Londres. Há, inclusive, relatos de que o presidente Jair Bolsonaro teria abordado o assunto, sem entrar em detalhes, em contatos com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

Os britânicos não estão entre os 10 maiores parceiros comerciais do Brasil. Mas absorveram 2,96 bilhões de dólares em produtos brasileiros e embarcaram para o país 2,33 bilhões de dólares em mercadorias em 2019.

“Nossa relação de negócios com o Brasil sempre foi muito boa e tem crescido nos últimos anos”, diz o embaixador Vijay Rangarajan. “Agora, vamos reforçar nossa firme colaboração com o governo brasileiro para estreitar ainda mais esses laços”.

Para o Ministério de Relações Exteriores, há mais espaço para negociar termos vantajosos com o Reino Unido do que houve nas tratativas para o acordo União Europeia-Mercosul. Os britânicos são conhecidos por serem menos protecionistas na área agrícola e terem posições mais ofensivas em vários temas da agenda comercial internacional, como por exemplo os transgênicos e a biotecnologia.

“O governo brasileiro quer dar prioridade e aprofundar o relacionamento comercial com o Reino Unido”, afirma a coordenadora-geral de Negociações Extrarregionais do Itamaraty, Paula Barboza. A ideia de ambos os lados é usar o pacto União Europeia-Mercosul como base para um novo acordo de livre comércio, porém, ousar mais nas propostas agrícolas.

Com toda a burocracia que envolve a aprovação de um acordo com a União Europeia, é possível até mesmo que uma aliança com o reino de Elizabeth II seja consumada antes da entrada em vigor do pacto com os europeus.

(Texto: João Fernandes com Veja)

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