Queimadas no Pantanal forçam migração de onças-pintadas

Animais vão para outras áreas e podem gerar desequilíbrio ambiental

Os incêndios têm castigado o Pantanal sul-mato- -grossense nos últimos dois meses e as consequências já são visíveis. As onças- -pintadas passaram a ser vistas com muito mais frequência do que habitualmente neste período. Somente no entorno da Serra do Amolar, 79 mil hectares já foram destruídos pelo fogo e isso tem causado a migração forçada dos felinos, assim como dos outros animais da fauna pantaneira. A tendência é de que essas migrações forçadas aumentem a competição por presas e pelo território entre as onças. 

A consequência direta, conforme o médico-veterinário do IHP (Instituto Homem Pantaneiro), Diego Viana, é a redução populacional desse animal no Pantanal. “Aqui no Pantanal, a gente tem uma densidade média de onça-pintada de seis a sete animais a cada 100 km². Então, quando queima uma área, essas onças que viviam nesses 100 km² vão para áreas em que já vivem outras onças. Com isso, passa a ter de 12 a 14 animais. Mas o maior problema disso é que tende a aumentar a competição entre as próprias onças por território e por alimento e isso tende a impactar negativamente também na população de onças como um todo, interfere até nas áreas que não foram queimadas, pois aumenta a densidade de onça em uma pequena área”, assegurou. 

O IHP fica na Serra do Amolar, e, diante da área destruída no entorno, 53 onças- -pintadas, aproximadamente, foram impactadas pelos incêndios. A expectativa é de que esses animais retornem às áreas atingidas assim que a flora for recuperada. Porém, não é possível estimar quando o retorno deve ocorrer. O principal fator para isso é a recuperação da flora, o que depende das chuvas. “O grande problema é que agora não estamos no período de chuva. Mesmo que chova e apague o fogo dessas áreas, como já apagou em algumas regiões do Rio Paraguai, precisamos de um grande volume para recuperar a flora. O tempo que pode levar para que os animais retornem para as áreas é variável”, explica o médico-veterinário.

(Confira mais na página A6 da versão digital do jornal O Estado)

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