Nos últimos dias, os bloqueios nas rodovias federais e estaduais impediram a chegada de mercadorias à Ceasa/MS (Centrais de Abastecimento de Mato Grosso do Sul) e reduziram drasticamente a entrada de produtos. Os dados divulgados pela Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) nesta quinta-feira (3), apontam que a queda foi de 80%, em relação aos dias normais.
Segundo o secretário da Semagro, Jaime Verruck, essa queda foi mais influenciada pelas interdições ocorridas fora de Mato Grosso do Sul, do que propriamente pelas que ocorreram no estado. “Isso mostra, claramente, como os bloqueios afetaram diretamente os consumidores. Imediatamente tivemos um aumento de preços e a diminuição na oferta de produtos com apenas alguns dias de paralisação”, comenta.
O secretário também aponta que com a liberação das rodovias, o fluxo de cargas tende a se normalizar e a oferta de produtos na Ceasa/MS também será restabelecida nos próximos dias. “Já percebemos desde ontem uma melhoria no fluxo e estamos com a expectativa de que até amanhã a gente já tenha uma regularidade no número de caminhões chegando na Ceasa e, consequentemente, no fornecimento”.
Números
De acordo com o levantamento da diretoria da Ceasa/MS, nos dias 1 e 2 deste mês houve drástica redução na entrada de produtos, com um percentual entre 70% e 80% a menor do que em dias normais.
Em comparação com terça e quarta-feira passadas, houve uma redução de 50% na chegada dos caminhões, passando de 108 para 54 veículos. Os caminhões que conseguem chegar, em sua maioria, trazem cargas do próprio Mato Grosso do Sul.
Geralmente, a Ceasa/MS recebe, em média 1.547 toneladas de mercadorias nas terças e quartas-feiras. Mas nessa semana (dias 1º e 2), o total não passou de 600 toneladas.
Mudança nos preços
Os comerciantes da Ceasa/MS estão com estoque regular de alguns produtos menos perecíveis, como batata, cenoura e cebola. Entretanto, a batata foi um desses produtos que teve alteração de preços: saiu de R$ 110,00 para R$ 180,00 o saco de 25kg, ou seja, um aumento de 62%.
O diretor da Central, Daniel Mamédio do Nascimento, aponta que os preços já começam a subir, refletindo a diminuição da oferta. “No geral, a diminuição na entrada de mercadorias foi de aproximadamente 65%, prejudicando não só os vendedores como também os compradores que não conseguem chegar para comprar e levar para seus municípios”.
Todos os produtos tiveram entrega reduzida, com destaque para o abacaxi, que é trazido de SP, MG, PA, AL, BA, MA e MS. Esse produto não teve nenhuma entrada registrada na quarta-feira (2).
Para se ter outro parâmetro comparativo, na segunda-feira da semana passada (24/10) a Ceasa/MS recebeu 63.243 toneladas de abacaxi e nessa segunda-feira (31), apenas 21.120 toneladas. Uma redução de 70%.
A cebola, que é trazida de SP, MG, GO, MT, SC, RS e também de Mato Grosso do Sul, teve diminuição de 77% do volume total nesses dias, passando de 57,1 toneladas na semana passada para 13,46 toneladas no início dessa semana.
Outro produto destacado é a melancia, oriunda dos estados de BA, ES, MT, SP, GO, MG, RN, RS, TO e MS. Não houve registro de entrada do produto na terça-feira, e o total contabilizado na semana foi de 5,05 toneladas. No mesmo período da semana passada a Central recebeu 41 toneladas de melancia.
Goiaba, maçã, melão e pêra também entram na lista dos produtos que não registraram entrada na CEASA/MS nesses dias de paralisação. “A tendência, segundo os permissionários questionados, é que se não normalizar até neste sábado, haverá a falta de várias mercadorias, além do aumento expressivo nos preços dos produtos que ainda restam no estoque”, comenta Mamédio.
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