Após a morte da menina de 2 anos espancada e estuprada pelo padrasto, autoridades de Mato Grosso do Sul estão empenhadas na criação de um Centro de Atendimento às Crianças, na sede da Casa da Mulher Brasileira, para o atendimento 24 horas por dia de casos que envolvam violência contra crianças e adolescentes.
Em reunião na manhã de ontem (15), o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antonio Carlos Videira, pontuou que é de interesse do Estado instalar na Casa da Mulher Brasileira, ainda no mês de março, o Núcleo de Medicina Legal para atender crianças vítimas de violência.
“O colegiado entendeu a nossa demanda, tirou as dúvidas e nós vamos formalizar dentro do que se liberou, para que nós possamos ter o atendimento a toda a criança vítima de violência 24 horas por dia, fins de semana também, e durante o expediente da Depca, mas todas as crianças sendo atendidas aqui e fazendo os exames médicos nesse núcleo”, pontuou, frisando que poderá ser instalado ainda em março, bem como a contratação de psicólogos especializados no atendimento para esse público.
Audiência pública é marcada por manifestações
Vestidos com camisetas com a foto da criança de 2 anos, familiares e amigos iniciaram uma manifestação clamando por justiça em frente da Câmara Municipal de Campo Grande na manhã de ontem (15). A audiência pública criada para debater casos de violência contra a criança, com ênfase no caso do estupro, tortura e assassinato praticado pelo padrasto e com omissão e espancamentos por parte da própria mãe, levou à criação da Comissão Permanente de Proteção dos Direitos da Criança e do Adolescente, da Câmara Municipal da Capital, presidida pelo vereador Coronel Alírio Vilassanti.
O vereador explicou que a criação da Comissão Permanente de Proteção dos Direitos da Criança e do Adolescente tem como objetivo fiscalizar e verificar eventuais falhas envolvendo não só os órgãos do setor, mas principalmente a sociedade organizada.
“É o nosso dever. A comissão composta de cinco integrantes fará esse trabalho”, disse Vilassanti. Questionado sobre as medidas que serão tomadas, ele explica que inicialmente seria ideal um conselho a cada cem mil habitantes. “Então em tese teríamos de ter nove conselhos tutelares de Campo Grande e então, fiscalizar, a estrutura, a organização, os objetivos institucionais estão sendo cumpridos ou não.”
O jornal O Estado conversou com o pai da menina, Jean Ocampo, e seu companheiro, Igor de Andrade, que em meio às lágrimas relembravam os momentos com a criança, durante as visitas. “Ela era uma menina de luz e ainda dói muito, mas nós precisamos transformar o nosso luto em luta, para que outras crianças não precisem passar pelo que a minha filha passou”, disse Jean. A avó materna da menina, Deuziene da Silva de Jesus, negou à imprensa que soubesse das agressões; ela alega que a filha sofria um relacionamento abusivo. “Eu não sei o que aconteceu com ela, mas ela vai precisar pagar pelo que fez”, afirmou.
Por Camila Farias e Tamires Santana – Jornal O Estado do MS.
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