Mato Grosso do Sul está entre os cinco estados que menos têm negros donos do próprio negócio. Segundo levantamento feito pelo Sebrae-MS (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), os homens representam 52% enquanto as mulheres 54%.
“Para a manutenção desta situação, é preciso que as políticas públicas estimulem o conhecimento, oportunidade em relação a investimentos para os micros e pequenos empresários e autônomos em geral para que possa reduzir essas diferenças”, avalia o economista Eugênio Pavão.
“No lado da demanda, a explicação para os diferentes níveis entre empreendedores brancos e negros se dá pela questão dos consumidores, que preferem empresas de pessoas brancas, mesmo que os serviços sejam feitos por negros”, completa Pavão.
Desafios para empreender
A empreendedora Júlia Eugênia da Silva, de 68 anos, trabalha há mais de dez anos por conta própria com tortas salgadas, caponatas de berinjela, roscas e feijoada para eventos no bairro União, em Campo Grande.
Por ser uma mulher negra, ela conta que sempre enfrentou desafios e, inclusive, destaca que não foi apenas para empreender e, sim, na vida. “O desafio para uma mulher negra é muito maior. No começo é difícil adquirir clientes, pois não são todos que acreditam no seu trabalho e a sociedade acaba estabelecendo uma barreira, mas faço de tudo para não me inibir”, relata a empreendedora.
Para o empreendedor José Antônio Gonçalves, de 51 anos, as dificuldades e os desafios para enfrentar em um comércio são grandes. José trabalha junto com a esposa, Solange Maidana Alves, no “Trailer da Sol” que fica localizado no bairro José Abrão, na Capital.
“Estamos há 13 anos morando em Campo Grande, porém, trabalhava em outra área e por necessidade tive a ideia de investir em um comércio de bairro. Cada dia que passa é um desafio que temos de enfrentar. Porém, estamos conseguindo caminhar com o comércio e garantindo um retorno econômico bom para a família”, finaliza Gonçalves.
Brasil
No segundo trimestre de 2022 havia 29,9 milhões de empreendedores no país, sendo os donos de negócios negros os mais jovens e menos escolarizados, trabalham sozinhos,
possuem os negócios menores e têm menor rendimento e contribuem menos à previdência.
Enquanto os empreendedores negros tinham renda média mensal de R$ 2.079 no segundo trimestre do ano passado, os brancos ganhavam R$ 3.040 no país. Com isso, o rendimento de empreendedores negros é em média 32% inferior ao de empreendedores brancos.
Por Marina Romualdo – Jornal O Estado do MS.
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