Medo acompanha rotina dos moradores de bairros sem COVID

Dos 74 bairros, apenas 6 estão sem casos confirmados até agora

Próximo de avenidas movimentadas e área destinada para a prática de esportes são algumas características que contrariam as probabilidades dos bairros que se mantêm “livres” da COVID-19. O primeiro caso do vírus está próximo de completar três meses em Campo Grande, e desde então o mapa do município foi sendo preenchido por novos casos, que atualmente somam 398. Entre os 74 bairros da cidade, apenas 6 deles se encontram sem pessoas contaminadas, mas o temor é algo constante e o cuidado não se reduz por conta disso. Ao mesmo tempo, o longo período em isolamento leva famílias a aproveitar um dia para “relaxar”, pois o fluxo intenso de informações tem causado grande estresse, principalmente para a população de risco.

Ao longo dos três meses em que o vírus tem se espalhado pelo município, apenas os bairros Cabreúva, Chácara dos Poderes, Monte Líbano, Santo Antônio, Vila Piratininga e Vila Bandeirantes seguem sem casos confirmados, conforme o levantamento do Sisgran (Sistema Municipal de Indicadores). Entre os bairros, próximo da região central está o Cabreúva, que, segundo dados do censo de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), possui 2,8 mil habitantes, que se preocupam com a Orla Morena, que atrai um grande número de pessoas vindas de outras regiões já que é dos mais conhecidos pontos de recreação e prática de exercícios da Capital. Para o comerciante Jamilton Sampaio, de 48 anos, que atua em uma conveniência em frente do início da orla, o fato de o bairro não possuir casos é uma surpresa e um alívio, pois, mesmo com o isolamento social, existem dias em que o fluxo de pessoas pela avenida é intenso. “Aquele sentimento de medo é presente, no início houve uma redução grande, porém, agora, parece que o pessoal leva como se tudo tivesse voltado ao normal. Já ocorreu diversas vezes de a conveniência receber denúncias dos vizinhos, como se nós estivéssemos promovendo aglomerações porque o pessoal para na frente [nos bancos da orla], liga o som e vem comprar as coisas aqui, mas a gente tenta evitar e avisar que está errado nesse momento”, pontuou.

Mas Jamilton conta que, apesar de o temor com o vírus ser frequente, a vida não pode parar, pois, ligada ao coronavírus, veio a crise na economia e, hoje, mesmo tendo comorbidade, como a hipertensão, a atuação no trabalho é dobrada. “Normalmente meu empreendimento possui três linhas de frente, a conveniência, o bar e o trabalho com festas. Com esse vírus, um parou completamente, outro abre com 40% e o único que continua normalmente é a conveniência. Nesse meio-tempo eu precisei dispensar três funcionários para conseguir manter as contas e isso fez com que eu precise estar aqui em tempo integral, mesmo estando no grupo de risco”, desabafou.

O medo de contrair a doença é algo presente na vida da idosa Belkiss Souza Seidenffus, de 71 anos, moradora do Cabreúva. Mas, pela primeira vez, ela se permitiu sair de casa e dar um passeio pela Orla Morena, isso por volta de 15 horas, quando o movimento no local é menor. Acompanhada das filhas e dos netos e usando máscara, o sentimento presente foi de relaxamento; uma tarde para esquecer a pressão de ser grupo de risco, em um momento que a doença tem levado tantos outros. “Eu vivo com medo, de sair de casa ou de ser contaminada, essa é a primeira vez que saio, mas o medo sempre está presente”, apontou.

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(Texto: Amanda Amorim/Publicado por João Fernandes)

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