O avanço da COVID-19 em Campo Grande está levando especialistas da linha de frente contra o vírus a cobrar medidas mais rigorosas a fim de reduzir a disseminação. Com isso, surgiram boatos de que o lockdown (confinamento) seria implantado, mas, na tarde de ontem (14), o prefeito Marquinhos Trad descartou essa possibilidade, garantindo que o comércio não será afetado.
No entanto, o chefe do Executivo afirmou que novas medidas restritivas serão adotadas. A expectativa é de que as ações sejam divulgadas ainda hoje (15). “Não haverá lockdown, mas haverá, sim, medidas restritivas, mas não fechamento do comércio, do shopping, dos bares e restaurantes. Haverá, sim, restrições para que nós continuemos a controlar a pandemia e, sobretudo, termos leitos vazios”, afirmou durante transmissão ao vivo em sua rede social.
Para o presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas), Adelaido Vila, o descarte da possibilidade de lockdown é um alívio. Ele acredita que existem formas de se trabalhar e ainda aumentar a segurança. “Acredito que haverá uma redução no horário de funcionamento [do comércio], talvez passe a abrir às 11h e fechar às 17h e, ainda, fechar nos sábados, o que é uma grande perda para nós, mas não vai prejudicar tanto quanto um fechamento total”, avaliou.
Um outro ponto que causa revolta no presidente da CDL é a impunidade daqueles que descumprem o decreto. “Não é justo que apenas um setor arque com toda a responsabilidade, sendo que a principal ponto de transmissão não está no varejo. É preciso que tenha uma punição para essas pessoas que descumprem o decreto, continuam indo para as ruas e festinhas. Quando essas são paradas, o máximo que ocorre é uma orientação e assim fica fácil para eles”, desabafou.
Apesar da alta no número de casos da Capital, que totaliza 4,8 mil, o número de recuperados ainda é maior que o de enfermos. Conforme o último boletim da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), de ontem, são 2,8 recuperados, 1,8 em isolamento domiciliar e 174 internados. Em função desses números, o secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, argumentou sobre a necessidade de avaliação profunda da medida antes de estabelecer regras tão rigorosas como o lockdown.
“Se promovermos um fechamento [da cidade], haverá milhares de pessoas desempregadas, que continuarão morrendo de outras causas. É preciso uma análise mais técnica e menos emotiva, em que nós observamos essa tendência de colapsar os grandes centros, o que ainda não é a nossa realidade”, destacou.
O secretário defende ainda que as medidas implantadas estão surtindo efeito e, nos últimos dias, houve uma redução no número de internações em decorrência de trauma ou violência. Mauro destacou ainda que a prioridade é preservar vidas e que é favorável a medidas mais restritivas desde que sejam tomadas em conjunto com cidades vizinhas.
“O que dá impressão não é que as pessoas não estão respeitando [as medidas restritivas] e, sim, que elas cansaram de passar necessidade em suas casas. É óbvio que a população precisa nos ajudar, no que se refere às festas ilegais e reuniões em bares. Se nós tivermos alguma medida implementada junto com a macro e microrregião, eu vou dizer que eu concordo em adotar medidas em conjunto, afinal de contas, Campo Grande sofre influência desses municípios”, reiterou.
Confira a reportagem completa e outras notícias de cidades na edição digital desta quarta-feira (15) do jornal O Estado MS.
(Texto: Amanda Amorim e Mariana Moreira/Publicado por João Fernandes)