Governo de MS realiza queima prescrita inédita no Pantanal como preparação contra incêndios

Foto: Ewerton Pereira/Secom
Foto: Ewerton Pereira/Secom

Em uma iniciativa pioneira para proteger o Pantanal sul-mato-grossense, o Governo do Estado deu início a uma ação inédita de queima prescrita no Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro, localizado entre os municípios de Aquidauana e Corumbá. O objetivo é reduzir o risco de incêndios florestais durante o período de seca e preparar o território para a Operação Pantanal 2025.

Com área de 78,3 mil hectares, o parque é a primeira unidade de conservação no bioma pantaneiro a aplicar as técnicas do Manejo Integrado do Fogo (MIF). A prática consiste na utilização controlada e planejada do fogo para eliminar o excesso de vegetação seca — a biomassa — que, acumulada, funciona como combustível para incêndios de grandes proporções.

Prevenção e estratégia
“Essa ação materializa a preocupação do Estado em prevenir incêndios no Pantanal. A queima prescrita forma mosaicos que dificultam a propagação do fogo e facilitam o combate, caso ele ocorra”, explicou o major Eduardo Teixeira, subdiretor da Diretoria de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBMMS).

A operação, iniciada no último domingo (6), conta com o envolvimento de 42 pessoas, entre bombeiros, técnicos do Imasul, representantes do Ibama/Prevfogo, ONGs e pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

A ação também recebeu o apoio da Semadesc, do Instituto Terra Brasilis, do Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD), da Mupan, da Wetlands Internacional Brasil, da Fibracon, da Cepdec e da Polícia Militar Ambiental (PMA).

Foto: Ewerton Pereira/Secom

Fogo como aliado da conservação
A queima prescrita, embora ainda pouco utilizada em larga escala no Brasil, é amplamente reconhecida por especialistas como uma técnica eficaz de prevenção. “Quando bem orientado, o uso do fogo pode trazer benefícios tanto para a biodiversidade quanto para os produtores rurais”, afirmou o analista ambiental Alexandre de Matos e Martins Pereira, do Prevfogo.

O professor da UFMS e doutor em biologia, Geraldo Damasceno Júnior, reforça: “Com o uso do fogo de forma controlada e com ações educativas, conseguimos evitar catástrofes ambientais dentro do parque.”

Tecnologia a serviço do combate
A operação conta com o uso de drones, estações meteorológicas portáteis, aplicativos de navegação e viaturas adaptadas ao terreno pantaneiro. “Coletamos dados como umidade, temperatura e velocidade do vento para garantir que a queima ocorra de forma segura”, explicou o tenente Alexandre Araújo, engenheiro ambiental da DPA.

Entre os equipamentos utilizados está o caminhão ‘auto bomba’, com capacidade para 7 mil litros de água e tecnologia para dispersão em movimento, aumentando a eficiência no combate às chamas. “Essa viatura nos dá agilidade e segurança durante a operação”, afirmou o sargento Elcio Matheus Barbosa.

Integração com produtores
Antes da operação, entre os dias 3 e 5 de abril, o Instituto Terra Brasilis, com apoio do Ministério do Meio Ambiente, do Fundo Global para o Meio Ambiente e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), promoveu treinamentos para produtores rurais da região. A capacitação incluiu boas práticas de manejo do fogo e ações de prevenção.

“Essa parceria com os fazendeiros é essencial. São eles que vivem o problema na pele todos os anos”, disse o capitão Samuel Pedroso, do CBMMS.

“Com apoio técnico e planejamento, o fogo pode ser uma ferramenta de manejo sustentável e segura”, completou o fazendeiro Fernando Zanata, que participou da capacitação.

Um modelo para o futuro
A ação no Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro é considerada modelo para futuras estratégias de prevenção em outras unidades de conservação de Mato Grosso do Sul. Os resultados serão avaliados para orientar a expansão da queima prescrita no estado.

“Mato Grosso do Sul foi o primeiro estado do país a instituir uma política de Manejo Integrado do Fogo. Essa integração de conhecimentos técnicos e tradicionais é essencial para preservar nosso bioma”, destacou Márcio Ferreira Yuli, coordenador estadual do PrevFogo/IBAMA.

A medida chega como reforço ao enfrentamento das consequências das mudanças climáticas, que aumentam a frequência e a intensidade dos incêndios florestais na região. Com planejamento, tecnologia e envolvimento de diferentes setores, a ação busca consolidar um novo paradigma de convivência sustentável com o fogo no Pantanal.

 

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