Festival transforma Ismac em espaço de descobertas

Pátio do Ismac recebeu evento idealizado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro - Foto: Nilson Figueiredo
Pátio do Ismac recebeu evento idealizado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro - Foto: Nilson Figueiredo

Evento em Campo Grande apresentou modalidades como goalball, judô, halterofilismo e paraciclismo

 

O pátio do ISMAC (Instituto Sul-Mato-Grossense para Cegos Florivaldo Vargas) virou um espaço de descobertas e inspiração no último sábado (14). Crianças e adolescentes com deficiência tiveram a oportunidade de conhecer e experimentar quatro modalidades esportivas no Festival Paralímpico Loterias Caixa, promovido pelo CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro).

O evento aconteceu simultaneamente em 124 cidades em todo o país, e contou com 26.910 participantes ao todo. Campo Grande é uma das poucas cidades que recebem o evento desde a primeira edição, em 2018, que tem o objetivo de divulgar o paradesporto para crianças e jovens de 7 a 20 anos.

Larissa de Souza – Foto: Nilson Figueiredo

Na capital sul-mato-grossense, a iniciativa tem se consolidado como uma das principais portas de entrada para futuros atletas paralímpicos. Nesta edição, além de modalidades já tradicionais como o goalball e o judô para cegos, o festival trouxe o halterofilismo e, pela primeira vez, o paraciclismo.

O festival faz parte de uma política mais ampla de incentivo ao esporte paralímpico em Mato Grosso do Sul. O diretor-presidente da Fundesporte, Paulo Ricardo Nuñez, explica que o Estado tem investido em programas e eventos que ajudam a revelar e preparar atletas. Segundo ele, Mato Grosso do Sul hoje ocupa o quinto lugar no ranking nacional do esporte paralímpico, reflexo de um trabalho que vem sendo ampliado ano a ano. “Além do Festival Paralímpico, nós fazemos nossos próprios festivais de inclusão em várias cidades, para que mais crianças conheçam o esporte, se identifiquem e possam, quem sabe, trilhar um caminho até uma Paralimpíada. Ou, se não for no alto rendimento, que pratiquem esporte pela saúde e pela socialização”, detalha.

Amanda Velasco – Foto: Nilson Figueiredo

A professora de Educação Física e técnica de paradesporto, Jessiane Rezende, que atua no Prodesc, Programa MS Desporto Escolar, há oito anos, também vê no festival um papel fundamental para o desenvolvimento do esporte paralímpico. “Esses eventos são formas de fomentar o esporte no nosso Estado e no nosso município. Além de incentivar a prática de atividade física, ajudam a enaltecer a importância do esporte desde a infância até a vida adulta”, destaca.

Uma de suas alunas é Larissa do Nascimento de Souza, de 26 anos, que encontrou na prática esportiva uma

paixão recente. “Eu estou achando muito legal. Gosto muito de corrida, mas também experimentei, aqui no Ismac, arremesso de peso, arremesso de disco e elevação de joelhos. Foi tudo muito bom”, conta.

Apesar do sucesso do evento, um dos desafios ainda é atrair mais famílias para participarem, como explica a coordenadora do Centro de Referência Paralímpico e responsável pela organização do festival em Campo Grande, Amanda Velasco. “O CPB propõe o evento, mas ele só acontece com o apoio do poder público e das famílias. A gente organiza, oferece estrutura, alimentação e materiais. Mas precisamos que as famílias tragam as crianças, participem. Esse é um dos nossos maiores desafios”, comenta.

Kelly Victório – Foto: Nilson Figueiredo

Ela lembra que, desde 2018, já viu muitas histórias começarem no festival. “Às vezes, a criança nunca tinha praticado nada, vem, conhece pessoas com a mesma deficiência, vê que existem atletas como ela e percebe que também pode fazer. Isso transforma vidas”.

Inspiração de casa

Para quem sonha em chegar ao alto rendimento, eventos como o Festival Paralímpico são o primeiro passo. É o caso da judoca campo-grandense Kelly Kethyllin Victório, que nasceu com uma má-formação no nervo óptico, o que lhe causou baixa visão nos dois olhos.

Aos 21 anos, a atleta integra a seleção brasileira de judô para cegos, disputou as Paralimpíadas de Paris em 2024 e hoje, ocupa o segundo lugar no ranking nacional de sua categoria (-70kg J2), atrás da também sul-mato-grossense, Michelle Aparecida Fereira.

Kelly lembra que começou no esporte justamente em vivências como essa. “É aqui que você tem o primeiro contato. Você conhece as modalidades, descobre o que gosta e, quem sabe, isso acende aquela chama que faz a pessoa seguir no esporte. Foi assim comigo. Entrei no ISMAC como atendida e fui apresentada ao judô. Hoje estar aqui, sendo referência, receber o carinho dos alunos, tem um significado enorme. O coração fica quente de ver crianças se inspirando na minha história”, conta.

Jessiane Rezende – Foto: Nilson Figueiredo

O Festival Paralímpico volta a Campo Grande ainda este ano. A próxima edição acontece no dia 20 de setembro, em comemoração ao Dia Nacional da Pessoa com Deficiência, com a expectativa de receber ainda mais participantes.

 

Por Mellissa Ramos

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