Após 20 anos dedicados à educação na Capital e recente eleito vereador em Campo Grande, o Professor Juari não esconde o entusiasmo de buscar mudanças e aperfeiçoamentos na saúde pública, segurança e principalmente na educação. Em entrevista ao Estado Online, Juari Lopes Pinto, conta como pretende se esforçar coletivamente para tocar a cidade daqui em diante.
O Estado Online: Você já havia tentado se reeleger antes e venceu agora as eleições na 3ª tentativa, ficando entre os cinco mais votados, como se sente?
Juari: O sentimento é de gratidão, nós fizemos um trabalho que começou em 2012. Lancei uma candidatura com um grupo de amigos e tivemos 2410 votos na época. Em 2016 reforçamos e saímos candidatos novamente e obtive mais votos que 11 eleitos na atual legislatura. Nosso grupo entendeu que deveríamos ter uma votação maior que 3 mil e nos esforçamos, utilizamos muito as redes sociais, principalmente Instagram e Facebook, e organizamos melhor a campanha, como resultado obtivemos 4199 votos, ficando em 5 no ranking geral e o segundo mais votado do partido (PSDB) por 10 votos de diferença. Me sinto muito mais preparado do que antes.
O Estado Online: O que te motivou a buscar um lugar na Câmara dos Vereadores?
Juari: Eu, junto com grupo de professores e administrativos da educação, sempre falávamos mal de política, até que certo dia esse grupo de amigos falou ”Mas o que podemos fazer? Ao invés de falar mal, por que você não coloca o seu nome a disposição e seja você a mudança?” E eu achei interessante e foi quando aconteceu em 2012 a primeira vez que coloquei meu nome à disposição.
Em 2015 eu assumi a superintendência na Secretaria Estadual de Educação e ali eu pude ver o quanto é interessante ter pessoas preparadas, que entendem de educação, representando dentro dos poderes. Então por isso eu me atrevi ser esse representante da educação e do povo, mas com o foco direcionado para a educação e para os administrativos da educação também com esse foco no município
O Estado Online: Como você pretende contribuir para o desenvolvimento de Campo Grande?
Juari: Primeiro cumprindo o que já está no plano municipal de educação. Ele é trabalhado de acordo com o plano nacional e estadual. Eu quero ser o agente que faça cumprir as 20 metas estabelecidas no plano municipal, sempre na defesa do trabalhador, do professor, do administrativo e levando projetos que possam através da educação, melhorar a saúde, mobilidade urbana, lazer, cultura, porque eu sempre defendi que a base de tudo é a educação.
Por exemplo, tivemos a segunda guerra mundial, o Japão sendo destruído por duas bombas (Hiroshima e Nagasaki), investiu na educação e hoje é referência mundial. Nas Coreias, da mesma maneira, venceu por conta da educação. A Coreia do Sul hoje é uma potência graças a isso, e tantas outras nações que a gente pode citar que a educação realmente mudou a realidade de determinados países. Então eu quero trazer aquilo que eu entendo e estudei para dentro da câmara municipal.
O Estado Online: Quais projetos você pretende desenvolver ao longo desta caminhada?
Juari: Primeiro a escola de tempo integral, não é uma invenção ou projeto meu e está nas metas do plano municipal de educação. Nós temos que ter um quantitativo de escolas em tempo integral. Quando você tem uma escola assim, o aluno está ali das 7h às 17h, ele não está na praça no contraturno soltando pipa, sendo utilizado por militantes e traficantes. Então nesse período que ele está dentro da escola ele se mantém à salvo, e você estará melhorando a capacidade cognitiva dele. Evita que ele se envolva com drogas, e por consequência investindo em segurança pública.
Evitando isso, você investe em saúde, porque droga hoje é uma questão de saúde pública também, pois às vezes falta recurso para comorbidades como hipertensão e diabetes, imagina se o poder público vai ter condições de desintoxicar o jovem. Quando você investe com qualidade na educação, consequentemente você economiza em todos os outros setores. Essa será minha defesa na câmara, uma escola com qualidade, a reforma dos prédios públicos. É claro que isso é uma obrigação do executivo, mas eu posso correr atrás de verbas. Eu posso ver com os deputados federais, senadores, recursos para que o prefeito consiga reformar as escolas.
A questão, por exemplo, de trazer condições do aluno estar dentro de uma sala de aula. Nós temos hoje salas com 45ºC/46ºC, quem consegue estudar numa situação dessa? A climatização não é uma questão mais de luxo, é uma questão de sobrevivência.
Então como que o prefeito pode trazer uma situação melhor? A partir do momento que tiver uma câmara, um corpo no legislativo que corra atrás junto com ele de recursos para que possamos dar condições desse aluno se desenvolver. Então eu vou ser esse parceiro.
Um plano de cargos e carreiras dos administrativos, porque hoje nós temos administrativos que recebem menos que um salário mínimo, nós temos que discutir isso. Dói, mas temos que falar, é triste essa realidade, e eles fazem parte da educação. Tem professores que falam que não, mas fazem, quando você entra na sala e ela está limpa, a comida está cheirosa, a recepção da inspetora que recebe o aluno com amor e carinho, é um outro tratamento você chegar no ambiente e ser bem acolhido. Então essas pessoas devem ser bem remuneradas, mas é claro que isso depende do executivo, mas nós temos argumentos para provar a eles a importância de ter esse pessoal bem remunerado.
Sou formado em filosofia, história e sociologia, mas sou concursado em história. Atuei em escolas públicas e particulares, há 20 anos sou professor, durante 15 anos estive em sala de aula na rede Funlec Oswaldo Tognini e no 26 de agosto, que eu fiquei mais tempo (14 anos) e 5 anos na secretaria do Estado de Educação.
O Estado Online: Quais os principais desafios que você acredita que vai enfrentar agora?
Juari: Primeiro eu vou conhecer, porque eu não conheço os meus pares. Eu tenho que ver quem são os outros 28, porque claro, cada um pensa de uma maneira e o meu perfil de gestor sempre foi agregador. Não quero me indispor com um ou com outro, eu quero convencê-los daquilo que eu penso.
Acho que o papel do legislativo é isso, você não faz nada sozinho. Se eu ficar igual um louco gritando na câmara sozinho, eu vou gritar durante quatro anos e o povo não vai me reconhecer enquanto alguém equilibrado está o representando. Então eu vou estar ali junto, conversando, mostrando essa importância. Os colegas vereadores que quiserem também conversar com os oitos deputados federais e os outros três senadores para trazerem recursos e melhorar a educação de Campo Grande, eu estarei junto, viajo com eles, vamos para Brasília, vamos conversar com os deputados daqui, não tem problema nenhum. Então a minha relação hoje lá dentro, como eu não os conheço, é ver o que eles pensam sobre educação, e a partir daí me posicionar. A minha expectativa é muito boa, nós temos nos encontrado lá mesmo, eu venho visitado a câmara algumas vezes, conversamos bastante, mas nada que seja formal ou técnico, então essa fala vamos estar fazendo durante o mandato.
(João Fernandes com Karine Alencar)