Especialistas do trânsito brasileiro se posicionaram após declaração do presidente Jair Bolsonaro. Eles alertam que, com a retirada dos aparelhos móveis de fiscalização em rodovias estaduais, podem provocar o crescimento do número de mortos em acidentes no país.
De acordo com Eduardo Biavati, especializado em educação e segurança no trânsito. “É uma decisão equivocada grave e que é oposto dos exemplos internacionais, que é o de uma penalidade mais severa”,
Em uma entrevista dedicada ao UOL, ele declara: “Nós precisamos manter uma fiscalização eletrônica, não há outra maneira conhecida na humanidade de controlar a velocidade e quase a metade das mortes nas rodovias tem relação direta com a velocidade.”
Na última segunda-feira, durante a inauguração de obras de duplicação da BR-116 no Rio Grande do Sul, o presidente Bolsonaro voltou a afirmar que os chamados pardais são uma “máfia de multas, que vai para o bolso de alguns poucos”.
Biavati criticou o argumento do presidente e disse que o dinheiro arrecadado com as multas no país tem carimbo: vai para o Funset (Fundo Nacional de Educação e Segurança no Trânsito), mas que não chega a ser aplicado como deveria por causa de contingenciamentos a vem sendo submetido o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).
No Brasil, o dinheiro das multas é recolhido e convertido pelo Dnit em sinalização, engenharia de tráfego e programas de educação de trânsito. Não há remuneração pela quantidade de multas aplicadas.
“É um discurso demagógico dizer que há uma indústria da multa. O radar é uma maneira de penalizar a conduta de alguém que demonstra que não consegue pensar no outro, que anda a 140 km/h. O presidente não devia pensar como caminhoneiro”, afirma Biavati.
José Aurelio Ramalho, presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária, também defende que o controle da velocidade nas estradas. “É uma das principais medidas para combater a violência no trânsito, em um país que mata uma pessoa a cada 15 minutos”, afirma.
Segundo o observatório, a não fiscalização do limite de velocidade fere a recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde), que sugere a redução e controle de velocidade como forma de reduzir o número de acidentes fatais e feridos graves.
Ramalho também rebate a ideia de que os radares móveis são colocados de forma aleatória nas estradas, para pegar os motoristas desprevenidos. “Existe uma regra, uma metodologia e critérios para esses equipamentos serem montados”, disse. (João Fernandes com UOL)