Mara Caseiro fala sobre parceria público-privada na 15ª edição do Fasp
A diretora-presidente da Fundação de Cultura, Mara Caseiro, é natural da cidade de Umuarama, interior do Paraná. Graduada em Odontologia, entrou na carreira política em 1992 ao se candidatar a vice na disputa pela Prefeitura de Eldorado. Em 1996 Mara Caseiro foi eleita vereadora do município para em seguida assumir a prefeitura em 2000, sendo reeleita em 2004. Mara foi também deputada estadual pelo PSDB. Entre os dias 14 e 17 de novembro Corumbá recebe o 15º Festival América do Sul Pantanal com intensa programação, gratuita e aberta ao público. Mara veio até o jornal O Estado de Mato Grosso do Sul para falar sobre o festival e sobre as expectativas de fomento ao turismo da região, que deve receber aproximadamente 40 mil pessoas nos quatro dias de evento. O FASP 2019 contará com apresentações musicais em três palcos especiais: Integração, onde ocorrem os maiores espetáculos; Moinho Cultural, com um som mais “intimista”; e em Ladário, cidade-irmã que mais uma vez participa de forma integral do evento. Também haverá espaços específicos para grupos teatrais, circenses e de dança, além dos pavilhões das Artes Visuais e da Economia Criativa, e ainda oficinas que serão oferecidas para a população. Outro destaque que merece ser mencionado é o Rio Paraguai, principal homenageado do Festival América do Sul 2019. Cantado em versos na canção “Chalana”, composta por Mário Zan, a magnitude deste gigante, oitavo maior em curso de água da América do Sul, confunde-se com a própria história de nosso Estado. Nos palcos não faltarão, para as apresentações, grupos teatrais, circenses e de dança sul-mato-grossenses com peças que desvendam nossas alegrias e fraquezas, encantamento que só o teatro é capaz de causar; coreografias impactantes, que unem energia e suavidade, a alegria e magia contagiantes do circo. Tudo aberto ao público, em palcos na Praça da Independência, no espaço Caixa Cênica e na Tenda Rio Paraguai, no Porto Geral. Cinema, artes visuais e grafite também se fazem presentes no festival.
Diretora-presidente da Fundação de Cultura defende que Festival América do Sul Pantanal deve agradar a todos os públicos
Jornal O Estado – A cidade de Ladário está incluída nas festividades. Corumbá tem como cidade-irmã Ladário, além de uma cultura muito forte. O que teremos de novidades?
Mara Caseiro – Vamos levar uma noite de shows, a serem definidos, e atividades para Ladário. Levando dinâmicas de atividades, para que o público possa assistir e prestigiar o maior número de atividades possível. Tudo isso com o cuidado de não conflitar horários, para que as pessoas aproveitem bastante.
Jornal O Estado – Quantos países participarão do evento?
Mara Caseiro – Teremos muitas atividades que virão de outros países fronteiriços. Teremos a presença de Paraguai, Bolívia, Uruguai, além de Peru, Venezuela, Colômbia e Argentina. Na música teremos a “Orquestra de Instrumentos Reciclados do Paraguai”, que é muito legal. Nas artes cênicas vamos ter o espetáculo “H2oBoom” com o artista uruguaio Mauro Cosenza e o “Voyeur Teatro”, de Santa Cruz de La Sierra. Bolívia. Na dança temos o espetáculo “Tango Sin Fronteras”, da companhia de dança de mesmo nome.
No artesanato teremos artesãos de Venezuela, Colômbia, Paraguai Bolívia, Argentina e do Peru. Vamos ter esses artistas de todos esses países apresentando seus trabalhos. O maior objetivo é tentar fazer jus ao nome do Festival, o máximo possível. Também teremos outros setores da arte, como o grafite, uma grafiteira do Chile. Na literatura e nas artes visuais teremos Paraguai e Bolívia presentes e o envolvimento de nossos hermanos da América do Sul. Será um evento bem eclético e participativo.
Jornal O Estado – Em 2019, o Festival contará pela primeira vez com investimentos do setor privado. Isso ajudou a diminuir os custos? Qual o investimento total do governo?
Mara Caseiro – Desde que eu assumi a fundação, o governador me pediu que a gente trabalhasse com parcerias do setor privado, ou seja, trazer também as empresas e captar recursos de fora, pois não é fácil para o governo que passa por uma crise, não só em Mato Grosso do Sul, mas em todo o país. A gente foi em busca de patrocinadores. Então este ano a gente conseguiu o patrocínio da Vale do Rio Doce, da Energisa, a Caixa Econômica Federal também é uma das apoiadoras. Estamos buscando também recursos federais. Quanto ao investimento total do festival, nós ainda estamos fechando, mas todo o festival deve ficar em torno de 3,6 milhões. Tudo isso está contando já com as parcerias como, por exemplo, o recurso federal. Tem todo um processo. Temos o patrocínio da Caixa Econômica Federal. Então a gente fecha em torno dos 3,6 milhões.
‘Somos também um Estado sertanejo’
Mara Caseiro / Diretora-presidente da FCMS
Jornal O Estado – Zezé Di Camargo e Luciano, do gênero sertanejo, Diogo Nogueira, do samba, Paralamas do Sucesso, do rock, e Lucy Alves, do baião. As escolhas das atrações nacionais vieram atender algum pedido específico. Como surgiu a ideia da escolha da dupla Zezé Di Camargo e Luciano?
Mara Caseiro – Na realidade, havia antes uma certa resistência à música sertaneja participar dos festivais. O que é um absurdo, pois somos também um estado sertanejo, onde muitas pessoas gostam desse tipo de música. Temos aí o Munhoz e Mariano, Michel Teló, Luan Santana, Jads e Jadson e João Bosco e Vinícius, que são ícones na nossa música. Não tem por que não atender a esse público. Algumas pessoas questionaram: “Ah, mas você vai levar o sertanejo?”. Gente! Nós temos de atender a todos os públicos. Nós temos de atender a todos os tipos de preferência.
Decidimos levar exatamente o sertanejo, o pop rock, o samba. Sabemos que Corumbá é a cidade do samba, nós não podemos deixar também de atender a esse público, e pretendemos encerrar o festival com uma atração carnavalesca, ou seja, fechar a festividade com a escola de samba que foi vencedora do carnaval de Corumbá de 2019.
Olha por que o Zezé Di Camargo e Luciano? O Zezé Di Camargo vem fazendo um trabalho de defesa do Pantanal bastante importante para nós, com a visão dele em relação à pesca. Ele é um pescador, é gente como a gente, e vem defendendo a Cota Zero, tentando mudar um pouco a consciência do nosso turista da pesca dentro de Corumbá. Acreditamos que o Zezé representa esse novo momento, que é a valorização do ecoturismo, a valorização das belezas do Pantanal, entendeu. É saber usufruir essas riquezas com mais consciência. É essa atitude em mudar a consciência dos pescadores, que contribui muito para aumentar a quantidade de peixes. Então foi neste sentido que nós pensamos em trazer o Zezé; cremos que é um momento muito importante para a preservação do Pantanal, e trazer alguém que tem essa consciência, que tem esse olhar, e que ama – como ele mesmo expressou o amor que ele tem pelo Pantanal – pode contribuir muito.
Jornal O Estado – O Rio Paraguai estará no centro das atenções como homenageado. O que podemos esperar?
Mara Caseiro – Em primeiro lugar, falar da importância do Rio Paraguai, para nossa humanidade, para Mato Grosso do Sul e para os países fronteiriços. É celebrar a importância desse rio. Primeiro por tudo que ele oferece para nosso Estado e pela união dos povos. O rio que divide e que, ao mesmo tempo, une. Remete muito ao chamamé e à polca paraguaia, enfim é uma coisa que tem tudo a ver com esse momento, na questão da preservação dos nossos rios, da preservação das nossas matas e dos nossos peixes. É celebrar a fauna e a flora de um modo geral. Eu acho que tem tudo a ver com este momento, em que devemos olhar para dentro de nós mesmos e olhar para o rio e a importância dele em nossas vidas.
Jornal O Estado – O Festival gera renda extra às cidades, como hospedagem, passeios e restaurantes. Qual a estimativa de público?
Mara Caseiro – Estamos esperando em torno de 40 mil pessoas. Para ter uma ideia, se você for ligar hoje para reservar um hotel, você vai ter uma certa dificuldade, as pessoas já estão reservando hotel, tem muitos turistas de fora, dos países fronteiriços que participarão e de todo o país. Para o ano que vem, nós queremos ser melhores. Planejar o quanto antes o Festival de Inverno de Bonito e o Festival América do Sul Pantanal para divulgarmos efetivamente e trazermos turistas para prestigiar e fomentar a economia e mostrar as belezas de Bonito e do Pantanal sul-mato-grossense. Vale destacar que, no Festival de Inverso de Bonito deste ano, o que circulou na cidade durante os 4 dias de festival girou em torno de 12 a 15 milhões de reais. Em hotelaria, passeios, restaurantes. Essa é também a expectativa para o 15º Festival América do Sul Pantanal e nós contamos com a presença de todos por lá.