Familiares de sepultados afirmam que falta de manutenção e de segurança é frequente no local
A situação dos cemitérios de Campo Grande é de abandono faltando apenas 20 dias para o Dia de Finados, e não é preciso andar muito para comprovar o descaso. No Cruzeiro, localizado na Avenida Coronel Antonino, há várias covas abertas e em umas delas é possível ver o crânio de uma pessoa sepultada no local e que, agora, está exposto. O descuido por parte da prefeitura da Capital revolta os familiares que costumam visitar as lápides dos entes queridos.
O jornal O Estado esteve, ontem (13), nos três cemitérios municipais e, logo na entrada do primeiro deles, o Cruzeiro, encontrou covas abertas e túmulos danificados. Além disso, o espaço tem muita sujeira. Uma sepultura com a tampa de concreto quebrada chama a atenção de quem passa pelo local: o crânio, que aparentemente é de uma mulher, está totalmente exposto.
Luís Augusto Baltazar Lima tem familiares enterrados nesse cemitério e, durante uma visita, foi ele quem encontrou o crânio na cova depredada. “É uma falta de respeito. Deveria estar bom, mas tem pessoas que entram aqui, roubam e fazem o que querem. Gostaria que a situação mudasse, para que quando a gente vier visitar nossos parentes não encontre mais situações como essa”, desabafou.
A responsável pelo cemitério Cruzeiro, Simone Oliveira, afirmou para a equipe de reportagem que as tampas das covas de concreto quebram por conta do descuido da população. “A gente orienta para as pessoas não pisarem nos túmulos, mas não adianta. Quando tem feriado e aos fins de semana que o fluxo aqui é maior, elas quebram mesmo. Sempre tem de remendar e isso ocorre quase que diariamente”, explicou.
Segundo Oliveira, existe um projeto em parceria com o Centro Penal da Gameleira em que os internos estão responsáveis por fazer o conserto das tampas. A responsável pelo local informou ainda que a limpeza no espaço será intensificada para o feriado do Dia de Finados, em 2 de novembro.
Com materiais para obras na entrada, a expectativa é de que o Cemitério Santo Amaro, na Avenida Presidente Vargas, esteja passando por algum tipo de manutenção. Porém, enquanto a reportagem esteve no local, aparentemente, nada era feito. A situação encontrada é menos pior do que estava no Cruzeiro, mas o interior do espaço público estava sujo e com algumas covas quebradas.
O abandono incomoda o pedreiro Sirlei Santiago, que costuma visitar o túmulo do tio e da mãe. “Tem de melhorar bastante, porque tem muita sujeira e precisa manter isso aqui sempre limpo”, disse. Ele comparou o espaço com outros cemitérios do interior do Estado que, segundo o campo-grandense, são mais arrumados que os da Capital. “Isso aqui está muito desorganizado”, lamentou.
Outro fator que preocupa os moradores são os roubos e furtos que ocorrem nesses locais. Dos três, o Cemitério Santo Antônio, localizado na Vila Santa Dorotheia, é o que se encontra mais organizado, porém não deixa de ser alvo dos ladrões que levam peças e acessórios dos túmulos.
“Do túmulo do meu pai levaram tudo. Tivemos de mandar fazer outras plaquinhas, mandamos fazer de aço agora, porque percebemos que essas eles [ladrões] não roubam. Dá uma tristeza, porque nem depois que a pessoa morre é respeitada”, disse a professora Lizandra Anache.
Mesmo com o espaço aparentemente organizado, o irmão dela, Leonardo Anache, afirmou que o cemitério em que pai e mãe estão sepultados está abandonado. “Isso aqui está destruído. Já vim aqui várias vezes esse mês e tem muito túmulo depredado. Os ladrões entram nos jazigos e levam as esquadrias de alumínio. O muro aqui é muito baixo e não tem policiamento”, reclamou.
O jornal O Estado procurou a Prefeitura de Campo Grande para saber quais as ações que estão sendo realizadas para mudar a situação nos cemitérios, mas até o fechamento desta edição não teve retorno. (Texto: Mariana Ostemberg)