Dia Nacional do Livro Infantil

Livro
Foto: Acervo Pessoal

Data foi escolhida em homenagem ao dia do nascimento de Monteiro Lobato, maior autor de literatura infantil do país

O Dia Nacional do Livro Infantil, celebrado hoje (18), é em homenagem ao nascimento do maior escritor brasileiro da literatura para crianças. Monteiro Lobato foi autor de personagens que encantaram a infância de várias gerações e também se envolveu em polêmicas por conta de suas convicções.

A pedagoga e coordenadora do curso de Pedagogia da Estácio, Carollini Graciani, destaca que a data serve não somente como forma de homenagear a contribuição de Monteiro Lobato para a literatura infantil e exaltar outros autores nacionais importantes, mas também para disseminar a importância da leitura no desenvolvimento das crianças.

“Temos uma lista de autores nacionais que fazem parte do cotidiano escolar das crianças, como, por exemplo, Ana Maria Machado, com ‘Menina Bonita do Laço de Fita’; Maurício de Sousa, com a ‘Turma da Mônica’; Monteiro Lobato, com o ‘Sítio do Pica Pau Amarelo’; Ziraldo, com ‘O Menino Maluquinho’; e Ruth Rocha, com uma lista extensa de histórias que atendem da Educação Infantil aos anos iniciais do Ensino Fundamental”, revela a docente.

A pedagoga cita, ainda, alguns clássicos infantis nacionais como “Ou Isto ou Aquilo’, de Cecília Meireles; ‘Chapeuzinho Amarelo’, de Chico Buarque; e ‘Meu Pé de Laranja Lima’, de José Mauro de Vasconcelos. Ela ressalta que a escolha dos livros para cada faixa etária vai de acordo com a fase de desenvolvimento dos pequenos.

Para crianças de até 3 anos são indicados ‘livros-brinquedos’, ‘livros de tecido’, ‘livros de banho’, que estimulem a parte sensorial da criança, com texturas, sons e cores.

“Bebês param para ouvir histórias contadas com entonação boa e as imagens vão chamar sua atenção. É o primeiro contato com o objeto livro, é o momento de manuseio”, explica.

Já para os pequenos de 4 a 6 anos são aconselhados livros com frases curtas, muitas imagens e com letras em caixa alta, para facilitar as primeiras tentativas de reconhecer as letras e palavras. “Aqui valem também os gibis, que são um importante recurso para a alfabetização”, aconselha.
Carollini explica também que, aos 7 e 8 anos de idade, o ideal são livros com frases mais longas e letras variadas. “Livros de poesias, contos e fábulas, que vão estimular a imaginação e desenvolver temas sobre comportamento, respeito, bom convívio e conscientização. São as famosas histórias com uma moral no final. Com 9 e 10 anos de idade, a criança já está apta a livros que tenham volumes para sequência de leitura, com menos imagem e mais texto, com assuntos que os iniciem ao mundo da pré-adolescência, diz a pedagoga”, explica a professora.

É importante destacar que o livro infantil não é de difícil acesso. Tem livros com preços que cabem no bolso e projetos educativos que enviam coletâneas gratuitamente para todo o Brasil.

Como incentivar a leitura

Para Carollini, habituar uma criança ao gosto pela leitura começa dentro de casa, por meio do exemplo dos pais, mostrando aos filhos que o livro é um presente. “O melhor momento de interação dos pais com os filhos é reservar uma história para ler antes de dormir. Não só contar a história, mas fazer questionamentos à criança, como ‘Qual o título da história?’, ‘Quem é o autor?’, ‘Quem são os personagens?’, ‘O que entendeu sobre a história?’”, ensina.

A pedagoga destaca, ainda, que o hábito da leitura faz com que as crianças descubram um mundo imaginário, estimulando sua criatividade. “Ler é fundamental para que uma criança desenvolva sua habilidade linguística, amplie seu vocabulário e suas formas de comunicação, além de ajudá-la a conhecer as próprias emoções durante todos os seus processos de desenvolvimento”, finaliza.

Carine no fantástico mundo dos livros

Filha de professora, Carine Magalhães Coutinho, 10 anos, desde bebê ouvia histórias contas pela mãe Cirlene Magalhães, 47 anos. Ela aprendeu a ler sozinha com 5 anos e de lá para cá está sempre com um livo nas mãos. Tão novinha, a estudante não consegue enumerar quantas livros ela já leu.

“São incontáveis. Já vendi quase todos e doei outros que não correspondem mais à minha faixa etária. Devia ter uns 250. No momento devo ter uns 50 livros. Todos lidos. Guardei apenas alguns clássicos”, comenta.

Como está crescendo, seu gosto em relação a alguns títulos está mudando rapidamente. Ela coleciona livros do “Diário de um Banana”, obra de Jeff Kinney que explora a relação com seus pais, familiares e outros temas importantes para garotos que estão para se tornar adolescentes são destacados como a puberdade, a escola, as férias e as relações “conturbadas” com as garotas.

“No momento estou lendo muito ‘Diário de um Banana, tenho toda a coleção e já li todos. ‘Diário de uma Garota Nada Popular’, Histórias de Ninar para Garotas Rebeldes’, O Pequeno Príncipe, Dúvida Cruel, e outros”, lista a apaixonada por livros.

Quando começa ler, Carine conta que fica ansiosa para terminar a leitura e o sentimento é como se ela fosse personagem do conto. “Sinto que estou na história e também sinto-me feliz pois fico ansiosa para terminar logo”, conclui.

Cirlene, mãe de Carine, revela que o amor da filha pelos livros se transformou em tema de festa de aniversário, com o tema ‘Carine no fantástico mundo dos livros’.

“O convite é um livrinho. No convite ela convida os amigos a lerem um livro que seria apresentada a peça na festa e também propõe o tapetinho da troca, onde cada criança trará um livro que leu, gostou e recomenda a leitura para deixar no tapete e levará outro para casa, que outro amiguinho trouxe”, conta.

Algumas obras de Monteiro Lobato

 

O picapau amarelo (1939) – Nesta obra os personagens do mundo real (como dona Benta, Narizinho, Pedrinho e a avó) convivem com criaturas fantásticas como princesas, fadas e personagens importantes da nossa cultura, como o saci.

Reinações de Narizinho (1931) – Nas páginas da obra, lemos as pequenas aventuras vividas por personagens do mundo real (como a menina Narizinho) que interagem com criaturas do mundo da imaginação (como princesas e fadas).

O saci (1921) – “O saci” foi lançado no princípio da carreira literária de Monteiro Lobato, logo depois do lançamento de “A menina do narizinho arrebitado”. A obra infantil apresenta para as crianças um dos mais importantes personagens da cultura nacional: o saci pererê.

A chave do tamanho (1942) – Em sintonia com o momento do mundo, “A chave do tamanho” tem como pano de fundo a dura realidade da guerra. A obra infantil mistura ficção e realidade e apresenta o conflito para as crianças através do olhar de Emília.

Histórias de Tia Nastácia (1937) – Tia Nastácia era uma empregada que vivia no sítio do Picapau amarelo e sempre tinha muita sabedoria popular para partilhar. O livro reúne 43 contos que são narrados por ela.
Fábulas (1922) – Monteiro Lobato relembra uma série de histórias clássicas no seu livro de fábulas, onde faz uma releitura dos grandes clássicos infantis. O escritor brasileiro retoma, por exemplo, as fábulas de Esopo e La Fontaine.

Caçadas de Pedrinho (1933) – Conta as aventuras do menino corajoso na região do sítio do Picapau amarelo. Depois de encontrar pegadas na região, o menino convoca os amigos para irem à procura do animal feroz que anda às voltas do sítio.

Memórias da Emília (1936) – Centrada na boneca de pano Emília, lemos uma série de reflexões filosóficas adaptadas para o vocabulário infantil. Reúne experiências vividas, nessa publicação de Lobato encontramos um registro diferente, que pretende misturar a experiência do real com a inventada.

Ideias de Jeca Tatu (1918) – A obra reúne 35 textos, a maior parte deles publicados em jornais e revistas e tem como traço comum o sentimento nacionalista que movia o escritor.

Urupês (1918) – Foi o livro de estreia de Monteiro Lobato na literatura e reúne histórias reais e fictícias da região paulista. Essas histórias foram inspiradas nos enredos que ouvia enquanto vivia no interior. Foi em Urupês que surgiu o personagem Jeca Tatu, que representa o sertanejo brasileiro.

*Bruna Marques

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