Dia do Folclore: Você conhece as lendas de MS?

Foto: Wanderson Lara
Foto: Wanderson Lara

No dia 22 de agosto é celebrado o Dia Internacional do Folclore. A data foi oficializada no Brasil em 1965 e está presente no dia-a-dia por meio de lendas, comida, bebida, música e tradições. Em Mato Grosso do Sul o folclore recebe muitas influências de outros Estados do Brasil, como Mato Grosso, Goiás, Paraná e São Paulo e de países que fazem fronteira como Paraguai e Bolívia.

De acordo com a folclórologa, pesquisadora, membro da Comissão Sul-Mato-Grossense de Folclore (CSMFL) e da  International Organization of Folk Art (IOV) e integrante da Academia Feminina de Letras e Artes de Mato Grosso do Sul e autora do livro Chão Batido, Marlei Sigrist, as lendas existem para explicarem a origem das coisas.

“A maior parte das lendas brasileiras são narrativas apreendidas das culturas indígenas, em que para eles tem toda uma simbologia especial e sagrada, mas para nós, não-índios, foram incorporadas a nossa memória com outras significações. Para o estudo do folclore importa como acontece o entendimento das lendas entre nós. As lendas para os indígenas têm outros significados e fazem parte dos estudos etnográficos da antropologia. São entendimentos distintos”.

A pesquisadora ainda diz que “a lenda surge a partir do momento que existe a necessidade de explicar a existência de algo, sem que se tenha conhecimentos prévios mais convincentes e científicos”.

Confira algumas lendas que cercam a nossa região:

Sinhozinho

No município de Bonito, há o mito do Sinhozinho, um frei que pregou ensinamentos religiosos pela região nos anos 30. Pequeno e mudo, o frei benzia, curava e se comunicava mesmo sem dispor da voz. Ele teria desaparecido sem deixar vestígios, mas sua presença ficou marcada por meio de suas obras, pelas curzes e capelas que construiu.

Uma das lendas envolvendo o Sinhozinho é de que ele teria prendido uma cobra gigante com uma de suas cruzes em um grande buraco em uma morro da cidade. Se a cruz for descoberta e retirada, a cobra poderá sair e devorar os moradores de Bonito.

Tuiuiú

Tem uma lenda conhecida, que explica a tristeza do jaburu, ave símbolo do Pantanal, mais conhecida como tuiuiú. As aves sempre foram alimentadas por um casal de índios que, após a morte, foi enterrado no local onde costumava alimenta-las.

Os tuiuiús, em busca de alimentos, ficam sobre o monte de terra que cobria os corpos do casal, esperando que de lá saíssem algumas migalhas para alimenta-los. Como isso não ocorreu, ficavam cada vez mais tristes, olhando em direção ao chão. É por esse motivo que os tuiuiús parecem estar sempre tristes, olhando em direção ao solo.

Mãozão ou Pai do Mato

Mãozão ou Pai do Mato é uma lenda antiga. Ele seria um bicho peludo, similar a uma anta. Quando alguém o encontra, ele cresce e se transforma em um homem cabeludo e barbudo que, ao passar sua mão pela cabeça de uma pessoa, esta ficará louca. Apesar do nome, o Mãozão não possui mãos grandes. Mas extremamente poderosas.

Minhocão

O Minhocão seria uma espécie de serpente longa e com uma grande cabeça, de cor escura devido ao local onde vive – sob o barro nas barrancas dos rios. A lenda diz que o bicho, ao passar pelas margens do rio, deixa marcas no chão no formato de sua imensa cabeça.

Quando zangado e faminto, passa pelo rio de tal forma que derruba embarcações, afunda canoas e devora pescadores. Dizem que ao se aproximar produz um imenso ruído. Quem presencia pode ficar louca.

Pé-de-Garrafa

Uma das lendas mais conhecidas do Mato Grosso do Sul é o Pé-de-Garrafa. É descrito como um homem com o corpo coberto de pelos, exceto ao redor do umbigo, o que dá a impressão de ter uma coloração branca, sendo este seu ponto vulnerável. Alguns afirmam que tem cara de cavalo com um só olho no meio da testa, outros juram que tem cara de gorila e, outros ainda têm caras de cachorros.

Alguns falam que ele possui só um pé, outros dizem ter os dois, no formato de um fundo de garrafa. Isso faz com que ele ande aos pulos, e deixe no chão um rastro com marca de fundo de garrafa. Solta assobios para se comunicar e dizer que é dono do território.

Mãe-d’água

Parente da sereia mantém o mesmo hábito de se pentear em cima de uma grande pedra. Nos dias em que o pescador não consegue pegar peixe, dizem que a mãe-d’água é que passou perto do anzol, pois é protetora dos peixes e considerada um mito ecológico.

Muitos dizem que ela é o equivalente da Iara, uma índia trabalhadora e corajosa que despertou a inveja de seus irmãos, que planejavam mata-la. No momento da emboscada, a jovem índia guerreira matou os irmãos para se defender. Com medo da reação do pai, ela fugiu, mas ao ser encontrada foi punida, sendo jogada no rio.

Os peixes trouxeram o corpo de Iara à superfície, que sob o reflexo da lua cheia se transformou em uma linda seria com cabelos longos e olhos verdes, nascendo assim a Mãe-d’água.

Com informações da Fundação de Cultura de MS e Visit Pantanal.

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