Por 21 anos, o Hospital do Trauma foi apenas promessa em uma estrutura erguida na Rua 13 de Maio, no centro de Campo Grande. Hoje, saiu do papel e, enfim, leva saúde à população. De obra inacabada, ele se tornou um dos maiores legados para a saúde da Capital. Por 21 anos
Lançado na década de 90, o projeto passou por várias alterações. No início, a unidade abrigaria uma maternidade e depois seria uma extensão da Santa Casa. Somente em 2005 decidiu-se construir um hospital especializado em trauma. O grande problema é que a obra ficou parada por 20 anos.
Em 2016, o Governo do Estado retomou a obra, em parceria com o Governo Federal e Prefeitura. Um aporte para a unidade foi liberado no valor de R$ 8,4 milhões – recursos empregados pelo Governo do Estado (R$ 1,6 milhão), Ministério da Saúde (R$ 2,5 milhões), Prefeitura de Campo Grande (R$ 3,2 milhões) e Associação Beneficente de Campo Grande (R$ 890 mil).
UTI’s ainda em fase da construção
A conclusão e entrega da unidade, que aconteceu em 2018, foi um dos compromissos da gestão do governador Reinaldo Azambuja com o objetivo de reestruturar o sistema de saúde de Mato Grosso do Sul. Além do repasse para a obra, o Governo do Estado investiu R$ 12 milhões na aquisição de equipamentos e mobiliários para o hospital.
Como a Santa Casa de Campo Grande é referência no tratamento de alta e média complexidade destinado, principalmente, às pessoas que sofrem acidentes de trânsito, a unidade do Trauma foi construída anexa ao prédio do hospital.
A previsão é que o Hospital do Trauma, unidade de urgência e emergência, realize anualmente 10 mil internações, nove mil cirurgias e 10 mil consultas. Com 110 leitos, sendo 10 deles de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) adulto, o Hospital do Trauma foi construído para ser referência em ortopedia e politraumatismo em Mato Grosso do Sul e, além disso, desafogar o sistema, já que o trauma é uma das grandes demandas hospitalares. Dos 100 leitos, 82 já estão ativos.
“Foi um sonho ver a obra foi finalizada. Como moro aqui perto e costumo fazer tudo a pé, sempre passava em frente à obra e pensava: ‘não vai ter alguém corajoso o suficiente para terminar isso?”, brincou a aposentada que mora há 50 anos no centro de Campo Grande, Noeli Gilemene, 72 anos.
Entre as experiências de quem viu início, meio e fim da obra, surgem também os depoimentos de quem agora precisa do atendimento. Após uma queda de bicicleta, o aeroviário Elcener Martins, 30 anos, quebrou o cotovelo a caminho do trabalho e enquanto aguarda cirurgia para colocar uma placa, Elcener faz exercícios de fisioterapia de prevenção, como bicicleta.
“Não queria estar aqui, claro. Mas só tenho elogios. A acomodação, o ambiente, alimentação, tudo está ótimo, inclusive o atendimento”, disse.
O auxiliar administrativo Aldeide Moreira Lima, 35 anos decepou o dedo e foi internado no hospital. “Decepei o dedo fazendo faixas de gradil. Minha aliança ficou presa e acabei perdendo o dedo. Sei que se não houvesse o Hospital do Trauma eu poderia ainda estar aguardando atendimento. Estou numa situação difícil, mas poderia ser pior”, disse. (Rafael Belo com assessoria)