Apesar de não ter encontrado nenhum indício de fraude nas eleições, o Ministério da Defesa afirmou nesta quinta-feira (10) que não descarta a possibilidade de fraudes no pleito.
Em nota, a pasta disse que o relatório de seus técnicos em informática, enviado na quarta-feira (9) ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), sugere uma investigação sobre os códigos usados nas urnas para identificar possíveis alterações durante sua geração.
A nota não traz nenhuma informação nova, mas indica uma tentativa de controlar a narrativa sobre o relatório cuja divulgação vinha sendo esperada com grande expectativa pela militância bolsonarista que tem ido às ruas.
Na véspera, o título da nota não falava sobre o teor do documento: “Defesa encaminha ao TSE relatório de fiscalização do sistema eletrônico de votação”. Já nesta quinta o novo tom: “Relatório das Forças Armadas não excluiu a possibilidade de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas”.
Também nesta quinta, ao término da sessão plenária do TSE, o presidente do tribunal, Alexandre de Moraes, foi questionado pela imprensa sobre o novo posicionamento da pasta, se haveria alguma providência por parte da corte e se essa polêmica não teria fim. “Já acabou faz tempo”, disse o ministro.
“O Ministério da Defesa esclarece que o acurado trabalho da equipe de técnicos militares na fiscalização do sistema eletrônico de votação, embora não tenha apontado, também não excluiu a possibilidade da existência de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022”, diz o novo posicionamento.
“Em consequência dessas constatações e de outros óbices elencados no relatório, não é possível assegurar que os programas que foram executados nas urnas eletrônicas estão livres de inserções maliciosas que alterem o seu funcionamento”, completou.
Na quarta, o Ministério da Defesa enviou ao TSE seu relatório sobre a fiscalização do processo eleitoral sem ter apontado nenhum indício de fraude.
O material entregue à corte aponta que os procedimentos estatísticos ocorreram sem ressalvas e que a análise dos boletins de urnas não identificou divergências. Considera, porém, haver alguns problemas no processo e aponta sugestões de melhorias.
O relatório diz que não foi possível “fiscalizar o sistema [eletrônico de votação] completamente” e sugeriu ao TSE que faça uma investigação técnica para apurar eventuais riscos de mudança no código-fonte dos sistemas eleitorais por causa do possível acesso à rede durante a geração dos programas.
Com informações da Folhapress, por CÉZAR FEITOZA E MARCELO ROCHA