Prefeito de Campo Grande chegou a protocolar no MP pedido de solução quando governo enviou vacinas a 13 municípios
Um eventual candidatura do prefeito de Campo Grande Marquinhos Trad (PSD) ao governo do Estado em 2022 foi prejudicada com declarações do gestor sobre o interior na pandemia. Marquinhos por diversas vezes culpou o interior por lotação em leitos da Capital e por último chegou a protocolar pedido de providências no Ministério Público Estadual, ao saber que 150 mil doses de vacinas contra a COVID-19 seriam enviadas a 13 municípios.
A briga do prefeito Marquinhos ocorreu em julho quando o governo do Estado decidiu promover vacinação em massa da população fronteiriça com 150 mil doses da vacina Janssen para estudo de eficácia. Para o gestor da Cidade Morena a iniciativa “feria o princípio da proporcionalidade” e entregou pessoalmente o pedido de providências ao procurador Alexandre Magno Benites de Lacerda.
Marquinhos chegou a ser chamado de egoísta pelo prefeito de Ponta Porã, Hélio Peluffo (PSDB), e além de ter ganho a antipatia da população do interior também passou a colecionar críticas dos gestores das cidades menores. Com a entrega das vacinas aos municípios de fronteira, parte das doses que sobraram acabou remanejada para Campo Grande.
Passados três meses, as vacinas chegaram a todos os municípios do Estado e foi visto que Campo Grande não fora prejudicada pela pesquisa ou pelo envio de vacinas aos 13 municípios.
No cenário político, Marquinhos chegou a ser citado há alguns meses como possível candidato ao governo estadual pelo PSD, mas recuou e chegou a dizer que “somente se recebesse um sinal de Deus” que enfrentaria a eleição.
Pode ter perdido votos
Porém, as declarações de Marquinhos podem ter resultados negativos em futura eleição, já que o eleitorado do interior tem peso grande para candidaturas majoritárias.
O presidente estadual do Podemos, Sergio Murilo, afirmou que o episódio soou ruim ao gestor da Capital. Ele realiza dezenas de viagens pelo interior de Mato Grosso do Sul fortalecendo lideranças do partido.
“Primeiramente eu queria dizer que a fala do prefeito foi intempestiva e inoportuna para o interior do Estado. E é natural que os municípios reagissem, é bem provável que esse assunto venha à tona novamente. Estamos ainda em processo de pandemia e numa eventual candidatura dele, creio eu que as pessoas e até adversários lembrem disso.”
Para o presidente do Podemos, esse tipo de antagonismo entre interior e Capital não é o ideal, principalmente quando se faz colocações do tipo. Sergio Murilo afirma que deve haver o equilíbrio quando o político almeja voos na majoritária.
“Eu entendo que é muito difícil alguém ganhar eleição sem uma somatória equilibrada entre a Capital e o interior. Creio que Campo Grande represente cerca de 44% do eleitorado e quem entender que o interior é menos importante vai cair do cavalo. Entendo que, se o candidato não tiver um equilíbrio, pode errar a tacada e errar a partida de sinuca. O interior anda junto com a Capital e os pensamentos políticos são semelhantes, não temos um antagonismo político e o interior tem uma grande força política.”
O pré-candidato e ex-governador André Puccinelli (MDB) não quis tecer comentários sobre as declarações de Marquinhos, mas comentou sobre a importância de ter o eleitorado do interior se a intenção é chegar à majoritária.
“A Capital tem um pouco menos de um terço de votos com cerca de 31% dos eleitores, e o restante é do interior. Os votos têm de vir de todos os lugares e todas as regiões porque se o candidato não tiver isso e querer cargo majoritário não se elege.
(Texto: Andrea Cruz)