Os governos do Brasil e do Paraguai cancelaram ontem (1º) o polêmico acordo feito com a Itaipu Binacional em maio deste ano após péssima repercussão no país vizinho, que provocou crise no governo de Mario Abdo Benítez. A oposição chegou a cogitar um impeachment dele e do vice Hugo Velázquez. Para o conselheiro da usina, afastado pela Justiça, Carlos Marun, a decisão não afeta a construção da Ponte Bioceânica entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta.
“O acordo da energia revisto não tem relação com o acordo da construção da ponte”, avalia Marun. Ele espera que o governo paraguaio indique novos nomes para gestão da hidrelétrica e da Ande (Administración Nacional de Electricidad). “Acredito que com a indicação dos novos gestores, eles tomem conhecimento do projeto e sigam o acordo da ponte sem atrasos”, explica, ressaltando a importância da ponte para ambos os países.
O ex-ministro do Governo Temer disse ainda que o cancelamento do acordo tem efeito comercial imediato nas contas de Itaipu. Segundo o jornal “ABC Color”, do Paraguai, o que causou polêmica foi o aumento dos custos para a Ande na compra de energia, que girariam em torno de US$ 200 milhões, e também o fato de o compromisso ter sido firmado de forma sigilosa.
A oposição paraguaia disse ao “ABC Color” que o governo optou por seguir um cronograma de compra de energia mais cara, no texto colocada como “garantida”, deixando de lado a opção de barganhar um valor mais barato.
Para Marun, a controvérsia surgiu com o aumento do volume de compra de energia pelo Paraguai, o que foi entendido pela população, e pela oposição, como uma política entreguista ao Brasil por gastar mais dinheiro com Itaipu.
Agora, será feita uma nova rodada de negociações, porém com mudanças significativas. O Congresso paraguaio aprovou a criação de uma comissão mista com 10 membros do Congresso, 5 deputados e 5 senadores, para acompanhar as novas discussões. O grupo será responsável por dar mais transparência ao novo acordo. (Marcus Moura e Guilherme Filho)