Conta de luz pressiona e inflação sobe 1,31% em fevereiro

Valor da conta de energia da casa do aposentado Ramão - Foto: arquivo/O Estado
Valor da conta de energia da casa do aposentado Ramão - Foto: arquivo/O Estado

O IBGE divulgou que o preço da energia elétrica residencial subiu mais de 16%

O aposentado Ramão Vera, de 53 anos, viu sua conta de energia elétrica aumentar 26% em fevereiro. Essa alta na fatura reflete o comportamento do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que subiu 1,31% em comparação a janeiro, impactado principalmente pelo aumento no custo da energia elétrica. O indicador, que mede a inflação oficial do Brasil, foi divulgado na quarta-feira (12) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A alta de 1,31% é a maior para fevereiro em 22 anos, desde 2003 (1,57%). Com os dados de fevereiro, o IPCA acelerou para 5,06% no acumulado de 12 meses, após marcar 4,56% até janeiro. É a primeira vez que o índice fica acima de 5% desde setembro de 2023 (5,19%). O teto da meta de inflação no país é de 4,5%.
Os preços da energia elétrica residencial registraram um aumento de 16,80% em fevereiro.

“Em dezembro e janeiro, paguei em torno de 300 reais de luz, mas agora tomei um susto com o valor acima de 400 reais”, disse o aposentado à reportagem.

O IPCA havia desacelerado no primeiro mês deste ano devido ao desconto pontual do bônus de Itaipu nas contas de luz. Dessa vez, a medida só entrou em vigor em janeiro devido a um atraso na conclusão do processo. Com o bônus, a taxa de 0,16% foi a menor para o primeiro mês do ano desde o início do Plano Real, em 1994. Em fevereiro, porém, houve uma reversão.

A energia elétrica residencial teve alta de 16,8% no mês passado, após uma queda de 14,21% em janeiro. Assim, a conta de luz exerceu a maior pressão individual no IPCA (0,56 ponto percentual). Fevereiro também registrou aumento do ICMS (imposto estadual) sobre combustíveis e reajustes sazonais nas mensalidades escolares.

A gasolina subiu 2,78%, sendo a segunda maior pressão individual no IPCA (0,14 ponto percentual). A terceira pressão veio do reajuste de 7,51% nas mensalidades do ensino fundamental, que contribuiu com 0,12 ponto percentual.

Em uma situação hipotética, desconsiderando a alta da energia, o IPCA teria sido de 0,78% em fevereiro, segundo Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa do IBGE. Esse valor é inferior ao registrado no mesmo mês de 2024 (0,83%).

Alimentação: ovo e café

Segundo o IBGE, o grupo de alimentação e bebidas subiu 0,7% em fevereiro, um avanço menor do que o registrado em janeiro (0,96%). A redução dos preços da batata-inglesa (-4,10%), do arroz (-1,61%) e do leite longa vida (-1,04%) ajudou a conter a inflação no setor.

Apesar da trégua, produtos tradicionais da mesa do brasileiro registraram inflação de dois dígitos em fevereiro. Foi o caso do ovo de galinha (15,39%) e do café moído (10,77%).

A alta do ovo é a maior desde o início do Plano Real. Já o avanço do café é o mais intenso desde fevereiro de 1999. O preço do café segue em trajetória de alta no IPCA desde janeiro de 2024.

De acordo com Fernando Gonçalves, do IBGE, problemas na safra têm impulsionado as cotações do café no mercado internacional.

No caso do ovo, três fatores influenciaram o aumento: a maior demanda devido ao retorno das aulas no país, o aumento das exportações por conta da gripe aviária nos Estados Unidos e os impactos do calor sobre a produção no Brasil. “O tempo quente afeta a produção dos ovos e o bem-estar das aves”, explicou o pesquisador.

 

Por Suzi Jarde

Confira as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram

 

Leia mais

Governo de MS ainda não decidiu se vai adotar medidas para conter alta dos alimentos

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *